Bento XVI e a guerra na Igreja

Caro Visitante, transcrevo aqui um longo artigo do ex-teólogo católico Leonardo Boff, repleto de injustiças, inverdades e mágoas contra Bento XVI. À medida que transcrevo, vou também comentando as palavras do ex-franciscano. O artigo apareceu na Folha de São Paulo… Boa leitura e desculpe pela maçada…

AS GUERRAS não existem apenas no mundo. Dentro da igreja há também uma guerra de baixa intensidade. Ela faz muitas vítimas, com os instrumentos adequados da guerra religiosa, escondidos sob palavras, não raro, piedosas e espirituais. Só para dar um exemplo pessoal: quando fui condenado pelo então cardeal Joseph Ratzinger em 1985 por causa do meu livro “Igreja: carisma e poder”, foi-me imposto o que ele denominou de “silêncio obsequioso”.

Esse eufemismo implicava muita violência: deposição de cátedra, remoção de editor religioso da Vozes, da redação da “Revista Eclesiástica Brasileira”, proibição severa de falar, dar entrevistas, escrever e publicar sobre qualquer assunto. (Observação minha: Primeiramente, a correção na Igreja é um dever estabelecido pelo próprio Cristo. Basta ler Mt 18, onde Jesus ordena corrigir o irmão e, caso não aceite seja tratado como um pagão; recordemos também as várias passagens das cartas paulinas, onde o Apóstolo ordena guardar a sã doutrina e a afastar os que dividem a comunidade com falsas doutrinas; também João, o Apóstolo do amor, nas suas cartas, condena pesadamente os que semeiam erros e dividem a comunidade. São João proíbe até mesmo saudar os hereges; no Apocalipse, Jesus repreende as comunidades que não afastam de si os hereges. Como pode-se ver, Boff – que nunca foi excomungado nem perseguido -, não pode vir com essa conversa. Várias vezes a Santa Sé tentou convencê-lo a não semear o erro e discórdia. Ele, apoiado pelo poderio da Editora Vozes e por amigos fortes na Igreja, sempre fez pouco caso das admoestações de Roma. Quanto ao seu livro, “Igreja carisma e poder” , contém graves erros: ele interpreta a vida e a fé da Igreja em chave materialista marxista. Seu inocente livrinho fez muito mal, colocou muita minhoca na cabeça de muita gente, sobretudo nos seminários. Diante da má vontade e falta de retidão do Boff para com a Igreja, não se viu outra solução senão pedir que durante um ano ele não escrevesse nem desse aulas ou proferisse palestras. Nada que possa matar ninguém. Boff não passa de um conversador com doutorado em teologia, que usa a palavra para enganar). Objetivamente “obsequioso” não possui nada de obsequioso. (Observação minha: “Obsequioso” sim, porque, na linguagem do Vaticano II, na Lumen Gentium, é com o “obséquio” do nosso intelecto que devemos acolher a palavra do Magistério da Igreja. Então, Roma pediu ao Boff que procurasse, sinceramente, num espírito de fé, rever seus princípios. Mas ele, julgando-se infalível, persistiu e persiste na sua teimosia arrogante. Como se vê, o Concílio Vaticano II do Boff não é o real: só existe na cabeça dele).

O mesmo ocorreu com o teólogo da libertação Jon Sobrino, de El Salvador, condenado em fevereiro deste ano. Recebeu apenas uma “notificação”. Esta inocente palavra, “notificatio”, esconde violência porque ele não pode mais falar, nem dar aulas, conceder entrevistas e acompanhar qualquer trabalho pastoral. O vitimado por uma condenação é “moralmente” morto, pois vem colocado sob suspeita geral, tolhido, isolado e psicologicamente submetido a graves transtornos, o que levou a alguns a terem neuroses e a um deles, famoso, perseguido por idéias de suicídio. (Observação minha: Isto, para dizer de modo delicado, é uma inverdade. Basta recordar a entrevista com o próprio irmão do Leonardo Boff, o Fr. Clodovis Boff: Ele diz claramente que a teologia de Sobrino contém erros de cristologia. Roma tentou fazer o teólogo salvadorenho rever suas posições. Ele não quis. A Igreja, então, cumpriu seu dever: afirmou que sua teologia não exprime a fé católica. Os pastores têm que livrar o rebanho dos erros e dos perigos! Na cabeça do Boff, só o erro é que deve ter direito a ser difundido e comunicado. O Papa e os Bispos não têm o direito, que Cristo mesmo lhes deu, de defender a fé, atacada de dentro mesmo da Igreja, por aqueles que deveriam ensiná-la de modo correto).

Nós fomos, no mínimo, caçados e anulados, pois um teólogo possui apenas como instrumento de trabalho a palavra escrita e falada. E estas lhe foram seqüestradas, coisa que conhecemos das ditaduras militares. (Observação minha: Quem lê isso, pensa que a Igreja é uma sala de tortura! Pura ficção e drama falacioso para comover caluniando).

O que foi escrito acima parece irrelevante, pois é algo pessoal, mas não deixa de ser ilustrativo da guerra religiosa vigente dentro da Igreja. Nela o então cardeal Ratzinger era general. Hoje como papa é o comandante em chefe (Observação minha: Desafio o internauta a ler os escritos de Ratzinger. Ele nunca teve atitudes de general, como Bento XVI nunca se considerou comandante em chefe. Tudo isso não passa de uma linguagem que tem como objetivo tornar o Papa odioso. Boff quer, por fim da força, que este Papa nunca seja amado… Coitado! Por coincidência, recebi de uma pessoa que me pediu para não ser identificada, mas que conviveu com o Santo Padre nestes dias aqui no Brasil, o seguinte e-mail: “A experiência que passei nos dias em que o Santo Padre passou conosco é indescritível. A simplicidade e humildade do homem espantaram a todos nós. De coração, achava que ele era um homem fechado, protocolar. Para nossa surpresa, desde o primeiro dia em que chegou aqui, se mostrou com uma ternura de pai que conquistou todos, não só a nós, como aos funcionários, polícia federal e exército. Todos comentavam as atitudes do Santo Padre, todos surpresos com sua ternura, pois esperávamos um verdadeiro general, e o que vimos foi um homem simples, humilde e sorridente. Ele conseguiu a simpatia do povo. Quebrou várias vezes o protocolo no mosteiro. Na sua partida foi emocionante, ver funcionários, nós mesmos e outras pessoas chorando. O homem realmente transmite a presença de Deus, principalmente pelo olhar, é impressionante. Minha fé continua inabalável, fortalecida com a presença do Santo Padre em nosso meio; muito mais por sua postura de pastor e pai, que simplesmente pela autoridade que exerce. É fascinante, só estando presente para sentir”. Eis, portanto! Ratzinger sempre foi assim. O Boff é que sempre se julgou o general da teologia da libertação. Está com raiva porque perdeu os comandados e o exército todo. Mais ainda: perdeu a guerra, porque o Senhor salvou sua Igreja). Qual é este embate? É importante referi-lo para entender palavras e advertências do papa e a partir de que modelo de teologia e de Igreja constrói o seu discurso.

Dito de uma forma simplificadora, mas real: há na igreja duas opções claramente opostas, o que não impede que, na prática, possam se entrelaçar. Face ao mundo, à cultura e à sociedade há a atitude de confronto ou de diálogo.
A partir da Reforma no século XVI predominou na Igreja Católica romana a atitude de confronto: primeiro com as Igrejas protestantes (evangélicas) e depois com a modernidade.
Face à Reforma houve excomunhões, e face à modernidade, anátemas e condenações de coisas que nos parecem até risíveis: contra a ciência, a democracia, os direitos humanos, a industrialização (Observação minha: É verdade que, desde os primórdios, há estas duas tendências. No caso da Reforma protestante e da modernidade, também é verdade que houve uma atitude defensiva da Igreja, dada a gravidade dos ataques que ela sofreu. A Reforma protestante teve que ser barrada por um amplo movimento de catequese e reevangelização. Para isto a Igreja convocou o Concílio de Trento e valeu-se dos jesuítas, recém-fundados. Quanto à modernidade, é preciso dizer que ela surgiu combatendo a Igreja, com um anti-clericalismo radical, um deísmo que desprezava a revelação cristã e a centralidade de Jesus. Esse movimento desenvolveu-se no ateísmo atual. A Igreja tinha que combater tais idéias e as combateu, ora de modo mais equilibrado ora de modo mais forte). A Igreja se havia transformado numa fortaleza contra as vagas de reformismo, secularismo, modernismo e relativismo. Missão da igreja, segundo esse modelo do confronto, é testemunhar as verdades eternas, anunciar a Cristo como o único Redentor da humanidade e a Igreja sua única e exclusiva mediadora, fora da qual não há salvação. (Observação minha: A descrição é injusta e simplista: realmente, a missão da Igreja no mundo sempre foi anunciar Jesus Cristo como único Salvador; reduzir isto a “verdades eternas” é pura má-fé! Esta é a missão que ela própria recebeu do seu Senhor – não pode modificá-la! No entanto, isto não significa confronto: pode ser realizado numa atitude de diálogo, que é precisamente a defendida por Ratzinger e agora por Bento XVI. Quando no passado a Igreja teve uma atitude de confronto ante o mundo moderno foi porque o mundo moderno foi gestado numa atitude de confronto com o cristianismo. Tratou-se de uma perda para os dois lados! Realmente, desde o início do século XX e, especialmente, com o Vaticano II, a Igreja vem tentando estabelecer um diálogo positivo com a chamada modernidade, algo bastante complexo. Infelizmente, para Leonardo Boff e muitos outros, o verdadeiro diálogo seria a capitulação do cristianismo e da Igreja ante a mentalidade do mundo atual e do politicamente correto. E é isto que Bento XVI e qualquer cristão verdadeiro jamais aceitarão).

Em seu documento de 2000, Dominus Jesus, o cardeal Ratzinger reafirma tal visão com a máxima clareza e laivos de fundamentalismo. Tudo é centralizado no Cristo. (Observação minha: É falsa a afirmação. Primeiro, o documento não é de Ratzinger: foi preparado e promulgado com a autoridade de João Paulo II; é um documento do pontificado de João Paulo II, legítimo sucessor de Pedro, a quem Leonardo Boff devia obediência e reverência… A Dominus Iesus não tem nada de fundamentalismo. Ela só diz duas coisas que sempre foram a fé da Igreja e que Boff já não suporta: 1. Cristo é o único Salvador da humanidade – Observe que Boff se queixa porque “tudo é centralizado em Cristo”. Ele queria que fosse centralizado no pensamento da turma teológica dele… e 2. A Igreja católica é a única Igreja de Cristo, embora nas outras denominações cristãs haja elementos da Igreja de Cristo. Esta sempre foi a fé da Igreja. Boff quer novidade….) Esta atitude belicosa predominou até os anos 60 do século passado quando foi eleito um papa ancião, quase desconhecido, mas cheio de coração e bom senso, João XXIII. (Observação minha: Atenção! O pessoal da esquerda festiva sempre fala no Beato João XXIII. A tática é a seguinte: primeiro deturpam a imagem do Papa, fazendo dele um papa bonzinho e progressista, que assinaria tudo quanto esse pessoal diz. Depois, em nome desse João XXIII inventado, critica os outros papas! João XXIII jamais aceitaria nem de longe as sandices desse pessoal!). Seu propósito era passar do anátema ao diálogo. Quis escancarar as portas e janelas da Igreja para arejá-la. Considerava blasfêmia contra o Espírito Santo imaginar que os modernos só pensam erros e praticam o mal. (Observação minha: É pura inverdade! Já no discurso de abertura do Concílio, João XXIII apresentava as possibilidades, mas também os perigos da civilização atual. Ele não considerava um bem tudo quanto é moderno e nunca pensou ou disse essa bobagem de pecado contra o Espírito Santo no sentido em que o Boff escreveu. Pecado contra o Espírito Santo é ser intelectualmente desonesto desse modo! Note também que o Boff quer insinuar que Ratzinger considera um mal tudo quanto é moderno. É outra economia da verdade, outra falsidade! Ratzinger nunca pensou que os modernos só dizem heresias. É só ler os seus livros! Só a título de ilustração, ainda como cardeal, o futuro Bento XVI estabeleceu diálogo com Habermas, um dos mais importantes filósofos atuais, que é marxista e ateu; escreveu um livro juntamente com Marcello Pera, pensador não-católico, ex-presidente do Senado italiano; manteve diálogo com Ernesto Galli Della Loggia, historiador não-católico, professor de História das Doutrinas Políticas, e assim por diante. Boff é mentiroso: sempre foi! É uma pena ter que dizer isso, mas é necessário para desmascarar alguém que, em nome de uma vida intelectual, esqueceu há muito os princípios da honestidade do fazer ciência teológica. A sua é uma teologia esotérica, sincretista, a serviço da uma ideologia socialista. Nunca esqueçam que foi o Boff que, indo à antiga União Soviética, quem disse ter visto lá o Reino de Deus!) Há bondade no mundo, como há maldade na Igreja. Importa é dialogar, intercambiar e aprender um do outro. A Igreja que evangeliza deve ela mesma ser evangelizada por tudo aquilo que de bom, honesto, verdadeiro e sagrado puder ser identificado na história humana.

Deus mesmo chega sempre antes do missionário, pois o Espírito Criador sopra onde quiser e está sempre presente nas buscas humanas suscitando bondade, justiça, compaixão e amor em todos. A figura do Espírito ganha centralidade. (Observação minha: O que Boff diz aqui sobre a presença do Espírito é verdade – e Ratzinger nunca negou isso; pelo contrário! Qual é o casca de banana neste pensamento? Depois de contrapor João XXIII a João Paulo II e a Ratzinger, agora o nosso teólogo falacioso contrapõe o Espírito Santo a Cristo. Veja o raciocínio: quando o centro é Cristo, divide; quando o centro é o Espírito, une, porque tudo é fruto do Espírito. O raciocínio é falso e herético por dois motivos:
1. O centro da nossa fé só pode ser Jesus: aquele Fundamento no lugar do qual outro não pode ser colocado;
2. O Espírito é o Espírito de Cristo, que dá testemunho de Cristo, conduz a Cristo e recordará sempre o que Cristo nos falou. Esse “Espírito” a que se refere o Boff parece mais uma entidade pagã que o Espírito de Deus dado por Jesus Cristo!). Fruto da opção pelo diálogo foi o Concílio Vaticano II (1962-1965), que representou um acerto de contas com a Reforma pelo ecumenismo e com a modernidade pelo mútuo reconhecimento e pela colaboração em vista de algo maior que a própria Igreja, uma humanidade mais dignificada e uma Terra mais cuidada (Observação minha: Todos os papas após o Vaticano II continuam nesta linha. Basta ver como Bento XVI faz questão de encontrar sempre os representantes de outras religiões e dialogar com os homens de ciências; basta pensar na Encíclia Fides et Ratio, de João Paulo II.

O problema é que Boff inventa um Concílio da própria cabeça, que nunca existiu. Na sua cabecinha, diálogo quer dizer capitulação da fé cristã, deixar Cristo de lado para abraçar todo modismo que apareça, mesmo quando contrário ao cristianismo. No cristianismo do Boff não há um Cristo que nos preveniu que o mundo nos odeia e primeiro odiou a ele, nosso Senhor e Mestre).
Este “aggiornamento” trouxe grande vitalidade em toda a Igreja, especialmente na América Latina, que criou espaço para aquilo que se chamou de Igreja da base ou da libertação e da Teologia da Libertação. Mas acirrou também as frentes. (Observação minha: O Concílio foi um dom de Deus para a Igreja. O problema foi um grupo de teólogos que desejou tomar o poder de decisões na Igreja – poder que Cristo entregou aos Bispos em comunhão com o Sucessor de Pedro. Houve muitos, Boff inclusive, que deturparam, manipularam e usaram o Concílio para passar idéias absolutamente contrárias ao cristianismo e alheias ao Concílio. A teologia da libertação é um exemplo disso: nasceu de uma tentativa errada de reinterpretar o cristianismo todo à luz do marxismo materialista e ateu. Podem observar: onde a tal teologia foi forte desapareceu o amor à Igreja, sumiram as vocações, o PT e o PC do B triunfaram e a Igreja foi usada para fazer propaganda ideológica… e os pobres foram parar nas seitas para poderem ouvir falar de Jesus. Um exemplo: a Ministra Marina, do Meio-Ambiente, que foi para a Assembleia de Deus! Ainda hoje estamos pagando o preço dessas coisas…).

Grupos conservadores, especialmente incrustados na burocracia do Vaticano, conseguiram se articular e organizaram um movimento de restauração, de volta à grande tradição.

Este grupo foi enormemente reforçado sob João Paulo II, que vinha da resistência polonesa ao marxismo. Chamou como braço direito e principal conselheiro, seu amigo, o teólogo Joseph Ratzinger, elevando-o diretamente ao cardinalato e fazendo-o presidente da Congregação para a Doutrina da Fé, a ex-Inquisição. (Observação minha: Observem como se mente, deturpa e engana: Quem elevou Ratzinger ao cardinalato foi Paulo VI. Notem como o Autor faz questão de dizer que a Congregação para a Doutrina da fé é a ex-Inquisição. É para insinuar ao leitor desavisado que ele mesmo foi perseguido pela inquisição. Em lógica, o nome dado a esse tipo de raciocínio desonesto, é falácia! É por isso mesmo que eu faço questão de desmascarar a desonestidade desse homem que utilizou sua inteligência e sua teologia para fazer mal à Igreja.)

Aí se processou de forma sistemática, vinda de cima, uma verdadeira Contra-Reforma Católica. O próprio cardeal Ratzinger no seu conhecido “Rapporto sulla fede”, de 1985, um verdadeiro balanço da fé, dizia claramente: “A restauração que propiciamos busca um novo equilíbrio depois dos exageros e de uma abertura indiscriminada ao mundo” (Observação minha: Boff agora dá uma de fundamentalista: pega a palavra “restauração” fora do contexto de modo vergonhoso para defender sua mentira. Recomendo ao meu caro Visitante a leitura deste livro do Ratzinger, que foi editado não pelas Vozes ou Paulinas porque, na época, as grandes editoras católicas no Brasil censuravam e demonizavam Ratzinger, enquanto idolatravam Leonardo Boff. Agora, isto tudo acabou, graças a Deus).

Ele elaborou teologicamente a opção pelo confronto a partir de sua formação de base, o agostinismo, sobre o qual fez duas teses minuciosamente trabalhadas. Notoriamente Santo Agostinho opera um dualismo na visão do mundo e da Igreja. Por um lado está a cidade de Deus e por outro a cidade dos homens, por uma parte a natureza decaída e por outra, a graça sobrenatural. O Adão decaído não pode redimir-se por si mesmo, seja pelo trabalho religioso e ético (heresia do pelagianismo) seja por seu empenho social e cultural. Precisa do Redentor. Ele se continua e se faz presente pela Igreja, sem a qual nada ganha altura sobrenatural e se salva.

Em razão desta chave de leitura, o papa Bento XVI se confronta com a modernidade, vendo nela a arrogância do homem buscando sua emancipação por próprias forças. Por mais valores que ela possa apresentar, não são suficientes, pois não alcançam o nível sobrenatural, único caráter realmente emancipador. Nela vê mais que tudo secularismo, materialismo e relativismo. Essa é também sua dificuldade com a Teologia da Libertação. A libertação social, econômica e política que pretendemos, segundo ele, não é verdadeira libertação, porque não passa pela mediação do sobrenatural. (Observação minha: Parece erudição, não é? É bobagem, falácia pura! Primeiro, Ratzinger não tem duas teses sobre Santo Agostinho. A primeira foi sim; a segunda é sobre a Revelação em São Boaventura. Quanto ao modo como Boff apresenta Santo Agostinho é de uma simplificação miserável. A cidade de Deus e a dos homens em Agostinho não são somente a Igreja e o mundo, contrapostos interiormente – esta é uma leitura errada surgida na alta Idade Média e que deu origem ao agostinismo político. A cidade de Deus e a dos homens, o pecado e a graça, estão presentes também dentro de cada um de nós e até da Igreja. Santo Agostinho afirma que a Igreja é um “corpo misto”, que reúne santos e pecadores. Somente no final o trigo e o joio serão separados. Quanto à impossibilidade do homem e do mundo de salvarem-se por si mesmos, esta idéia começa no Gênesis, no paraíso, passa pela torre de Babel, atravessa os salmos e os profetas é proclamada por Jesus e explicada por São Paulo. Se Boff ouvisse mais a Escritura, ao invés de deturpá-la com uma leitura marxista, descobriria isso facilmente).

Para concluir, se o atual papa tivesse assumido uma teologia do Espírito, coisa ausente em sua produção teológica, teria uma leitura menos pessimista da modernidade. (Observação minha: Aqui ele injuria o teólogo Ratzinger! Que posso dizer? Se Boff fosse mais dócil ao que o Espírito diz à Igreja, não teria feito tanto mal à nossa Mãe católica e não teria traído os votos que professou).

No atual momento se dá o forte embate entre essas duas opções. A Igreja latino-americana pende mais pela opção do diálogo. Esta é mais adequada à cultura brasileira que não é fundamentalista nem dogmática, mas profundamente relacional e dialogal com todas as correntes espirituais.

Somos naturalmente sincréticos na convicção de que em todos os caminhos espirituais há bondade para além dos desvios e que, definitivamente, tudo acaba em Deus. (Observação minha: Aqui, a máscara cai: o antigo teólogo católico e atual livre pensador se trai: ele quer sincretismo; pra ele religião é tudo igual, cada uma com a sua invenção! Já a Igreja – a das origens e a do Vaticano II – deseja somente a fidelidade! Boff jamais aceitaria o que Jesus disse à Samaritana: “A salvação vem dos judeus!” Para o nosso grande guru, Jesus é um fundamentalista, discípulo de Ratzinger! Boff também não aceita a ordem de Jesus: “Ide por todo o mundo! Fazei discípulos!” Boff não atura que não haja outro nome no qual sejamos salvos… Mas, a Boff não interessa a Palavra de Deus nem a Tradição da Igreja! Interessam o marxismo e o politicamente correto. Também é uma ilusão pensar que há embate com a teologia da libertação: a teologia da libertação e a ideologia marxista que a alimentava acabaram. Basta, para ilustrar, a resposta do vaticanista italiano de esquerda e anti-Ratzinger, Marco Politi, numa entrevista na revista Veja desta semana: Perguntaram-lhe: “A Teologia da Libertação tem algum peso hoje?” Resposta de Politi: “Nenhum. Acabou!”)

Não parece ser esta a opção de Bento XVI: seus discursos enfatizam a construção da Igreja em sua forte identidade para que seu testemunho seja vigoroso e possa levar valores perenes a um mundo carente deles, como se viu claramente em seu discurso aos bispos brasileiros na catedral de São Paulo.

Essa Igreja é necessariamente de poucos, coisa reafirmada pelo teólogo Ratzinger em muitas de suas obras. Mas esses poucos devem ser santos, zelosos e comprometidos com a missão de orientar e conduzir os muitos, sem se deixar contaminar por eles e pelo mundo (Observação minha: Até onde eu sei, essa era a visão de Jesus e dos primeiros cristãos: Não temais, pequenino rebanho!”). Ocorre que esses poucos nem sempre são bons. Haja vista os padres pedófilos. Por isso, a Igreja precisa renunciar a certa arrogância, ser mais humilde e confiar que o Espírito e o Cristo cósmico dirijam seus passos e os da humanidade por caminhos com sentido e vida. (Observação minha: Aqui, o nosso “teólogo” coroa o seu discurso com um golpe baixo, hipócrita e desonesto. Nenhuma surpresa! Os padre pedófilos – que são uma minoria, fazem também parte da Igreja, como qualquer pecador faz! Ratzinger nunca defendeu os padres pedófilos, mas também nunca quis expulsar ninguém da Igreja – nem mesmo o Boff. Aliás, Boff fala dos pedófilos como se nenhum deles fosse do clube da teologia da libertação. Ao que me consta a enorme maioria dos adeptos dessa teologia não é nenhum modelo de piedade, mesmo que uma minoria seja bem intencionada e até piedosa… Ao final, quem é arrogante? O Papa ou o Boff? Que acusação Bento XVI fez contra o Boff? Nenhuma! A não ser corrigir – como era seu dever – contra os desvios, alguns dos quais você, caro Visitante, acabou de testemunhar! O Papa não tem arrogância;, tem, sim, clareza e convicção, que Boff não suporta.).

Caro Visitante, dei-me ao trabalho de transcrever todo este artigo de Leonardo Boff e desmontá-lo porque penso firmemente que somente assim podemos neutralizar o veneno desse pessoal que não se cansa nunca de atacar a Igreja e tudo quanto nos é caro, a nós católicos, que temos alegria e orgulho em relação à Santa Igreja, Mãe que nos gerou para Cristo…

Retirado de http://www.domhenrique.com.br

 

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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