Em sua
investidura como “honoris causa” pela Universidade Católica de
Valência
VALÊNCIA,
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) – “A falta de fé em Deus, a perda do
sentido de Deus que lacera nosso mundo, as percebo e vivo como a indigência
maior, a ameaça mais grave e de mais desastrosas consequências para nosso
tempo”, disse o cardeal Antonio Cañizares, prefeito da Congregação para o
Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos ao receber o doutorado honoris
causa pela Universidade Católica de Valência, São Vicente Mártir, na última
quinta-feira, dia 9 de dezembro.
O prelado
comentou no mesmo discurso que considera que a falta de fé “gera uma
quebra moral que reclama urgentemente sua reedificação”. E assegurou que
“não há nada que me faça sofrer tanto nem que preocupe mais que a crise de
Deus que a humanidade contemporânea padece; a ausência de Deus camuflada
inclusive, às vezes, de religiosidade vazia”.
Dom
Cañizares intitulou seu discurso “Em defesa do homem e da estrutura da
sociedade: a atuação de um bispo”, informou a Universidade Católica de
Valência.
Em sua
fala, lançou um apelo à esperança a partir do reconhecimento realista do que
acontece. Mostrou-se convencido de que, “se é verdade que, para uma
sociedade como a nossa, fechada ao futuro, faltam fundamentos para a esperança,
Deus não nos deixará na mão”.
Por isso,
prosseguiu, “me chama a ser testemunha e porta-voz de esperança,
incentivar a esperança, olhar para o futuro, ajudar a abrir-se ao futuro e
mostrar caminhos que conduzam a ele”.
“O que
os cristãos podemos e devemos oferecer ao mundo, à sociedade, é a Boa Nova da
Encarnação-Redenção de Cristo e a verdade do homem que se desvela e verifica na
experiência desse acontecimento, vivida na comunhão da Igreja”.
“Essa
é toda a nossa riqueza e temos que oferecê-la com tanta simplicidade quanto
transparência, sabedores por experiência própria que é um bem inestimável e
decisivo para a vida das pessoas”, acrescentou o cardeal.
O purpurado
concluiu seu discurso indicando que “todas as correntes de pensamento de
nosso velho continente deveriam considerar a que negras perspectivas poderiam
conduzir à exclusão de Deus da vida pública, como último juiz da ética e
supremo seguro contra todos os abusos de poder exercidos pelo homem sobre o
homem”.
Precisamente
“nesta fé reside, em última análise, a contribuição da Igreja à necessária
estrutura da sociedade”.
A cerimônia
foi presidida pelo arcebispo de Valência e grão-chanceler da Universidade
Católica, Dom Carlos Osoro, que destacou a importância de defender a verdade do
homem e sua dignidade.
Participaram
do ato diversas autoridades civis, como o presidente da Generalitat Valenciana,
Francisco Camps, a presidente das Cortes Valencianas, Milagrosa Martinez, e o
líder da oposição autonômica, Jorge Alarte.
Francisco
Camps afirmou que, nas sociedades do século XXI, são essenciais “o
respeito, a tolerância e a liberdade de todos os cidadãos e de sua dignidade
como pessoas para assegurar a convivência e o bem comum”.