Assim São João Paulo II explicou a “dormição” da Virgem Maria

A Igreja Católica celebra hoje, 15 de agosto, a Assunção de Nossa Senhora. O papa João Paulo II fez uma audiência geral há mais de 26 anos sobre a Dormição da Mãe de Deus.

Em sua catequese de 25 de junho de 1997, o Papa que consagrou seu pontificado à Mãe de Deus com seu lema “Totus tuus” (Todo teu) recordou que, quando Pio XII proclamou o dogma da Assunção da Virgem Maria em 1º de novembro de 1950, “não quis negar o fato da morte, mas apenas não julgou oportuno afirmar solenemente a morte da Mãe de Deus, como verdade que devia ser admitida por todos os crentes”.

“Refletindo sobre o destino de Maria e sobre a sua relação com o Filho divino, parece legítimo responder afirmativamente: dado que Cristo morreu, seria difícil afirmar o contrário no que concerne à Mãe”, disse o santo que considerava o Terço como sua oração favorita.

Em seguida, São João Paulo II citou dois santos que se referiram a este tema: São Modesto de Jerusalém, falecido no ano 634, e São João Damasceno, que morreu no ano 704.

Este último escreveu sobre a Virgem Maria, que “aquela que no parto ultrapassou todos os limites da natureza”, ao ser assunta ao céu, despojou-se “da parte mortal” para “se revestir de imortalidade, porque nem o Senhor da natureza rejeitou a experiência da morte”.

“É verdade que na Revelação a morte se apresenta como castigo do pecado. Todavia, o fato de a Igreja proclamar Maria liberta do pecado original por singular privilégio divino não induz a concluir que Ela recebeu também a imortalidade corporal. A Mãe não é superior ao Filho, que assumiu a morte, dando-lhe novo significado e transformando-a em instrumento de salvação”, sublinhou o Papa Wojtyla.

“Para ser partícipe da ressurreição de Cristo, Maria devia compartilhar antes de mais a Sua morte”, destacou.

São João Paulo II também afirmou que, embora o “Novo Testamento não oferece qualquer notícia sobre as circunstâncias da morte de Maria”, este silêncio “induz a supor que esta se tenha verificado normalmente, sem qualquer pormenor digno de menção. Se assim não tivesse sido, como poderia a notícia permanecer escondida aos contemporâneos e, de alguma forma, não chegar até nós?”.

O Papa peregrino citou, em seguida, São Francisco de Sales, o qual considerou que “a morte de Maria se tenha verificado como efeito de um transporte de amor. Ele fala de um morrer ‘no amor, por causa do amor e por amor’, chegando por isso a afirmar que a Mãe de Deus morreu de amor pelo seu filho Jesus”.

Em todo caso, “qualquer que tenha sido o fato orgânico e biológico que, sob o aspecto físico, causou a cessação da vida do corpo, pode-se dizer que a passagem desta vida à outra constituiu para Maria uma maturação da graça na glória, de tal forma que jamais como nesse caso a morte pôde ser concebida como uma ‘dormida’”.

“A experiência da morte enriqueceu a pessoa da Virgem: passando pela comum sorte dos homens, ela pode exercer com mais eficácia a sua maternidade espiritual em relação àqueles que chegam à hora suprema da vida”, concluiu.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/assim-sao-joao-paulo-ii-explicou-a-dormicao-da-virgem-maria-72172

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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