Dois mil anos de Igreja

259486_3329“Tu és Pedro; e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja… e as portas do inferno jamais prevalecerão contra ela” (Mt 16,18).

Pela História da Igreja podemos ver com clareza a sua transcendência e divindade. Nenhuma instituição humana sobreviveu a tantos golpes, perseguições, martírios e massacres durante 2000 mil anos; e nenhuma outra instituição humana teve uma seqüência ininterrupta de governantes. Já são 265 Papas desde Pedro de Cafarnaum.

Esta façanha só foi possível porque ela é verdadeiramente divina; divindade esta que provém Daquele que é a sua Cabeça, Jesus Cristo. Ele fez da Igreja o Seu próprio Corpo (cf. Cl 1,18), para salvar toda a humanidade.

Podemos dizer que, humanamente falando, a Igreja, como começou, “tinha tudo para não dar certo”. Ao invés de escolher os “melhores” homens do Seu tempo, generais, filósofos gregos e romanos, etc., Jesus preferiu escolher doze homens simples da Galiléia, naquela região desacreditada pelos próprios judeus.

“Será que pode sair alguma coisa boa da Galiléia?” Isto, para deixar claro a todos os homens, de todos os tempos e lugares, que “todo este poder extraordinário provém de Deus e não de nós” (2Cor 4,7); para que ninguém se vanglorie do serviço de Deus.

Aqueles Doze homens simples, pescadores na maioria, “ganharam o mundo para Deus”, na força do Espírito Santo que o Senhor lhes deu no dia de Pentecostes. “Sereis minhas testemunhas… até os confins do mundo” (At 1, 8).

Pedro e Paulo, depois de levarem a Boa Nova da salvação aos judeus e aos gentios da Ásia e Oriente Próximo, chegaram a Roma, a capital do mundo, e ali  plantaram o Cristianismo para sempre. Pagaram com suas vidas sob a mão criminosa de Nero, no ano 67, juntamente com tantos outros mártires, que fizeram o escritor cristão Tertuliano de Cartago(†220) dizer que: “o sangue dos mártires era semente de novos cristãos”. Estimam os historiadores da Igreja em cem mil mártires nos três primeiros séculos.  Talvez isto tenha feito os Padres da Igreja dizerem que “christianus alter Christus” (o cristão é um outro Cristo), que repete o caminho do Mestre.

Mas estes homens simples venceram o maior império que até hoje o mundo já conheceu. Aquele que conquistou todo o mundo civilizado da época, não conseguiu dominar a força da fé. As perseguições se sucederam com os 12 Césares romanos: Décio, Dioclesiano, Valeriano, Trajano, Domiciano, etc…, até que Constantino, cuja mãe se tornara cristã, Santa Helena, se converteu ao Cristianismo. No ano 313 ele assinava o edito de Milão, proibindo a perseguição aos cristãos, depois de três séculos de sangue. E nem mesmo o imperador Juliano, por volta do ano 390, o apóstata, conseguiu fazer recuar o cristianismo, e no leito de morte exclamava: “Tu venceste, ó galileu!”.

O grande Império se ajoelhou diante de Cristo; a orgulhosa espada romana se curvou diante da Cruz.

A marca impressionante desta Igreja invencível e infalível, esteve sempre na pessoa do sucessor de Pedro, o Papa. Os Padres da Igreja cunharam aquela frase que ficou célebre: “Ubi Petrus, ibi ecclesia; ubi ecclesia ibi Christus” (Onde está Pedro, está a Igreja; onde está a Igreja está Cristo). Já é um cadeia de 266 Papas, ininterrupta. Jamais se viu isso em qualquer outra Instituição humana. Os Impérios acabaram: Egípcio, Babilônico, Caldeu, Persa, Grego, Romano, Mongol … mas a marcha inexorável da Santa Igreja continua.

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“Tu és Pedro; e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja… e as portas do inferno jamais prevalecerão contra ela” (Mt 16,18).

Depois da perseguição romana, vieram as terríveis heresias. Já que o demônio não conseguiu destruir a Igreja, a partir de fora, tentava agora fazê-lo a partir de dentro. De alguns patriarcas das grandes sedes da Igreja, Constantinopla, Alexandria, Antioquia, Jerusalém, e outras partes , surgiam as falsas doutrinas, ameaçando dilacerar a Igreja por dentro. Era o pelagianismo, o maniqueísmo, o gnosticismo, o macedonismo, nestorianismo, etc.. Mas o Espírito Santo incumbiu-se de destruir todas elas,  e o barco da Igreja continuou o seu caminho até nós.

Os grandes defensores da fé e da sã doutrina, foram os “Padres” da Igreja: Inácio de Antioquia (†107), Clemente de Roma (†102), Ireneu de Lião (†202),  Cipriano de Cartago(† 258), Hilário de Poitiers (†367), Cirilo de Jerusalém (†386), Anastácio de Alexandria (†373), Basílio (†379), Gregório de Nazianzo (†394), Gregório de Nissa (†394), João Crisóstomo de Constantinopla (†407), Ambrósio de Milão (†397), Agostinho de Hipona (†430), Jerônimo (420), Éfrem (†373), Paulino de Nola (†431), Cirilo de Alexandria (†444), Leão Magno (†461), e tantos outros que o Espírito Santo usou para derrotar as heresias nos diversos Concílios dos  primeiros séculos.

Cristo deixou a Sua Igreja na terra como “a coluna e o sustentáculo da verdade” 1Tm 3,15). Todas as outras comunidades cristãs foram  derivadas da Igreja Católica; as ortodoxas romperam em 1050; as protestantes em 1517; a anglicana, em 1534, etc.

Depois que desabou o Império Romano do ocidente, coube à Igreja o papel de mãe destes filhos abandonados nas mãos dos bárbaros. S.Leão Magno, Papa e doutor da Igreja, enfrentou Átila, rei dos hunos, às portas de Roma, e impediu que este bárbaro, o “flagelo da História”, destruísse Roma; o mesmo fez depois com Genserico. Aos poucos a Igreja foi cristianizando os bárbaros, até que o rei e a rainha dos francos, Clovis e Clotilde, recebessem o batismo no ano 500. Era a entrada maciça dos bárbaros no cristianismo. Nascia a França católica; “a filha mais velha da Igreja”. Papel importantíssimo nesta conquista lenta e silenciosa coube aos monges e seus mosteiros espalhados em toda a Europa, especialmente os beneditinos, que preservaram a cultura do Ocidente. A Igreja salvou o mundo da destruição dos Bárbaros.

Mais adiante, no Natal do ano 800, na Catedral de Reims, na França, o rei franco Carlos Magno era coroado pelo Papa. Também os bárbaros se rendiam à fé de Cristo. Isto foi possível graças aos milhares de evangelizadores que percorreram toda a Europa anunciando a salvação trazida por Jesus ao mundo.

Em toda a Idade Média imperou a marca do cristianismo na Europa. Aspirava-se e respirava-se a fé. Surgiram as Catedrais como a bela expressão da fé; as Cruzadas ao Oriente no zelo de libertar a Terra Santa profanada; as Universidades cristãs, Bolonha, Sorbonne, Oxford, Salamanca, Coimbra, La Sapienza, etc, todas fundadas pela Igreja de Cristo. A Igreja é a mãe da cultura e do saber no Ocidente.

Mas a fé sempre esteve ameaçada; nos tempos modernos levantaram-se contra a Igreja as forças do materialismo, do comunismo, do nazismo, do racionalismo e iluminismo ateu; e fizeram milhares de mártires cristãos, especialmente neste triste século vinte que há pouco findou.

Certa vez Stalin, ditador soviético, para desafiar a Igreja, perguntou “quantas legiões de soldados tinha o Papa”; é pena que não sobrevivesse até hoje para ver o que aconteceu com o comunismo. Mas a Igreja continua como nunca, até o final da História, quando Cristo voltará para assumir a Sua Noiva. Será as Bodas definitivas e  eternas do Cordeiro com a Sua  Igreja.

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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