Segundo o site ACI Digital (10/11/2023), Indi Gregory, uma bebê britânica de 8 meses com doença terminal, recebeu mais tempo de vida depois que um tribunal deu permissão à sua família na quinta-feira (9) para recorrer da decisão de um juiz que determinou que seu suporte de vida fosse removido.
Segundo um grupo de defesa cristão, os tribunais também podem considerar a possibilidade de permitir que a família leve a criança para Itália para tratamento em um hospital do Vaticano.
Indi Gregory, nascida em fevereiro, sofre de uma doença mitocondrial degenerativa rara e tem recebido tratamento de manutenção de vida num ventilador no Queen’s Medical Center em Nottingham, Inglaterra.
O grupo de defesa britânico Christian Concern informou ontem que o apelo da família será ouvido remotamente hoje (10) ao meio-dia (horário local) pelo Tribunal de Apelação, que é o segundo tribunal mais alto do Reino Unido. O suporte de vida de Gregory não será removido até que a audiência termine ou mais instruções serão dadas pelo tribunal, disse o grupo.
“Até o momento não houve resposta ou comentário do governo do Reino Unido sobre o caso”, acrescentou o grupo.
O juiz Robert Peel decidiu na quarta-feira (8), após uma “audiência on-line urgente”, que o aparelho de suporte vital de Gregory deveria ser removido ontem às 14h (horário local), contrariando a vontade de seus pais e contra as tentativas da Itália de tratar a criança.
Além disso, a ordem do juiz estabelecia que o suporte vital deveria ser retirado no hospital ou em um hospício e não na casa da criança, citando a necessidade de “tratamento clínico da mais alta qualidade, realizado em ambiente seguro e sustentável”, segundo a BBC.
Os pais de Gregory apelaram repetidamente para que a levassem a Roma para tratamento, depois de o tribunal superior de Inglaterra ter decidido que era do “melhor interesse” da criança ser retirado o aparelho de suporte vital. Em um esforço para salvar a vida de Gregory, o governo italiano decidiu, em uma reunião de emergência na segunda-feira (6), conceder-lhe a cidadania italiana e cobrir os custos do seu tratamento médico no hospital pediátrico Bambino Gesù.
O cônsul italiano em Manchester, Matteo Corradini, na qualidade de juiz de tutela de Gregory, emitiu ontem (8) uma medida de emergência reconhecendo a autoridade dos tribunais italianos neste caso. A medida autoriza a adoção do plano de tratamento especializado do Bambino Gesù e assume a proteção de Gregory, nomeando o gerente geral do hospital italiano, Antonio Perno, como tutor da criança. A ordem autoriza sua transferência imediata para Bambino Gesù, informou a Christian Concern.
Perno apresentou ontem um pedido urgente ao tribunal superior do Reino Unido, pedindo ao juiz Peel que lhe cedesse a jurisdição do caso, nos termos do artigo 9.º da Convenção de Haia de 1996, da qual tanto o Reino Unido como a Itália são partes.
“Não está claro como, ou mesmo se, o Tribunal de Apelação irá lidar com este desenvolvimento na audiência de amanhã, uma vez que este é um território novo num caso deste tipo”, disse ontem Christian Concern.
O Bambino Gesù, administrado pelo Vaticano, ofereceu-se para tratar outras crianças britânicas com doenças terminais no passado, como Alfie Evans em 2018 e Charlie Gard em 2017, aos quais foi negada a oportunidade de viajar para Itália por tribunais do Reino Unido e morreram dias depois de ser retirado do aparelho de suporte vital.
O tratamento de Gregory no Bambino Gesù, caso ela pudesse viajar para lá, seria feito sem nenhum custo para os contribuintes do Reino Unido.
“Dizem que não há muita esperança para a pequena Indi, mas até o fim farei o que puder para defender sua vida e para defender o direito de sua mãe e seu pai de fazerem tudo o que puderem por ela”, escreveu a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, escreveu nas redes sociais após conceder a cidadania italiana a Gregory na segunda-feira.
Em resposta à decisão do governo italiano, o pai da bebê, Dean Gregory disse: “Meu coração se enche de alegria porque os italianos devolveram a Claire e a mim a esperança e a fé na humanidade. Os italianos nos mostraram carinho e apoio amoroso e gostaria que as autoridades do Reino Unido fizessem o mesmo”.