Dia mundial das missões

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A Igreja celebra no penúltimo domingo de outubro o Dia Mundial das Missões. As missões envolvem todas as atividades de evangelização, de todas as espécies, desde a catequese das crianças e jovens, até a evangelização daqueles que nunca ouviram falar de Jesus Cristo, da Igreja e dos Evangelhos.

A Igreja é essencialmente missionária. Cristo a instituiu para evangelizar:

“Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos…” (Mt 28,19-20). Cristo a enviou para evangelizar todas as nações, até Ele voltar. O Pai enviou o Filho, e Jesus enviou a Igreja para completar a Sua missão de salvar a humanidade.

“Pequeno rebanho, não temas, foi do agrado do Pai dar-vos o reino” (Lc 12,32).

“Quem vos ouve a Mim ouve, quem vos rejeita a Mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita Aquele que me enviou” (Lc 10,16).

“Como o Pai me enviou assim também eu vos envio” (Jo 20,21).

“Como tu me enviaste ao mundo também eu os enviei ao mundo” (Jo 17,17).

“Em verdade, em verdade, eu vos digo: quem recebe aquele que eu enviar, a mim recebe, e quem me recebe, recebe aquele que me enviou” (Jo 13,20).

Se a Igreja deixar de evangelizar ela deixa de ser a Igreja, como Cristo a quis. Explica bem isto o documento do Concílio Vaticano II, na “Ad Gentes”: “A Igreja peregrina é por sua natureza missionária. Pois ela se origina da missão do Filho e da missão do Espírito Santo, segundo o desígnio de Deus Pai” (AG, 2).

E o fim último da missão da Igreja – explica o Catecismo – “não é outro senão fazer os homens participarem da comunhão que existe entre o Pai e o Filho no seu Espírito de amor” (n. 850).

No final do Sínodo dos Bispos de 1974, em Roma, sobre a Evangelização, eles disseram: “Nós queremos confirmar, uma vez mais ainda, que a tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja” (LR, 27/10/74, pag. 6).

Ao terminar este Sínodo, que foi um marco para a Igreja, o Papa Paulo VI escreveu a célebre Exortação Apostólica “A Evangelização no Mundo Contemporâneo” (Evangelii Nuntiandi, EN), que o Papa João Paulo II chamou de “Carta Magna da Evangelização”, e a indica como referência fundamental para a Nova Evangelização.

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Qual é a nossa missão?

Nesta Carta o Papa Paulo VI diz:

“Evangelizar, constitui; de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar, ou seja, para pregar e ensinar, ser o canal do dom da graça, reconciliar os pecadores com Deus e perpetuar o sacrifício de Cristo na Santa Missa, que é o memorial da sua Morte e Ressurreição” (EN, 14).

Talvez ninguém melhor do que São Paulo tenha expressado a missão de todo cristão:

“Anunciar o Evangelho não é glória para mim, é uma obrigação que se me impõe. Aí de mim, se eu não anunciar o Evangelho! Se o fizesse de minha iniciativa, mereceria recompensa. Se o faço independentemente de minha vontade, é uma missão que me foi imposta” (1Cor 9,16-17).

Jesus chama cada cristão a evangelizar:

“Não fostes vós que me escolheste, mas eu que escolhi a vós e vos constituí para que vades e produzais frutos…” (Jo 15,16). Cada batizado, na medida do possível, precisa evangelizar. A motivação deve ser a mesma de Jesus, que deixa 99 ovelhas no aprisco e vai buscar a ovelha perdida, porque “haverá muita alegria no céu por um pecador que se converte”.

“Vinde após Mim e vos farei pescadores de homens” (Mt 4,19).

São Paulo ensina que a “fé vem pela pregação”, daí a sua importância, já que a fé é condição para a salvação.

“Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar, se não houver quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados como está escrito: Quão formosos são os pés daqueles que anunciam a boa nova” (Is 52,7), (Rom 10,14-15).

“Portanto, se com tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e se em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. É crendo de coração que se obtém a justiça, e é professando com palavras que se chega à salvação” (Rom 10,9-20).

Em resumo, diz o Apóstolo:

“Logo, a fé provém da pregação, e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo” (v.17).

O mesmo São Paulo insistia com os seus companheiros de evangelização, Timóteo e Tito sobre isto:

1Tm 4,1s: “Eu te conjuro… prega a palavra, insiste oportuna e importunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir. Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação”.

Por tudo o que foi dito até aqui, entendemos o que o Código de Direito Canônico afirma:

“Todos os fiéis têm o direito e o dever de trabalhar, a fim de que o anúncio divino da salvação chegue sempre mais a todos os homens de todos os tempos e de todo o mundo” (CDC,cân.211).

Todos, sem exceção, somos chamados a evangelizar. Hoje, mais do que nunca o Papa nos convoca a todos a uma Nova Evangelização.

Se a missão da Igreja é evangelizar, a sua vocação é a santidade. As duas realidades estão ligadas. O Papa São João Paulo II disse que “a santidade é a força mais poderosa para levar Cristo ao coração dos homens”. De fato, os santos foram os maiores evangelizadores da Igreja. Eles abalaram o mundo. Basta conhecer o que fizeram, por exemplo, São Francisco, Santo Inácio de Loyola, Santo Agostinho, São Bento, São João Bosco, São Domingos de Gusmão, etc.. Nenhum deles usou carro, avião, microfone, rádio e Tv; mas alcançaram o mundo, porque a sua força era o próprio Cristo na alma.

Uma vida de intimidade com Jesus, na oração, na meditação, nos sacramentos, na Palavra de Deus, nos jejuns e nas vigílias, era a força invencível que os levava para frente. Isto nos leva a refletir que a mídia eletrônica é importantíssima para a evangelização; mas, atrás é preciso haver alguém que, acima de tudo, tenha uma vida interior e a busca da santidade.

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Jesus deixou claro: “Sem Mim nada podeis fazer” (João 15,5); isso é verdade especialmente na evangelização, cujos obstáculos são enormes. Só Cristo pode mover os corações com Sua graça para que os homens o aceitem como seu Senhor e Salvador. A evangelização não é simplesmente uma tarefa natural, mas sobrenatural; é uma “guerra espiritual” que não pode ser vencida sem Deus. São Paulo deixou claro aos efésios: “Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares” (Ef 6,12).

Nesta tarefa a Igreja conta com Nossa Senhora, a “Estrela da Evangelização”, como disse Paulo VI. São João Paulo II disse em sua homilia em 1980, aqui em Aparecida:

“A Igreja tem os olhos sempre voltados para aquela que, permanecendo virgem, gerou, por obra do Espírito Santo, o Verbo feito carne. Qual é a missão da Igreja senão a de fazer nascer o Cristo no coração dos fiéis, pela ação do mesmo Espírito Santo, através da evangelização? Assim, a “Estrela da Evangelização”, aponta e ilumina os caminhos do anúncio do Evangelho”.

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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