É melhor ter uma fé imperfeita, mas humilde, diz o papa Francisco

Segundo o ACI Digital (24/04/2022), neste segundo domingo de Páscoa ou Domingo da Divina Misericórdia, o papa Francisco rezou a oração do Regina Coeli diante de milhares de fiéis presentes na praça de São Pedro no Vaticano, onde disse que “é melhor uma fé imperfeita, mas humilde, que sempre regressa a Jesus, do que uma fé forte, mas presunçosa, que nos torna orgulhosos e arrogantes”.

Da janela do Palácio Apostólico, o papa refletiu neste último dia da Oitava da Páscoa sobre a passagem de São João (cf. Jo 20,19-29), e se concentrou nos dois protagonistas, Tomé e Jesus.

Uma fé imperfeita

Segundo o papa Francisco, Tomé “nos representa a todos”, pois muitas vezes temos as mesmas dúvidas e raciocínios que o apóstolo, que duvidava da veracidade de Jesus Ressuscitado.

Mas não devemos nos envergonhar disso – continuou Francisco – ao nos contar a história de Tomé, de fato, o Evangelho nos diz que o Senhor não busca cristãos perfeitos”.

“Tenho medo quando vejo cristãos ou associações de cristãos que pensam que são perfeitos. O Senhor não busca cristãos perfeitos; o Senhor não busca cristãos que ostentam uma fé segura sem jamais duvidar”, disse Francisco.

Para o papa Francisco, “quando um cristão é assim, há algo errado”, e ele disse que a fé, assim como para Tomé, “é feita de luzes e sombras”.

Segundo Francisco, a fé “conhece momentos de consolação, impulso e entusiasmo, mas também de cansaço, perdição, dúvida e escuridão”.

“O Evangelho nos mostra a ‘crise’ de Tomé para nos dizer que não devemos temer as crises da vida e da fé. As crises não são um pecado, são um caminho, não devemos ter medo delas”, disse o papa.

“Muitas vezes elas nos tornam humildes, porque nos despojam da ideia de ter razão, de ser melhores do que os outros. As crises nos ajudam a reconhecer que estamos necessitados: despertam nossa necessidade de Deus e assim nos permitem retornar ao Senhor, tocar suas feridas, voltar a experimentar o seu amor, como fizemos da primeira vez”, continuou o papa.

“É melhor uma fé imperfeita, mas humilde, que sempre regressa a Jesus, do que uma fé forte, mas presunçosa, que nos torna orgulhosos e arrogantes”, disse ele.

Jesus sempre volta

Nesta linha, Francisco disse que “Jesus não se rende, não se cansa de nós, não se assusta com nossas crises e fraquezas. Ele sempre volta: quando as portas estão fechadas, ele volta; quando duvidamos, ele volta; quando, como Tomé, precisamos encontrá-lo e tocá-lo mais de perto, ele volta”.

“Jesus sempre volta, sempre bate à porta, e não volta com sinais poderosos que nos fariam sentir pequenos e inadequados, até mesmo envergonhados, mas com suas feridas; volta mostrando-nos suas feridas, sinais de seu amor que se casou com nossas fragilidades”.

Segundo Francisco, “especialmente quando sentimos cansaço ou momentos de crise, Jesus, o Ressuscitado, deseja voltar para estar conosco. Ele só espera que o procuremos, que o invoquemos, até mesmo que protestemos, como Tomé, levando a Ele as nossas necessidades e a nossa incredulidade”.

O papa disse que Jesus sempre volta “porque é paciente e misericordioso. Ele vem para abrir os cenáculos de nossos medos, de nossa incredulidade, porque ele sempre quer nos dar outra oportunidade”.

“Pensemos na última vez – lembremo-nos um pouco – quando, durante um momento difícil, ou um período de crise, nos fechamos em nós mesmos, nos refugiamos nos nossos problemas e deixamos Jesus fora de casa. E vamos prometer, da próxima vez, que em nosso cansaço vamos buscar Jesus, voltar a Ele, ao seu perdão. Ele sempre perdoa, sempre! Voltar a essas feridas que nos curaram”, disse o papa.

Finalmente, o papa falando sobre a Virgem, Mãe de Misericórdia, disse que “gosta de pensar nela como Mãe de Misericórdia na segunda-feira depois do Domingo de Misericórdia” e pediu que ela “nos acompanhe no caminho de fé e de amor”.

No final da oração do Regina Coeli, o papa saudou os participantes da extraordinária Marcha Perugia-Assisi pela Paz e Fraternidade, que aconteceu hoje (24), e “a todos aqueles que se uniram para dar vida a manifestações semelhantes em outras cidades italianas”.

O papa contou que “os bispos de Camarões e seus fiéis fazem hoje uma peregrinação nacional ao santuário mariano de Marianberg, para consagrar novamente o país à Mãe de Deus e colocá-lo sob sua proteção”.

“Rezemos em particular pelo regresso da paz ao país, que há mais de cinco anos, em várias regiões, foi dilacerado pelas violências. Elevemos também nós a nossa súplica, junto aos irmãos e irmãs de Camarões, para que Deus, por intercessão da Virgem Maria, conceda em breve uma paz verdadeira e duradoura a este amado país”.

A seguir, o Evangelho comentado pelo papa Francisco:

Leitura do Evangelho segundo São João (20, 19-31)

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”.

Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor.

Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”.

E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”.

Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!”

Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”.

Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”.

Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”.

Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!”

Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”

Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/e-melhor-ter-uma-fe-imperfeita-mas-humilde-diz-o-papa-francisco-85254

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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