Bispos bolivianos contra o desmatamento e as plantações de coca

Ajuda à Igreja que Sofre se reuniu com o arcebispo coadjutor de Santa Cruz de la Sierra

Roma, terça-feira 8 de maio de 2012 (ZENIT.org) – “O cultivo de coca e o desmatamento devem cessar imediatamente”, conclama a Conferência Episcopal Boliviana diante da produção desenfreada desta planta no país, com suas consequências nefastas. Para discutir a questão, uma delegação da organização Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) visitou a Bolívia e se encontrou com o arcebispo coadjutor de Santa Cruz de la Sierra, dom Sergio Alfredo Gualberti.

O cultivo da coca nas nações andinas é restrito, mas o presidente boliviano Evo Morales, que já foi um dos maiores produtores da planta, vem defendendo a expansão das plantações. Reeleito em dezembro de 2009, o ex-“cocalero” ligado a Hugo Chávez levou seus planos adiante, apesar das críticas da comunidade internacional e do mundo católico. Estas críticas, por sinal, não favoreceram a melhora das relações entre o episcopado e o governo boliviano, que se tornaram especialmente complicadas em 2009 com a promulgação da nova constituição: o texto tirou do catolicismo o status de religião oficial e estabeleceu limites mais rígidos entre a Igreja e o Estado.

O bispo disse à AIS que Morales está prestes a aprovar novos desmatamentos para construir uma rodovia no coração de uma reserva natural. “A estrada chegaria até o Brasil, destruindo grande parte do Parque Nacional Isiboro, região reconhecida oficialmente como território indígena”. A construção inevitável de estruturas ao longo da rodovia, segundo dom Gualberti, promoveria um desmatamento e destruição ambiental maiores ainda. “É por isso que nós, bispos bolivianos, escrevemos uma carta pastoral em defesa do meio ambiente, da justiça e do desenvolvimento”.

O texto dos bispos, intitulado “O universo, um dom de Deus para a vida”, também denuncia a “perda dos valores espirituais e humanos e dos princípios éticos e morais que fizeram e fazem parte da nossa identidade”. Embora mais de três quartos dos dez milhões de bolivianos sejam católicos, a prática da fé está se enfraquecendo muito no país. O compromisso da Igreja é, portanto, reforçar o trabalho de evangelização. “Intensificar o ministério e promover a formação de catequistas e seminaristas são as nossas prioridades atuais”.

Estas prioridades são apoiadas pela Ajuda à Igreja que Sofre, que em 2010 doou para a Igreja na Bolívia mais de 350 mil euros. Entre os projetos financiados, estão o XXIX Encontro Nacional e Internacional da Juventude da Bolívia, a formação de seminaristas e noviças, a construção de instalações para a paróquia de Nossa Senhora da Misericórdia, na diocese de Potosí, e a restauração do convento das irmãs carmelitas de Cochabamba.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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