Documento: ”Amanhecer” (Parte 2)

Passo nº 6: “Desenvolver
uma estrutura funcional”.

Isto quer dizer: é preciso
organizar o movimento dando-lhe um bom organograma, uma zelosa gerência e uma
solícita administração. Nos Atos dos Apóstolos, cap. 6, verifica-se que o surto
e a expansão da Igreja provocaram um problema de governo ou administração, que
foi logo resolvido mediante a instituição de novos servidores ou diáconos.
Muitos leigos deverão sair da sua inércia e tomar parte ativa na missão da
Igreja; isto será penhor de crescimento numérico e espiritual. Haja, por
exemplo, líderes para acompanhar o programa na sua globalidade, líderes para
coordenar comissões, supervisores dos programas de oração, guardas de arquivos
e estatísticas, promotores de publicações, organizadores de momentos de
recreação e lazer…

Passo nº 7: “Confiar na
oração e no poder do Espírito Santo”.

Há quem se preocupe com
números e com a sabedoria humana a ponto de esquecer a obra do Espírito Santo.
Ora isto é errôneo. Os programas bem sucedidos são precisamente aqueles que têm
sólido respaldo na oração. O livro dos Atos dos Apóstolos abona esta
verificação: para receber o Espírito Santo no dia de Pentecostes, cento e vinte
discípulos se prepararam pelo jejum e a oração (cf. At 1, 15; 2,1-4); assim
também receberam de Deus a graça da conversão de três mil pessoas no mesmo dia
(cf. At 2, 41).

A Aliança Cristã Missionária
concebeu o programa “Blanco 400”,
no qual havia uma Diretora Nacional de Oração, que era membro do Comitê
Executivo. Ela ajudou a organizar centenas de células de oração, que se
mantiveram muito vivas sob o seu estímulo. Dessas células saíram novos e novos
grupos de obreiros leigos dedicados à oração e ao trabalho.

Passo nº 8: “Manter os
membros do Movimento ativos e bem informados”.

Descobriu-se que é
importante publicar um informativo que noticie os resultados obtidos, os
progressos no curso da evangelização, o atendimento às orações. Ponham-se em
relevo as façanhas de homens e mulheres que obtiveram êxito notável na obra
missionária. Também se recomendam anuários portadores de fotografias,
marca-livros, agendas, cartazes… Faz-se, pois, necessário mostrar que de mês
a mês e de ano a ano a evangelização faz progressos. Nada há de mais
estimulante do que apresentar o êxito obtido até o momento presente.

Passo nº 9: “Treinar os
membros”.

Esta é uma tarefa
indispensável em todo programa de crescimento. Inclui o treinamento para fundar
igrejas, para pastoreá-las, para iniciar e cultivar, estudos bíblicos, para
formar líderes de pesquisa e análise, para animar grupos de oração, administrar
finanças, desenvolver comunicações, etc.

O treinamento pode ser
efetuado em escolas, Seminários, Jornadas apropriadas, de maneira formal e
informal.

Passo nº 10: “Estabelecer
normas financeiras prudentes”.

É claro que o crescimento de
uma comunidade cristã exige gastos extraordinários, que devem ser precisamente
avaliados de antemão. Freqüentemente haverá que transferir fundos destinados a
projetos de menos importância para atender aos desafiadores apelos da expansão
evangélica. Será necessário também recorrer à arrecadação de meios financeiros,
o que exigirá esclarecimento e doutrinação para que os crentes se disponham à
generosidade.

Passo nº 11: “Enviar
missionários”.

Uma comunidade que não
consiga expandir-se, deverá ser reforçada pelo envio de missionários de fora.
Isto significa que as diversas igrejas tenham os olhos abertos para as demais a
fim de poder atender às suas carências, quer nos bairros vizinhos, quer em
cidades distantes. A pregação deverá, para tanto, dar especial ênfase à índole
missionária do Evangelho, do qual cada crente é um representante.

Quando os Batistas conservadores
viram cair suas taxas de crescimento de 20% em 1974 para 12,1 e 12,8 nos anos
seguintes, tomaram consciência de que o programa de expansão corria perigo e
era necessário definir sérias providências a respeito. Daí o recurso a
missionários.

Passo nº 12: “Avaliar o
progresso regularmente”.

Só podemos aspirar a metas
realistas e concretas, se tomarmos o cuidado de averiguar a relação existente
entre as etapas da caminhada e os objetivos da evangelização. Os Batistas
conservadores nunca teriam superado o perigo de retrocesso que os ameaçava, se
não tivessem verificado que o seu êxito era frustrado; eles tinham uma meta
prefixada, matematicamente estabelecida, e averiguaram matematicamente que
estavam longe de tal objetivo foi isto que os alertou e levou a procurar
reforço.

Os líderes de cada programa
devem também estar abertos para os problemas que surjam na execução de cada um
dos treze passos aqui relacionados; procurem diagnosticá-los e resolvê-los,
utilizando, se for o caso, novas oportunidades e tendências da respectiva
comunidade.

A avaliação será feita em
circunstâncias muito oportunas se se lhe dedicarem dois ou três dias por ano,
em que os interessados se debruçarão conjuntamente sobre programas,
estatísticas, relatórios, observações, etc.

Passo nº 13: “Fazer novos
planos”.

Um dos aspectos mais
alvissareiros para o crescimento até o ano 2000 nas Filipinas é a sucessão de
programas de evangelização; mal se está terminando um, devidamente executado,
já se tem outro programa, ainda mais grandioso, pela frente.

Sejam recordadas as  atividades da Aliança Cristã Missionária:
executou o programa “Blanco 400”;
depois o programa “Blanco 100.000”,
que deu lugar ao projeto “Dois, dois, dois” – o que significa: 20.000 igrejas e
2.000.000 de membros para o ano 2000. Outros exemplos poderiam ser citados.

Em cada final de ano, ao se
avaliar o projeto de expansão em curso, devem-se traçar normas concretas para o
ano seguinte na base de tal avaliação. O mesmo ocorra ao cabo de cada
quinqüênio e de cada decênio de execução dos programas de expansão. Desta
maneira o evangelismo passa a ser parte integrante e dinâmica da vida das
comunidades, em vez de ser uma atividade esporádica ou rotineira.

Conclusão

O projeto AMANHECER, com
suas estratégias, interpela vivamente os fiéis católicos, pois neles deve
avivar o zelo missionário que Cristo incutiu a todos os seus discípulos desde
que estejam em comunhão com Pedro e a sucessão apostólica. Muito oportunamente
diz o CELAM: “A leitura e o estudo do projeto evangelista deve fazer que nós,
católicos, descubramos o fervor missionário daqueles que semearam a fé há quase
quinhentos anos na América Latina. Como diz o S. Padre, trata-se de impulsionar
uma nova evangelização” (ver p. 79 deste fascículo).

A nossa época não é pós-religiosa
ou não é época que rechance os valores religiosos. Muito pelo contrário; o
testemunho do protestantismo e das novas seitas nos transmite a certeza de que
o homem contemporâneo é sôfrego de valores transcendentais, pois as promessas
do cientificismo, do progresso material e da técnica têm falhado; deixam o
cidadão de nossos dias frustrado, a braços com sérias crises, das quais a mais
grave é a do sentido da vida. Saber por que e para quem alguém vive é
necessidade premente e incontornável de todo ser humano; ora o materialismo não
atende adequadamente a tais anseios, pois as suas promessas são mesquinhas de
mais para o homem feito com abertura para o Infinito. Somente os valores religiosos
podem preencher cabalmente as lacunas do ser humano. Daí a oportunidade que se
oferece à Igreja Católica para pregar o Evangelho com a garantia dada por
Cristo: “Estarei convosco até a consumação dos séculos” (Mt 28, 20).

É claro que a pregação da
Boa-Nova e os métodos missionários hão de assumir as formas mais apropriadas para
falar ao homem de hoje sem prejuízo para o seu conteúdo doutrinário e também
sem cair no proselitismo constrangedor; hão de recorrer aos meios de comunicação
modernos, que se tornaram habituais entre os homens, as cidades e os países de
nossos tempos. Não pode haver timidez a tal propósito. Pregar o Evangelho com
eficácia e eloqüência é não somente ato de obediência ao Senhor Jesus, mas também
diz a antiga sabedoria grega (a caridade manda que transmitamos aos nossos irmãos
todas as coisas boas, entre as quais sobressai a Boa-Nova de Cristo).

Possam, pois, os sinais dos
tempos atuais ser apreendidos devidamente pelos fiéis católicos, que assim se
deixarão renovar em seu zelo missionário, “a fim de que o mundo creia” (Jo
17,21)!

 

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¹ Proselitismo é a conquista
de adeptos mediante promessas e benefícios temporais. Isto constrange o próximo
indignamente – (Nota do Tradutor).

¹ Não históricas significa recentes
ou contemporâneas. Alusão às denominações protestantes que se vêem
multiplicando nos últimos tempos (Nota do Tradutor).

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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