Jean-Marie Lé Méne
Doutor em medicina. Presidente da Fundação Jerôme Lejeune.
[Resumo]
Na mesma linha da manipulação da opinião pública através do uso de uma linguagem ambígua para fins utilitaristas, pode-se classificar a interrupção médica da gravidez (IMG). De fato, já no fim dos anos sessenta o eufemismo “interrupção voluntária da gravidez” (IVG) se substitui ao termo aborto, quando o procedimento, no contexto de reivindicação dos direitos da mulher é legalizado em caso de perigo para a mulher; expressão utilizada de modo genérico quando não se encontra nenhuma razão objetivamente justificável. A mesma tolerância para o mesmo procedimento se mascara sob outro eufemismo, a interrupção terapêutica da gravidez (ITG), quando as indicações para justificar a intenção estão centradas não mais sobre a mulher, mas, sobre a criança doente ou deficiente. Em seguida, quando se trata da interrupção médica da gravidez (IMG), não há nem mesmo a necessidade de pôr um limite de extensão no tempo durante a gravidez, para abortar. Ademais, o recurso ao IMG exige a participação dos médicos, os quais, para evitar a todo custo qualquer tipo de sofrimento à paciente, que deve fazer uma escolha tão difícil, tomam eles mesmos a iniciativa de decidir sobre a sorte destes fetos.
Atrás destas justificativas, escondem-se motivos sócio-econômicos no plano da coletividade. Também os meios diagnósticos prestam-se a justificar tais práticas.
O caso clássico é aquele do diagnóstico pré-natal (DPN) para justificar o IMG, em substância o aborto, como meio de prevenção do nascimento dos trissômicos do 21 (síndrome de Down), que o consenso e a aprovação coletiva decidiram eliminar É uma situação que faz pensar na triste história da eugenia nazista. A autojustificação se estendeu até o ponto de distinguir eugenia criminosa, de massa, da eugenia médica clínica, individual, que seria mais aceitável, evidentemente não na base do objeto do ato, mas segundo a intenção, por motivos utilitaristas e para acalmar a consciência das pessoas. Assim, eliminando a wrongfu llife (“vida injusta”), elimina-se o valor da própria vida e da pessoa. Agora, a criança é intercambiável e seus atributos podem ser modificados no início da sua vida, para satisfazer certos critérios e projetos dos pais ou da sociedade. Até seu corpo é substituído e suas células utilizadas para fins utilitaristas, com a experimentação sobre os embriões. Práticas moralmente inúteis e inutilmente imorais!
(Dignidade do embrião humano; Interrupção voluntária da gravidez; Maternidade sem riscos; Procriação assistida e FIVET; Status jurídico do embrião humano; Vida e escolha livre: “pro choice”).
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Leia o texto integral, entre outros, em Lexicon: termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas, Pontifício Conselho para a Família, Edições CNBB.