Deus vingativo no Antigo Testamento?

Reading the Torah

Deus não é vingativo no Antigo Testamento, mas é Pedagogo, vai educando um povo “de dura cerviz”. Há nesses livros muitas expressões de amor recíproco entre Deus e a criatura humana.

A Redação de PR recebeu a seguinte pergunta:

Como é possível que no Antigo Testamento Deus seja um Deus vingativo?

Respondemos: é inadequado ter Deus como vingativo, pois, por definição, Ele é justo e santo. Deus era, sim, um Pedagogo que educava um povo “de dura cerviz”. Notam-se, ao lado das censuras e punições, palavras muito temas de amor recíproco entre Deus e o homem no Antigo Testamento mesmo.

Pai e Mãe

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Oséias (11,1-4) apresenta Deus como o mais terno dos pais: quando Israel era criança, Deus lhe dedicou seu amor, ensinou-lhe a caminhar, tomou-o em seus braços e lhe proporcionou todo tipo de cuidados: “Com vínculos humanos eu os atraía, com laços de amor, eu era para eles como os que levantam uma criancinha contra o seu rosto; eu me inclinava para ele e o alimentava” (Os 11,4). O povo, porém, tornou-se infiel, mais Iahweh não o abandonará definitivamente: “Meu coração se contorce dentro de mim, minhas entranhas comovem-se” (Os 11,8).

Em Isaías, Deus aparece mesmo como terna mãe, num texto de grande significado:

Is 49,15: “Por acaso uma mulher se esquecerá de sua criancinha de peito? Não se compadecerá ela do fruto do seu ventre? Ainda que as mulheres se esquecessem, eu não me esqueceria de ti”.

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Muito amado

O Antigo Testamento não é o regime da justiça apenas ou do Deus justiceiro (…). Há belas manifestações de amor dos homens a Deus principalmente na oração. Deus aí aparece como o referencial muito amado dos orantes.

Sl 73,15s: “Quem teria eu no céu? Contigo, nada mais me agrada na terra. Minha carne e meu coração podem-se consumir. A rocha do meu coração, a minha porção é Deus para sempre!”

Sl 18,2: “Eu te amo, Iahweh, minha força. Meu Salvador, Tu me salvaste da violência”.

Sl 116,1s: “Eu amo a Iahweh, porque Ele ouve minha voz suplicante. Ele inclina seu ouvido para mim no dia em que O invoco”.

Sl 119,77: “Que tua misericórdia venha a mim, e viverei, pois tua lei são as minhas delícias”.

Sl 42,2s: “Como a corça bramindo por águas correntes, assim minha alma está bramindo por Ti, ó meu Deus. Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo”.

A Face do Deus que ama e é amado, se tornaria mais lúcida ainda na plenitude dos tempos, quando no rosto de Cristo Jesus brilhou o amor do Pai. Este “tanto amou o mundo que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

D. Estevão Bettencourt, osb
Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
Nº 495 – Ano: 2003 – p. 427

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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