Conselho Pontifício para a Família: Família e Clonagem

Alfonso Lópes Trujillo

Cardeal. Doutor em filosofia. Doutor honoris causa em várias universidades. Ministrou aulas de filosofia, psicologia e patrística. Foi presidente do Pontifício Conselho para a Família, do CELAM, bispo auxiliar de Bogotá, arcebispo de Medellin, entre outros cargos. Várias publicações.

[Resumo]
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A clonagem apresenta sérios questionamentos sobre a família. Este estudo interdisciplinar analisa os problemas científicos, antropológicos e éticos que a colocam em questão. A origem natural da pessoa humana é um ato de doação livre e pessoal: na clonagem, ao contrário, há a substituição técnica da paternidade responsável, a eliminação da dignidade da pessoa, da filiação e a negação da família. A distinção equivocada entre clonagem reprodutiva e terapêutica está fundamentada exclusivamente na finalidade que se dá aos embriões clonados. Na primeira se visa o nascimento dos embriões, enquanto que, na segunda, os embriões são usados para obtenção de células-tronco embrionárias. De fato, há uma continuidade objetiva entre a clonagem reprodutiva e a terapêutica, uma vez que em ambas se dá a produção de embriões. Não existe distinção moral substancial entre ambas. Todavia, enquanto a clonagem reprodutiva tem sido condenada por grande parte da comunidade cientifica internacional, a clonagem terapêutica espera ser aprovada em alguns estados. A clonagem de seres humanos apresenta numerosos problemas de ordem científico-técnica e restrições de ordem ética. Muitos cientistas têm dúvidas sobre a viabilidade atual da clonagem reprodutiva, pelos graves erros possíveis no processo de reprogra- mação genética do núcleo transferido, além da eliminação arbitrária da hereditariedade unitiva, bem como da tendência eugenética implícita, a sabe1; selecionar aqueles seres vivos clonados que possuem ótimos caracteres, com a finalidade de melhorar a raça ou evitar doenças.
A clonagem apresenta-se erroneamente como único meio para obtenção de células-tronco, embora esteja comprovado cientificamente o contrário e a obtenção de células-tronco de adulto não coloque os problemas éticos das células-tronco embrionárias, cuja obtenção passa necessariamente pela destruição do embrião. Seis objeções éticas e antropológicas podemos apresentar contra a clonagem humana: 1) a inegável probabilidade do caráter humano dos embriões obtidos mediante a clonagem (descartando-se a distinção errônea entre embrião e pré-embrião); 2) a conseqüente dignidade do embrião humano produzido mediante a clonagem; 3) sua dignidade já desde a fase unicelular; 4) a personalidade do embrião, independente da intenção subjetiva das técnicas de clonagem; 5) a desumanidade da produção e da consequente destruição do embrião na clonagem terapêutica; 6) a oposição da clonagem humana à dignidade da família, uma vez que o quadro natural do processo procriador é completamente anulado e substituído. Conclusão: são consideráveis as dificuldades técnicas e as restrições éticas que apresenta a clonagem; além disso, estas se baseiam numa concepção antropológica da pessoa humana, da sexualidade e da família bem determinada. Corresponde aos Estados e às autoridades públicas tomar consciência da gravidade do problema, do crime que supõe a clonagem tanto reprodutiva como terapêutica e do perigo que apresentam para a humanidade.
 
(Dignidade do embrião humano; Genoma e família; Novos modelos de família; Seleção e redução embrionária; Status jurídico do embrião humano).

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Leia o texto integral, entre outros, em Lexicon: termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas,  Pontifício Conselho para a Família, Edições CNBB.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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