Ciclo de
conferências do Pontifício Instituto João Paulo II de Roma
Por María
de la Torre
CIDADE DO
VATICANO, quarta-feira, 19 de janeiro de 2011 (ZENIT.org) – O casamento é um autêntico caminho de
santidade, e é por isso que o Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos
sobre Matrimônio e Família organizou, a partir de janeiro, uma série de
palestras sobre “Perfis de santidade conjugal”.
Nesta série
de palestras, tratarão de temas como a força que vem do amor, a fidelidade ao
amor, testemunhos de amor entre outros, acompanhados de depoimentos de casais
no caminho da santidade.
O ciclo de
palestras foi inaugurado em 13 de janeiro, com o tema “Um caminho de amor
e fé no casal”, tomando o exemplo de Raissa e Jacques Maritain, dois
jovens intelectuais convertidos que se conheceram em 1900 e desde então
começaram uma vida juntos, descobrindo o caminho da fé, com a única meta de
santificar seu casamento.
A conversão
do casal Maritain não foi fácil, como reconhece a coordenadora do 2º ciclo,
Ludmila Grygiel. Raissa e Jacques procuraram o sentido da vida e a verdade na
filosofia, e correram o risco de cair em desespero, inclusive pensaram no
suicídio.
Toda vez
que começavam a estudar o pensamento de um filósofo, crescia sua sabedoria
cultural; às vezes até eram absorvidos pelo entusiasmo do discurso que, pouco
depois, se tornaria uma espécie de ópio metafísico, como lembra Raissa. Mas,
graças à leitura dos místicos, eles entenderam que o que se sabe de Deus não é
nada comparado com aquilo que não se sabe sobre Ele.
A sede de
verdade dos Maritain não foi saciada pelo estudo, mas pelo amor à verdade, que
confere sabedoria, o amor perfeito que dá a liberdade perfeita.
Por sua
parte, o cardeal Georges Cottier, OP, teólogo do Papa João Paulo II e do início
do pontificado de Bento XVI, presidiu a conferência oferecendo toda a sua
experiência sobre o assunto, ao ter conhecido pessoalmente Jacques Maritain, em
Roma, em 1946.
Sua Eminência
abordou a questão do casal na crise familiar que existe hoje: “Enfrentamos
uma grande crise do casamento. É preciso ter em mente a concepção de casamento
nas correntes da nossa cultura”.
“Vivemos
no mundo do momento, do instante, do provisório e isso seria uma coisa boa para
refletir junto ao sacramento como tal. Onde está a coluna que sustenta tudo, se
não há Deus?”, perguntou o cardeal.
“Não
podemos esquecer do tempo, que também passa pelo corpo que envelhece. Mudamos
inclusive neste ponto de vista. A garota que conheci com 20 anos não é a mesma
com 80. Existem também as doenças (…), mas o mundo atual não quer que vejamos
isso. Todos são jovens, bonitos, sem doenças. Isso é contrário à experiência
humana cotidiana. Na hora da verdade, basta atravessar a rua para ver que a
realidade é outra. Isso acontece porque há um materialismo de fundo que destrói
o tempo.”
“Se
não há vida interior e relação com Deus, isso acontece. A juventude e a
obsessão com o corpo querem estar ao mesmo nível que o espiritual. Se o corpo
estabelece as regras de vida, tudo muda. A isso se acrescentam as enormes
dificuldades econômicas que as famílias enfrentam, os problemas no trabalho, o
desemprego e até mesmo o fato de que o casal chega em casa exausto do trabalho.
No final do dia, cada um já viveu uma experiência diferente e não é possível
compartilhá-la, porque a sociedade não permite. Tudo isso é pago pela família.
É preciso refletir sobre os condicionamentos sociais da vida em família, porque
as pessoas são vítimas desta situação”, concluiu o purpurado suíço.
Di Nicola e
Danese acrescentaram que “o perdão é uma questão central no relacionamento
e que amar dói. Se você ama, você é fecundo, porque o amor é fecundo. Duas
pessoas que se amam transmitirão seu amor a todos aqueles que os rodeiam”.
A segunda
conferência do ciclo será realizada no dia 3 de março, sobre “Gianna
Beretta Molla e Pietro Molla: a força que vem do amor”.