Cardeal
Naguib comenta nova situação política do país
CAIRO,
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org) – Os
protestos das últimas semanas, no Egito, têm manifestado a união dos cidadãos,
independentemente de suas diferenças, até mesmo religiosas.
Quem o
comenta é o cardeal Antonios Naguib, patriarca católico de Alexandria dos
Coptas (Egito), em um comunicado enviado à edição de ZENIT em árabe, no qual
reflete sobre a nova situação política no país após a renúncia do presidente
Hosni Mubarak.
No texto, o
patriarca afirma que “a Igreja Católica egípcia se une a todos os cidadãos
leais do Egito para dar graças ao Deus Todo-Poderoso pelo maravilhoso êxito que
concedeu aos valentes jovens a partir do movimento ’25 de janeiro’, do qual
participaram todos os cidadãos leais, com a presença pessoal, o envolvimento
emocional ou a oração ao Todo-Poderoso pelo bem do amado Egito, assim como com
o acompanhamento das notícias com grande expectativa, temor e esperança”.
O prelado
sublinha que se esperava “uma mudança gradual, baseada em normas
constitucionais”, mas que “a vontade dos jovens tem determinado o
rumo dos acontecimentos”.
“Estamos
certos de que todas as expectativas serão cumpridas, se Deus quiser –
acrescenta. O Egito escreve sua história há 7.000 anos, com letras de luz e de
fogo, e agora está brilhando com um novo esplendor.”
A
experiência destes últimos dias, explica, “produziu uma realidade que
esteve ausente por um longo tempo, ou seja, a unidade dos cidadãos, velhos e
jovens, cristãos e muçulmanos, sem distinção ou discriminação” na ação
“pelo bem do Egito e pela segurança do país”.
“Temos
certeza de que esses sentimentos que reinaram nos corações durarão para o
futuro próximo e distante”, acrescenta.
Reconhecimento
O patriarca
Naguib diz que é necessário agradecer “as multidões de jovens patriotas,
que proporcionaram a faísca da qual saiu este movimento, que se tornou um
vulcão e uma erupção que não pode deter-se e que reuniu todas as forças que
rejeitam a situação negativa que controlou o país durante tanto tempo, ansiando
por um futuro melhor e mais otimista para os egípcios, unindo-se em torno de
uma única causa, que é o amor pelo Egito e pela dignidade dos seus
cidadãos”.
Depois,
presta homenagem às “almas dos mártires que deram suas vidas pelo
amanhecer deste dia histórico”, desejando que Deus “tenha
misericórdia deles, unindo-os aos justos e dando consolo e paz às suas
famílias”.
“Nós
também oramos para que os feridos possam se recuperar e para que as vítimas de
violência e do vandalismo possam reconstruir o que foi perdido ou
destruído”, acrescenta.
Da mesma
forma, agradece a “todos aqueles que contribuíram para a defesa das pessoas
e dos bens públicos e privados neste momento crítico: os comitês populares, as
forças armadas e forças de segurança”.
Perspectivas
futuras
Para o
patriarca, “chegou a hora de uma ação séria, comprometida e decisiva, para
que o Egito esteja na vanguarda do âmbito social, econômico e político, e que
brilhe novamente sua civilização profundamente arraigada, que iluminou o mundo
durante séculos”.
“Com
todos os egípcios, desejamos que realizem rapidamente o que foi declarado pelo
Conselho Supremo das forças armadas, ou seja, a reconstrução da nação sobre
bases constitucionais justas.”
“Queremos
que o Egito encontre seu lugar entre as nações modernas”, sublinha,
pedindo “um país democrático, baseado nas leis, na igualdade e na justiça,
que respeite a liberdade e a dignidade fundamentadas na cidadania e permita a
participação de todos.”
O patriarca
também deseja que o país “consiga o que os analistas, políticos e
intelectuais pediram para evitar divisões”.
“Os
egípcios leais estão dispostos a realizar qualquer esforço pelo bem da nação
amada. A Igreja Católica, com todas as suas instituições, trabalhará com eles
na reconstrução e prosseguirá neste caminho rumo a um futuro melhor.”
“Que
Deus defenda o Egito e seus governantes, e possa inspirá-los para o bem do
país, para o presente e para o futuro”, conclui.