Células Adultas

Agência
FAPESP – Qual o melhor tipo de célula-tronco? Quantas e quando
devem ser administradas? Qual a melhor via de administração: intra-arterial,
intravenal ou intracerebral? Essas e outras questões foram discutidas no
segundo dia do Congresso em Células-Tronco e Terapia Celular, no Rio de
Janeiro.

Em novembro,
no Rio, uma mulher se recuperou de derrame cerebral depois de submetida a um
transplante de células-tronco. O pesquisador Gabriel de Freitas, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um dos responsáveis pela
experiência, foi quem iniciou a série de conferências de quinta-feira (2/12),
falando sobre o tema “Terapia Celular em pacientes com derrame”.

“Ainda é
cedo para dizer que a recuperação da paciente se deve ao transplante, pois já
houve casos semelhantes sem que células-tronco tivessem sido usadas. O que
queremos ver é se as células são seguras, isto é, se não irritam o cérebro ou
causam algum sangramento. Os resultados até agora mostram segurança, pois a
paciente não apresentou atividade anormal no eletroencefalograma”, explicou.

O
transplante foi feito três dias depois de a paciente ter sofrido o acidente
vascular cerebral (AVC). A equipe primeiramente verificou se a artéria estava
aberta e fez, então, uma punção da medula. As células foram purificadas para
identificar o componente que tinha maior concentração de células-tronco
hematopoéticas. Esse componente foi injetado na artéria femoral até a artéria
cerebral média, onde houve o AVC.

Existem
discussões a respeito da melhor via de administração desse tipo de transplante
– no caso em questão foi intra-arterial -, e de qual seria o melhor tipo de
células-tronco a usar, se embrionárias ou adultas. Segundo Freitas, as
autólogas são mais seguras do que as embrionárias, pois essas últimas podem ser
rejeitadas pelo sistema imunológico do paciente. As células autólogas não
oferecem risco de rejeição, uma vez que foram retiradas do próprio paciente.
Quanto à quantidade ideal de administração das células, o pesquisador é
cauteloso: “Ainda não sabemos”.

Diabetes

“Células
adultas e embrionárias como fonte de células beta para transplante de pacientes
de diabetes tipo 1” foi o tema apresentado por Anna Carla Goldberg, professora
do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP). Embora o trabalho
da equipe de Anna seja direcionado ao tratamento do mesmo tipo de diabetes que
os trabalhos de Julio Voltarelli, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto,
também da USP, as estratégias são diferentes.

“Existe uma
tentativa de pegar células-tronco com CD 34 positivo (hematopoéticas), e
transplantá-las em tempo hábil (até seis semanas de diagnóstico), para
reverter o processo de instalação do diabetes tipo 1”, explica Anna. “No nosso
caso, isolamos as ilhotas, que são pequenos órgãos existentes dentro do
pâncreas adulto e nas quais são encontradas as células beta”.

O interesse
da pesquisadora em estudar as células beta é por essas serem unidades
funcionais produtoras de insulina, hormônio protéico fundamental no processo de
controle da taxa de glicose no sangue.

A diferença
entre a célula-tronco e a beta é que a primeira é totipotente, uma célula-mãe
que pode se diferenciar. A célula beta só pode fazer outra célula beta. O
procedimento experimental está sendo feito com uma paciente. Em vez de transplantar
o pâncreas inteiro, são tiradas somente as ilhotas e, com elas, as células
beta.

Lesões vertebrais

O uso de
células-tronco em pacientes com lesões na coluna vertebral foi o tema da
apresentação de Rafael Marcon, do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da
Faculdade de Medicina da USP, no Congresso em Célula Tronco e Terapia Celular,
no Rio de Janeiro. O estudo está sendo feito com 32 pacientes que tiveram algum
tipo de trauma cervical ou toráxico.

Os pacientes
receberam injeções subcutâneas de 12 em 12 horas durante cinco dias. Como
resultado, foram observadas transmissões de impulsos em 15 dos 32 pacientes. Um
deles, um homem de 44 anos e há seis tetraplégico, teve um aumento em sua
capacidade sensorial.

Ainda no
congresso, Clas Johanson, da Universidade de Medicina de Stanford, na
Califórnia, ministrou a conferência “A contribuição das células tronco
hematopoéticas para o cérebro e músculo”, na qual apresentou uma nova
perspectiva no assunto.

“As pessoas
têm falado muito em transplante de células no cérebro. Meu estudo é em torno da
idéia de que, em vez disso, é melhor tentar atrair as células do sangue e
fazê-las migrar para a área que tem a lesão”, disse Johanson.

O Congresso de Células-Tronco e Terapia Celular,
realizado dentro da Cátedra Unesco/UFRJ de Biologia do Desenvolvimento, no
campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, termina na sexta-feira. O
evento é organizado pelos departamentos de Anatomia e Histologia e Embriologia,
da UFRJ, com apoio do CNPq, Capes, Academia Brasileira de Ciências, Fundação
José Bonifácio, Faperj, Ministère des Affaires Étrangéres e Institut-de-France.

Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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