Ateísmo e Ciência? – EB

Revista: “PERGUNTE E
RESPONDEREMOS”

D. Estevão Bettencourt, osb

Nº 299 – Ano 1987 – p.
146

 Em síntese: Ao invés do que
muitos pensam, a mensagem cristã se prende estritamente ao uso da razão e ao
estudo das ciências experimentais. É preciso banir a suspeita de divórcio entre
aquela e estas. Verdade é que o estudo não prova a verdade intrínseca das
proposições de fé, mas serve para alicerçar a crença. A onda de
antiintelectualismo vigente nos últimos decênios prejudica a vida cristã; esta
se torna, em conseqüência, algo de subjetivo, sentimental, inconsistente e
sujeito a perder sua identidade. As proposições de fé se dirigem à inteligência
humana e não apenas ao coração. – A inteligência foi dada por Deus ao homem
para que este não só descubra as verdades acerca do mundo contingente e
material, mas também chegue ao conhecimento de Deus como Princípio e Fim de
todas as coisas.

Especialmente os resultados
das ciências naturais – e da própria astronomia – interessam grandemente aos cristãos.
A Bíblia não ensina proposições de ordem científica sobre a constituição e a
origem do mundo e do homem; a sua doutrina é de índole sapiencial ou teológica,
de modo que nunca se poderá dizer que há antagonismo entre a mensagem bíblica e
as ciências naturais.

Houve épocas em que se  julgava haver total incompatibilidade entre a
ciência e a fé; quem estudasse o mundo, não poderia crer em valores
transcendentais. Em nossos dias, embora esta posição se vá dissipando, persiste
a convicção, em muitos, de que a fé e a ciência, mesmo não sendo antagônicas,
nada têm que ver uma com a outra; a fé seria uma posição assumida gratuita ou
emotivamente pelo estudioso de ciências naturais. Ora esta cisão entre saber
científico e saber religioso do homem desfigura um e outro e leva a conclusões
muito errôneas. – Eis por que procuraremos, nas páginas seguintes, examinar o
problema com exatidão.

A revolução cosmológica
moderna

Em meados do século XX
descortinou-se aos cientistas uma  visão
do universo assaz diferente da que as gerações passadas tinham concebido: os
contemporâneos tomaram consciência de que o universo é um sistema que tem sua
evolução, sua história e, por conseguinte, também está em constante regime de
envelhecimento.

Os antigos gregos imaginavam
o mundo como algo que não tivera início nem teria fim, algo sem evolução nem
desgaste; seria divino e incriado. A escola de Parmênides (séc. VI/V a.C.)
concebia esse algo divino como estático, fixo, ao passo que Herácllito de Éfeso
(576-480 a.C.)
o entendia como algo sujeito a constantes pulsações do uno ao múltiplo  e do múltiplo ao uno ou algo sujeito ao
eterno e monótono retorno. – Também sabemos que, para os antigos, o universo se
reduzia ao nosso sistema solar; ao contrário, hoje se afirma que o universo é
um “gás de galáxias”, um gás do qual 
cada molécula é uma galáxia.¹ A nossa galáxia compreende cerca de cem
bilhões de estrelas; o nosso sol é uma destas. Este gás de galáxias está em
regime de expansão, isto é, comporta-se como um gás que invade novos  espaços e se dilata; ao mesmo tempo se
desgasta e envelhece, conforme o segundo princípio de termodinâmica ou a lei da
entropia (ou da degradação) formulada por Carnot ( 1832) e Clausius (+ 1888).
–  Esta lei ensina que a energia motriz
ou dinâmica se converte em calor (ou energia térmica), mas o calor não se
converte de nove em
movimento. Em conseqüência, o universo posto em expansão
tende a se estagnar ou estabilizar.

Entropia é palavra grega que
significa involução; é o contrário da evolução. A evolução cósmica, física e
biológica é o crescimento irreversível e acelerado da informação  (ou das estruturas moleculares) da matéria
inanimada e da vida. Ora a entropia é a tendência natural de todas as
estruturas físicas, químicas e bioquímicas a voltar atrás se não recebem novas
informações; decompõem-se e desfazem-se quando não re-alimentadas. – Numa
palavra, todos os seres materiais estão sujeitos a esta lei.

Mais precisamente vejamos
como se dá a evolução da matéria, que constitui o universo.

A formação da matéria

A matéria não é uma
realidade isenta de origem e composição, como julgavam os atomistas gregos  Demócrito (460-370 a.C.) e Leucipo (séc. V
a.C.), mas conhece etapas de formação.

1) Recuando até os
primórdios do universo, podemos dizer que a matéria se reduzia à sua forma mais
simples ou a partículas: destas as mais numerosas eram os eletrônicos e suas
antíteses, os positrônios; havia também partículas sem massa, como os fotônios,
os neutrinos e os anti-neutrinos.

2) A partir de tais
partículas, formou-se o primeiro átomo, o mais simples, que é o de hidrogênio.
Depois deste, formou-se o de hélio.

3) A seguir, formaram-se as
estrelas, que são  massas de hidrogênio,
que se transforma lenta, mas irreversivelmente, em hélio. No interior das
estrelas é que se formam os núcleos mais pesados ou os elementos de composição
mais complexa.

4) A formação dos elementos
químicos não é indefinida; ela produz uma centena de átomos, e  pára. Segue-se a formação de moléculas, que
resultam da estruturação de átomos em equilíbrio. As moléculas, por sua  vez, se compõem e associam entre si nas
chamadas “macro-moléculas”. Estas também se combinam umas com as outras, de
modo a dar as “moléculas-gigantes”.

5) As  moléculas-gigantes, que apareceram na face da
Terra há cerca de três bilhões e meio de anos, são mensagens genéticas; são
telegramas ou informações que governam a construção dos corpos vivos, desde os
mais simples até os mais complexos. A estrutura desses seres vivos está
inscrita em tais moléculas.

6) Mas também a evolução das
moléculas não é indefinida. Ela se encerra com a formação de cinco
moléculas-gigantes fundamentais: a adenina, a guanina, a timina, a citosina e a
uracil. As quatro primeiras se combinam três a três. Estas cinco moléculas
servem para se escreverem todas as mensagens genéticas (ou as estruturas
básicas) do ser vivo, desde os monocelulares até o homem (que é relativamente
muito recente sobre a face da Terra). Formam enormes cadeias arquitetônicas,
das quais resultam as proteínas, com seus vinte aminoácidos fundamentais.

7) Depois da evolução dos
átomos e das moléculas, começa a evolução dita “biológica”. Como as evoluções
anteriores, também a biológica não é indefinida; termina com a formação de
alguns sistemas biológicos principais – o que vem comprovado pelo fato de que
há milhões de anos não se vê o surto de novos grupos zoológicos, nem se poderia
indicar a partir de que tronco se daria hoje a evolução dos viventes.

Vê-se, pois, que o universo
é um sistema em evolução irreversível, dirigida para composições sempre mais
complexas e também … mais imprevisíveis; de fato, quem examina o universo em
alguma das fases de sua evolução, não tem dados para predizer o futuro dessa
evolução; o passado é sempre mais pobre do que o futuro dentro dos quinze
bilhões de anos que conhecemos de sua história.

8) Voltemos a considerar os
elementos mais simples que compõem a matéria. Cada estrela é uma massa de
hidrogênio, que se transforma lenta, mas irreversivelmente em hélio. Quando  esta transformação está totalmente realizada
ou acabada, a estrela torna-se estrela morta, uma anã branca, constituída por
“matéria degenerada”.

9) Disto se segue que
nenhuma estrela – nem o nosso sol – pode ser eterna. Não são compatíveis entre
si o conceito de evolução e o de eternidade, pois evolução diz “começo e
transformação”, ao passo que a eternidade é a negação de começo e
transformação. Sendo, pois, comprovada a evolução do universo, fica comprovado
também que ele teve começo. Nenhuma galáxia é eterna, nem o conjunto das
galáxias é eterno, pois todas se acham em evolução. Em vez de
falar de eternidade do sol ou do universo (como faziam os antigos), a  ciência contemporânea assinala as datas
aproximadas de origem das estrelas e das galáxias.

Uma vez esboçadas estas linhas
de cosmologia contemporânea, procuremos ver como se comporta o ateísmo diante
das conclusões da ciência.

Que diz o ateísmo a
propósito?

Enunciaremos duas posições
do  ateísmo frente às ciências
cosmológicas.

Os antigos gregos e o século
XIX

Na sua carência de
conhecimentos de astronomia, os antigos pensadores gregos (os pré-socráticos,
Platão, Aristóteles, Plotino e outros…) afirmavam que o universo é divino; os
astros seriam substâncias divinas, isentas de evolução, de história, de
envelhecimento; o universo não teria início nem fim, mas seria o Ser  Absoluto.

Esta posição é insustentável
aos olhos da ciência moderna. Não obstante, no século XIX era defendida por
pensadores como Marx e Engels. Este, por exemplo, restaurou a concepção dos
antigos gregos: o universo estaria em movimento cíclico eterno; o universo
seria o Ser Absoluto, para o qual não se deve procurar começo nem fim nem
envelhecimento. O princípio de Carnot-Clausius, que estabelece a entropia ou a
degradação da energia, foi ignorado conscientemente por Engels. Friederich
Nietzsche (+  1900) fez o mesmo: retomou
o tema mitológico do eterno retorno, difundido não só na civilização grega, mas
em outras culturas antigas; em nome desse mito, rejeitou com horror a idéia de
um universo cuja história fosse linear, progressiva e irreversível; aliás, para
Nietzsche, o universo  é um  caos destituído de toda forma. Augusto Comte
(+ 1857), outro ateu do século XIX, proibiu aos seus discípulos o estudo da
análise do espectro, mediante o qual se pode perceber a composição física e
química das estrelas.

Como se vê, o problema para
os pensadores ateus do século  XIX era o
de integrar os dados das ciências experimentais na sua filosofia concebida
abstratamente ou preconceituosamente. Em vez de reconhecer as conclusões
filosóficas a que levavam as pesquisas cosmológicas, distanciaram-se destas,
proclamaram o ateísmo pré-concebido como dogma ou como a única filosofia
científica possível. O ateísmo foi, sim, o dogma do século XIX.

No século XX: divórcio entre
ciência e ideologia

A cosmologia contemporânea,
estudada sem preconceitos, não se concilia com o ateísmo. Com outras palavras:
o ateísmo, do ponto de vista científico, é inconcebível ou impensável. Ele só
pode ser professado e proclamado nas escolas e nas Universidades por quem não
queira levar em conta as conclusões das ciências cósmicas modernas. Por isto
nota-se que famosos pensadores ateus do nosso século  nutriram desprezo pelas ciências naturais.

Com efeito. Tal foi o caso
de Jean-Paul Sartre, que pretendia ignorar as ciências experimentais e
desdenhava a pesquisa das realidades físicas e biológicas. Martin Deidegger,
existencialista, também menosprezava os estudos experimentais. Diga-se o mesmo
a propósito de Albert Camus (1913-1960), para quem o mundo é absurdo.

Entre os filósofos marxistas
da Cortina de Ferro, que naturalmente professam o ateísmo, instaurou-se uma
crise quando os cientistas ou físicos quiseram desenvolver as conseqüências da
lei da entropia. Esta contradizia às premissas do ateísmo, que, para subsistir,
tem de admitir a eternidade  da matéria
ou, ao menos, deve ignorar as conclusões das ciências físicas contemporâneas.
Foi optando por esta alternativa que muitos resolveram o problema na Rússia, na
Polônia, na Romênia (na França também…); julgam que é impossível uma
Filosofia da Natureza ou uma filosofia das ciências experimentais e a ontologia
marxista; para eles, o marxismo se reduz a uma filosofia da história, ao passo
que para Marx, Engels e Lenin ainda era uma filosofia da natureza ou uma
ontologia, que admite o universo envolvido num processo cíclico, para o qual
não havia necessidade de procurar explicação da causa remota, pois o universo
se explicaria por si mesmo. – Aliás, é interessante notar que tanto Engels como
Nietzsche e Heidegger se referem freqüentemente aos mais antigos filósofos
gregos (Heráclito, Parmênides, Xenófanes, Anaximandro); outros ateus se apoiam
em Demócrito e Leucipo, atomistas gregos, todos eles falhos no tocante à
investigação científica, mas tidos como válidos para eliminar o conceito de um
Deus distinto do mundo e Criador deste. Também a filosofia panteísta dos
estóicos é evocada pelos autores ateus modernos, pois esta admite o Logos (a
Razão) imanente no universo, Logos que tornaria o universo inteligente e
harmonioso sem o recurso a um Deus Criador; assim, mais uma vez, o universo com
suas leis se explicaria por si mesmo.

Vê-se, pois, que o conflito
fundamental entre o ateísmo moderno e o monoteísmo (que tem suas raízes no
pensamento hebreu) vem a ser o confronto entre uma cosmologia que faz do
universo um Absoluto, que não precisa de explicação ulterior, e uma filosofia
que relativiza e dessacraliza o universo, reduzindo-o à categoria de mera
criatura de um Ser Supremo distinto do mundo e do homem. Quem terá razão neste
confronto? – A resposta só pode ser deduzida da observação da realidade
objetiva, observação despojada de qualquer preconceito e guiada unicamente pela
evidência das ciências experimentais. Ora quem segue este método, verifica com
muita clareza que os antigos filósofos gregos e os seus discípulos modernos não
tinham nem têm razão.

Resta agora perguntar:

Por que há tanto ateísmo
hoje?

Apontaremos duas grandes
causas de tal fenômeno.

Preconceito contra a
Metafísica

A Metafísica é a reflexão
que se estende para além das coisas físicas ou naturais; é o estudo que procura
não somente as causas próximas, mas as causas remotas ou as causas das causas,
e assim vai penetrando dentro do recôndito do que é ou do Ser; atinge o Invisível
através do visível. Se, por exemplo, vejo 
um raio, sinto a necessidade de explicá-lo; pesquisando cientificamente,
chego à conclusão de que é o efeito de um choque elétrico; mas minha mente pode
não se dar por totalmente satisfeita com esta resposta e, por conseguinte,
indago ulteriormente: donde vem a eletricidade?… Porque existe ela? Quem lhe
deu a existência? Assim aos poucos vou cultivando a metafísica (meta = além; physiká
= as coisas naturais).

A Metafísica foi muito
estimada pelos pensadores até a época moderna. Immanuel Kant (+ 1804) quis
dar-lhe um golpe mortal, afirmando que só conhecemos fenômenos sem poder
penetrar nas suas causas; não atingimos a realidade em si mesma ou como tal.
Augusto Comte (+ 1857) tomou posição semelhante, recusando todo conhecimento
que ultrapasse o das ciências empíricas. Friederich Nietzche (+ 1900), Sigmund
Freud (+ 1939) e seus discípulos também proclamaram a morta da metafísica. –
Tal negativa influenciou não somente os materialistas, mas também os cristãos;
vários destes, embora reconheçam a existência de Deus e dos valores
transcendentais, julgam que estes não podem ser atingidos pela razão, mas
unicamente pela fé. A crença em Deus e nas verdades religiosas seria algo
alheio ao setor da razão; seria uma espécie de convicção que não se poderia
justificar ou explicar racionalmente. Assim há pensadores cristãos que são
kantianos e nos dizem que a análise metafísica do mundo e da natureza é
impossível; a afirmação da existência de Deus nada teria que ver com o estudo
da natureza e do universo; não seria possível uma filosofia da natureza. Tais
pensadores cristãos se encontram assim com os marxistas e os freudianos, e esse
encontro é geralmente fatal para eles, isto é, implica muitas vezes a perda
mesma da crença em Deus. Com
efeito; sem fundamento na lógica e nas categorias da razão, qualquer opção é
meramente subjetiva e arbitrária, carente de solidez e incapaz de se transmitir
de maneira convincente.

A recusa da filosofia da
natureza leva ao velho materialismo do século passado, o qual afirmava que,
destruído o cérebro a consciência humana e se tem a morte absoluta, ou ainda…
que a destruição do corpo humano é a destruição da própria pessoa.

Na verdade, o que é
impossível é destruir a Metafísica ou não cultivar a Metafísica. Com efeito; já
Aristóteles (+ 322 a.C.)
dizia: “Se é preciso filosofar, filosofemos. Se não é preciso filosofar,
filosofemos ainda para provar que não é preciso filosofar”. O que significa:
negar a Metafísica ainda é fazer Metafísica. Negar a finalidade do universo ou
negar Deus é afirmar que o mundo é regido por mecanismos e, em última análise,
pelo acaso. Ora quem postula tais mecanismos, de certo modo está praticando a
Metafísica ou está admitindo algo que a ciência não prova. Quanto ao recurso ao
acaso, é a capitulação da razão; o acaso é o nome “ilustrado” ou “bonito” que o
homem dá à sua ignorância, pois não existe acaso como sujeito ou não existe o
“Sr. Acaso”; este é apenas o cruzamento, para nós imprevisto, de causas que têm
sua finalidade e sua razão de ser vem especificadas (pelo fato de não termos
previsto essas causas se encontrariam, surpreendemo-nos e dizemos que isto se
deu por acaso).

Preconceitos contra a fé
cristã

Numa atitude
antiintelectualista, muitos se fecham em preconceitos contra a fé; deixam-se
guiar não pela razão, mas por sentimentos, “opções” ou displicência. Julgando
que a análise objetiva e racional do fato religioso é impossível ou não merece
ser feita, assumem atitudes arbitrárias, que tais pensadores não saberiam
justificar aos seus próprios olhos.

É certo que, da parte das
pessoas de fé – digamos: … dos cristãos -, tem havido motivo para certa
aversão à fé; assim as falsas interpretações da Bíblia, a piedade adocicada ou
sentimental, os contra-testemunhos decorrentes da fragilidade humana… Muitos
confundem o Cristianismo com aberrações teóricas ou práticas que são
apresentadas ao público; julgam que, para ser cristão, é preciso renunciar à
inteligência ou à cultura. Grande número desses pensadores que se dizem ateus,
na verdade não desdizem à fé no verdadeiro Deus (que eles não conhecem), mas
rejeitam as distorções da autêntica noção de Deus.

Tal situação requer, do lado
dos cristãos, uma revisão do testemunho que dão ao mundo a fim de o expurgar de
deformações e, do lado dos ditos “ateus”, o uso da razão, a fim de que possam
ter conceito mais claro da mensagem da fé e saibam distinguir do acidental  o essencial ou das facetas contingentes a
verdade perene professada pela fé.

Conclusão

Ao invés do que muitos
pensam, a mensagem cristã se prende estritamente ao uso da razão e ao estudo
das ciências experimentais. É preciso banir a suspeita de divórcio entre aquela
e estas. Verdade é que o estudo não prova a verdade intrínseca das proposições
de fé, mas serve para alicerçar a crença. A onda de antiintelectualismo vigente
nos últimos decênios prejudica a vida cristã; esta se torna, em conseqüência,
algo de subjetivo, sentimental, inconsistente e sujeito a perder sua
identidade. As proposições de fé se dirigem à inteligência humana e não apenas
ao coração. – A inteligência foi dada por Deus ao homem para que este não
somente descubra as verdades acerca do mundo contingente e material, mas também
chegue ao conhecimento de Deus como Princípio e Fim de todas as coisas.

Especialmente os resultados
das ciências naturais – e da própria astronomia – interessam grandemente aos
cristãos. A Bíblia não ensina proposições de ordem científica sobre a
constituição e a origem do mundo e do homem, a sua doutrina é de índole sapiencial
ou teológica, de modo que nunca se poderá dizer que há antagonismo entre a
mensagem bíblica e as ciências naturais.

A propósito muito nos
valemos do estudo de Claude Tresmontant: L’Ateismo in questa fine del ventesimo
secolo dal punto di vista scientifico e razionale, publicado na coletânea L’Ateismo:
natura e cause, pp. 127-155. Milano 1981.

¹ Gálaxia é a maior aglomeração
de matéria que conheçamos: contém gás, estrelas, poeira e planetas. As galáxias
começam a existir como imensas nuvens de gás, cuja  condensação produz as estrelas.

 

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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