Campanha da Fraternidade 2015

cartaz_campanha_da_fraternidade_2015_pk01“Eu vim para servir” (Mc 10,45)

Este é o bonito tema da Campanha da Fraternidade desse ano (2015); cujo lema é “Fraternidade: Igreja e Sociedade”, importante para nos lembrar que o cristão e as Comunidades cristãs devem ser, como Jesus mandou, serviçais, e assim, serem o “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13.14). “Quem não vive para servir, não serve para viver”.

O Papa Francisco, em sua mensagem para a Quaresma, recorda que é: “Um tempo propício para nos deixarmos servir por Cristo e, deste modo, tornarmo-nos como Ele. Verifica-se isto quando ouvimos a Palavra de Deus e recebemos os sacramentos, nomeadamente a Eucaristia. Nesta, tornamo-nos naquilo que recebemos: o corpo de Cristo”. Como consequência, aprendemos que “neste corpo, não encontra lugar a tal indiferença que, com tanta frequência, parece apoderar-se dos nossos corações, porque, quem é de Cristo, pertence a um único corpo e, n’Ele, um não olha com indiferença o outro. “Assim, se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria” (1 Cor 12, 26)”.

A máxima que Jesus nos deixou é “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”. O que nos faz felizes é servir a Deus e aos irmãos, de muitas formas. Fazer o bem faz bem! Amar é servir, tanto a Deus como aos homens. O salmista diz “Aclamai o Senhor, ó terra inteira, servi ao Senhor com alegria” (Sl 99).

O serviço que não é feito com alegria, especialmente para Deus, não tem valor, não tem mérito. O profeta Jeremias avisa: “Maldito aquele que faz com negligência a obra do Senhor!” (Jer 48, 10). E Malaquias diz: “Maldito seja o homem fraudulento que consagra e sacrifica ao Senhor um animal defeituoso, tendo no rebanho animais sadios! ” (Mal 1, 14).

Precisamos dar a Deus o melhor; pois Ele é nosso Criador, Senhor e salvador; tudo recebemos de suas mãos generosas: a vida, o sol, a terra, o mar, o alimento… Como agradecer tudo isso? Servindo a Deus com alegria. São Paulo nos ensina: “Quer comais, quer bebais, façais tudo para a glória de Deus” (1Cor 10,31). “Tudo o que fizerdes, fazei de bom coração, para o Senhor, não para os homens, certos de que recebereis a recompensa das mãos do Senhor. Servi a Cristo Senhor” (Col 3,23). É feliz quem serve a Deus sem preguiça, sem desanimar, ainda que tenha que sofrer afrontas.

Amar é servir; cumprir bem os nossos deveres de estado: na profissão, na escola, na repartição pública, na casa, na oficina, etc. O trabalho é sagrado e é através dele que temos a grande oportunidade de servir e de amar as pessoas. Deus nos deu a honra de completar a sua obra criada; e é pelo trabalho que fazemos isto. Logo, o trabalho é algo sagrado qualquer que ele seja. Trabalhando bem ajudamos a muitos. Quando o trabalho é um prazer, a vida é alegria. Quando o trabalho é um peso, a vida se transforma numa escravidão. Só o egoísta desperdiça a sua vida; um dia descobre a sua infelicidade.

O cristianismo salvou a Civilização ocidental, desde a queda de Roma nas mãos dos bárbaros, criando um mundo onde a pessoa humana tem a sua dignidade respeitada. A força do Evangelho deve permear toda a sociedade, iluminando-a com a Luz de Cristo. Vemos o atraso humano que existe nas sociedades que não foram permeadas pelo cristianismo.

Nesta Campanha da Fraternidade é bom recordar as mazelas que atingem o nosso país e que exigem a Luz de Cristo para vencê-las: a desigualdade social, a imoralidade, a corrupção endêmica na vida pública, fazendo desaparecer bilhões de reais que deveriam ser investidos na saúde, educação, habitação, saneamento básico, etc., dos menos favorecidos. O Papa Francisco tem falado da desgraça que a corrupção significa para o povo.

O povo brasileiro nunca esteve tão cansado, desiludido, assustado e horrorizado com o nível de corrupção e imoralidade a que chegou o Brasil, fazendo escoar pelo ralo a riqueza da nação. Nunca vimos tantos políticos e empresários presos. Aliaram-se para promover seus interesses mesquinhos, roubando a riqueza de um povo tão carente. A eles, e a todos os corruptos e corruptores, Jesus vem dizer: “Eu vim para servir e não para ser servido”. Quem se deixa corromper, é tão culpado como aquele que oferece o suborno. “A sabedoria do prudente está no cuidar do seu procedimento; a loucura dos insensatos consiste na fraude”. (Prov 14, 8)

Parece que vivemos hoje o que diz o livro da Sabedoria: “Tudo está numa confusão completa – sangue, homicídio, furto, fraude, corrupção, deslealdade, revolta, perjúrio. (Sab 14, 25). “Quem faz essas coisas, quem comete fraude, é abominável aos olhos do Senhor, teu Deus” (Deut 25, 16). O profeta Jeremias disse: “Qual perdiz a chocar ovos que não pôs, tal é aquele que pela fraude se enriqueceu; em meio à vida, precisa deixá-los; demonstra, pelo seu fim, ser insensato” (Jer 17, 11).

A Igreja é a “Lumem Christi”; tem a missão sagrada de fazer a transformação da sociedade segundo a doutrina de Cristo; e isso deve ser realizado, sobretudo pelos leigos que estão inseridos na vida social, política, econômica, cultural, etc.. “Não vos conformeis com este mundo” (Rom 12, 2), gritava São Paulo aos cristãos romanos que viviam numa sociedade em decadência como a nossa.

Não se admite um cristão que seja alheio aos destinos de sua pátria. O que a Campanha da Fraternidade vem ensinar é que Jesus, sendo Deus, veio “para servir e não para ser servido”, e que toda autoridade vem de Deus, para ser um serviço prestado ao povo, e não para “se servir” do povo e da nação.

O nosso Catecismo diz que: “A iniciativa dos cristãos leigos é particularmente necessária quando se trata de descobrir, de inventar meios para impregnar as realidades sociais, políticas e econômicas com as exigências da doutrina e da vida cristãs. Esta iniciativa é um elemento normal da vida da Igreja” (n.899).

O Papa João Paulo II, na “Christifidelis laici”, disse: “Para animar cristãmente a ordem temporal, no sentido que se disse de servir a pessoa e a sociedade, os fiéis leigos não podem absolutamente abdicar da participação na política, ou seja, da múltipla e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o bem comum”(n.42).

A Doutrina Social da Igreja gira em torno da dignidade do homem, filho de Deus, criado à Sua Imagem, e exige o “bem comum”. Só a luz de Cristo irradiada do Evangelho pode fazer esta transformação da sociedade.

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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