Sérgio Balardinelli
Professor de sociologia dos processos culturais na Faculdade de Ciências Políticas da Universidade de Bolonha e em várias universidades italianas e de outros países. Foi bolsista na Alexander Von Humboldt Stiffung da Universidade de Munique. Numerosas publicações.
[Resumo]
A expressão “família tradicional” é hoje frequentemente utilizada em contextos onde se quer aprovar diversas formas de união, particularmente a união homossexual. Na verdade, a expressão enuncia antes um pleonasmo, já que, segundo afirmam os antropólogos mais autorizados, a instituição familiar fundada no matrimônio monogâmico e heterossexual é atestada em todas as sociedades humanas. Na verdade, os modelos de organização da família apresentam uma real diversidade, mas, para além de tal diversidade, encontramos um núcleo constante: a família se reduz sempre à união estável de um homem e de uma mulher que se amam e projetam transmitir a vida. O termo família é, portanto, unívoco, isto é, tem um só significado aceitável, já que reenvia a uma instituição natural atestada universalmente, antes e fora do cristianismo. Tal instituição parece estar hoje em debate: a família dependeria de um paradigma ultrapassado, de um saber pertencente a uma outra época. Seria, talvez, uma curiosidade histórica ou um produto cultural destinado a ser superado. A expressão “família tradicional” deve, pois, ser usada com sutileza, já que colabora a desvalorizar a instituição natural que pretende designar. Com um transfert semântico enganoso, esta expressão pode ser aproveitada para beneficiar outros tipos de união, cujo estatuto deve continuar a ser reservado à família, que é monogâmica e heterossexual.
(Família ampliada; Família ou personalismo; família monoparental; Família reconstruída: Maternidade e feminismo; Novos modelos de família; Patriarcado e matriarcado)
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Leia o texto integral, entre outros, em Lexicon: termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas, Pontifício Conselho para a Família, Edições CNBB.