Cristofobia na Espanha, Escócia,Grã Bretanha…

É
necessário que os fiéis sejam  alertados perante quem deseja reconstruir a
sociedade de uma forma que excluiria o cristianismo. Esta foi a advertência
contida na homilia do arcebispo britânico Vincent Nichols.

O
arcebispo de Birmingham, que celebrava missa na Catedral de St. Chad’s, explicava que Cristo ensinou a importância de ser testemunhas da
verdade. «Seu testemunho esclarece nossa tarefa como sociedade», afirmava o
prelado. Construir tal sociedade, acrescentava, é «uma empresa moral sem
ambigüidades».

Não
obstante, continuava o arcebispo católico, muitos desejam hoje construir uma sociedade que exclua a moral e reduza todo juízo ao que é legal.
«É processo da democracia secular em nosso país neste momento, enquanto se pede que se atue
sem interesses e de forma moralmente neutra, está imerso de fato em uma reestruturação intensa e em ocasiões agressivas de nosso marco moral», observava o Monsenhor Nichols. Também se queixava de que o governo britânico esteja tentando impor à Igreja «condições que contradizem nossos valores morais». Isso implica
áreas como as escolas, as agências de adoção e os programas sociais.

A
homilia do arcebispo atraiu a atenção da imprensa britânica. Prossegue o duro
debate sobre a formulação da legislação que estipularia como se penalizam as
organizações cristãs
por não aceitar plenamente a homossexualidade.

Se
as propostas do governo seguem adiante, a Igreja anglicana pode ver-se forçada
a fechar seus clubes de jovens e suas organizações de caridade, advertia o
bispo anglicano de Rochester, Michael Nazir-Ali. «Serão os pobres e os
indigentes os perdedores», eram suas palavras citadas pelo Daily Mail em 29 de
novembro. O prelado anglicano também expressou seu apoio ao declarado pelo
arcebispo Nichols em sua recente homilia.

As
cruzes excluídas

A
exclusão do cristianismo também foi destacada em uma controvérsia sobre a
decisão da companhia aérea British Airways de pedir a uma de suas trabalhadoras
que não leve uma cruz no pescoço. Pediu-se a uma funcionária do setor de
check-in, Nadia Eweida, que ocultasse seu colar com uma cruz, informou em 14 de
outubro a BBC.
Sua cruz infringia supostamente a proibição de símbolos religiosos da British Airways. No entanto, tão logo se viu que a companhia aérea permitia
usar os turbantes dos sijs e as vestes típicas dos muçulmanos.
O tema levantou debates durante algumas semanas, durante as quais Eweida foi
obrigada a trabalhar com uma permissão. Em 20 de novembro British Airways lhe
afirmou que havia tomado a decisão final de recusar seu apelo de levar a cruz,
informou no mesmo dia a BBC.

A
decisão atraiu duras críticas. O arcebispo anglicano de York, John Sentamu, denunciou que era algo «sem sentido», informava em 21 de
novembro no Daily Mail. «Usar uma cruz não é somente o símbolo de nossas esperanças, mas também a responsabilidade de atuar e viver como cristãos», indicou.

Em
20 de novembro o Daily Mail informava que 92 membros do parlamento britânico assinaram uma moção condenando a decisão da companhia
aérea. Os firmantes provêm de todos os principais partidos. Dado que continuaram os protestos, a British Airways se retratou e anunciou que permitiria a seus trabalhadores usar pequenas cruzes, informou
em 25 de novembro o Times.

Cruzada
nas universidades

O
debate sobre o papel do cristianismo também surgiu nos campus. As organizações
cristãs estão preparando ações legais contra as autoridades universitárias,
informava em 18 de novembro o Times.
As associações de estudantes em quatro universidades têm proibido os grupos
cristãos porque os acusa de excluir os não cristãos e promover o ódio aos
homossexuais. A Universities and Colleges Christian Fellowship, uma
organização que abriga 350 uniões estudantis na Grã-Bretanha com mais de 20.000
estudantes, afirmou que seus membros enfrentam uma luta «sem precedentes» em
seus 83 anos de história, informou o periódico.
Alarmados pela ameaça aos cristãos nos campus, alguns líderes religiosos,
incluindo oito bispos anglicanos e católicos, escreveram uma carta ao Times, publicada em 24 de novembro.

Sustentavam
que, ainda que os organismos universitários tenham a responsabilidade de
assegurar que as sociedades reconhecidas oficialmente atuam de forma apropriada
e leal, «isto não lhes dá, nem a ninguém, o direito a restringir ou mudar as
crenças essenciais de ditas sociedades, ou impor como líderes pessoas que não
compartilham suas crenças essenciais».
As universidades escocesas também estão apresentando problemas aos cristãos.
AUniversidade de Edimburgo proibiu a União Cristã de ministrar um curso sobre
abstinência no campus, informou o periódico Scotland on Sunday no dia 19
de novembro.

As
autoridades universitárias sustentaram que os conteúdos do curso contrariam «as
normas de igualdade e diversidade», depois de escutar histórias de pessoas que
haviam sido «curadas» de sua homossexualidade. «A universidade está se fechando
de forma eficaz à liberdade de expressão», protestava Laura Stirrat,
vice-presidente da União Cristã da Universidade de Edimburgo.

Os
colégios católicos da Escócia também têm recebido ataques, informava o
periódico Scottish Herald em 27 de novembro. Peter Quigley, presidente do
Instituto de Educação da Escócia, um sindicato de professores, afirmou que a
lei que permite aos representantes da Igreja bloquear a contratação de
professores segundo argumentos de crenças religiosas ou caráter discrimina os
não católicos. O artigo observava que os comentários do líder do sindicato
tiveram lugar somente uns meses depois de que um tribunal de trabalho ditasse
que um ateu sofreu discriminação religiosa porque não se lhe permitiu que se
apresentasse a um posto de promoção em um colégio católico em Glasgow. Como
resultado David McNab recebeu 2.000 libras (3.900 dólares) como compensação.

Cristofóbicos

Em
meio a estas múltiplas controvérsias, o cardeal Cormac Murphy-O’Connor publicou
um artigo em 25 de novembro no Times, perguntando se a sociedade britânica
está se voltando contra a religião.

O
arcebispo de Westminster insistia na necessidade de «um diálogo e cooperação
respeitosos» entre cristãos, membros de outras crenças, agnósticos e laicistas.
«O multiculturalismo grosseiro que não consegue apreciar a base de cultura da fé», defendia, «nos conduz para longe da coesão social».
«Estou me cansando da piada de quem parece ver as comunidades de fé, especialmente as cristãs, como intrusas e contrárias ao bem comum», acrescentava o cardeal. «Os rotulava de cristofóbicos».

Estão-se
gerando novas controvérsias. Em 26 de novembro, o periódico Telegraphde
Londres informava que um magistrado cristão, Andrew McClintock, empreenderia
ações legais contra o governo.  Sustenta que foi forçado a renunciar seu
papel de proporcionar às crianças cuidados devido a sua convicção religiosa de
que a homossexualidade é imoral. McClintock afirma que se viu obrigado a
presidir casos que implicava pais homossexuais. Sustenta que isso constitui
discriminação contra suas crenças. McClintock, de 62 anos, foi magistrado no South
Yorkshire Benchdurante 18 anos e esteve em sua seção dedicada à família nos
últimos 15 anos.

Sem
lugar para o Menino Jesus

A
Grã-Bretanha, supostamente, não é o único país sacudido por debates sobre o
cristianismo. Os funcionários da cidade de Chicago receberam duras críticas por
sua decisão de proibir um video-clip do filme «Jesus – A História do
Nascimento». As cenas seriam mostradas no Christkindlmarket, um festival de
Natal que tem lugar naDaley Plaza, informava em 29 de novembro em Chicago Tribune. Jim
Law, diretor executivo da cidade para eventos especiais, afirmou que mostrar as cenas do filme seria «insensível para muitas pessoas de crenças diferentes», que assistem ao
festival. Os funcionários permitem, no entanto, que estejam na praça a meia lua
islâmica e a menorah judia, junto à apresentação de Natal, observava o Tribune.

A
Espanha também está afetada. Um colégio público de Zaragoza proibiu o
tradicional festival de Natal, informava em 29 de novembro o periódico ABC.
As autoridades escolares tomaram a decisão devido à presença de estudantes de outros credos e culturas. Os cristãos, como o Menino Jesus, não são bem-vindos em muitos lugares.

por Pe.
John Flynn

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
Adicionar a favoritos link permanente.