As Santas Mães dos MISSIONÁRIOS

Importância das mães no florescimento e crescimento das vocações

ROMA, sábado 12 novembro 2011 (ZENIT.org) – Todos os anos, na “Semana dos defuntos”, em novembro, nas comunidades do PIME temos uma Missa comunitária para os nossos missionários, pais e parentes, amigos e os benfeitores defuntos. Neste ano em Milão dei uma homilia sobre os pais que têm dado os seus filhos a Deus e ao PIME, relembrando a importância da família, como terreno no qual se escondem as vocações consagradas e as orações dos pais pelos seus filhos sacerdotes. Em uma das minhas viagens para visitar as missões, encontrei um missionário que me contava um pouco “da sua vida passada, e confessava ter caminhado fora da estrada, até o ponto de não compreender mais o sentido da sua vocação e de ter tido a tentação de sair do sacerdócio e mudar de direção. Depois, me dizia, entendi que estava errado e agora voltei a estar entusiasmado pela minha vocação.

O que fez você mudar de direção?

– Tenho certeza de que foram as orações da minha mãe, que morreu há poucos anos atrás e que antes de morrer me disse várias vezes: “Olha, meu filho, eu sempre orei por você e pela sua fidelidade à vocação sacerdotal e até mesmo do Céu continuarei a rezar por isso. Olha, concluia, esta frase ficou gravada no meu coração durante anos e, gradualmente, voltei, com a ajuda de Deus, para ser o que eu deveria ser. “

É bom lembrar os exemplos de pais que tiveram uma importância fundamental na vocação dos seus filhos. Não é suficiente rezar pelas vocações sacerdotais, religiosas e missionárias, é necessário que os pais e as famílias criem o ambiente favorável para o florescimento e maturação destes chamados de Deus.

O servo de Deus Mons. Angelo Ramazzotti (1800-1861) fundador do PIME, em 1850, depois bispo de Pavia e Patriarca de Veneza, tinha uns pais, mamãe Julia e papai José, que eram cristãos genuínos, casados em idade não tão jovens, com apenas dois filhos. Iam à Missa todos os dias e à noite, seu pai dirigia a recitação do Santo Rosário em família. Sua mãe Julia comprova a autenticidade de sua vida cristã quando fica viúva em 1819. O primeiro filho Filipe se casa e sai de casa constituindo a sua família.

O segundo, Angelo, mora com sua mãe, estuda, graduou-se brilhantemente em leis e começou a trabalhar em um escritório de advocacia em Milão. Tinha diante dele uma  brilhante carreira como advogado e vive com sua mãe em Saronno. Mas em 1824 Angelo revela que quer se tornar um padre e se dedicar à educação dos jovens: tornou-se um missionário dos “Oblatos diocesanos de Rho” e em 1837 funda na casa natal de Saronno, onde o PIME também nasceu em 1850, o primeiro oratório para as crianças, muito antes daquele fundado por Dom Bosco, em Turim.

A reação da mãe Julia é positiva. Na verdade, acolhe com alegria a notícia, mas sente o dever de advertir seu filho, que já  tinha 25 anos, de ilusões possíveis: “Lembre-se que tornar-se um padre quer dizer iniciar uma vida de sacrifício e de dedicação ao serviço das pessoas: só assim o padre é credível”. Angelo garante que rezou e meditou bem aquela escolha e que cumpriria a palavra dada. A mãe fica do lado dele enquanto têm vida, tornando-se sua colaboradora mais preciosa.

Mons. Gaetano Pollio (1911-1991), arcebispo de Kaifeng, na China, preso sob regime duríssimo, espancado e processado na China de Mao Tze Tung, em seguida, expulso e retornado para a Itália em 1951, foi bispo de Otranto e arcebispo de Salerno. Pollio também lembrou no final da vida, e está na sua biografia escrita pelo padre Amelio Crotti, que a sua família na metade de Sorrento (Nápoles) era muito religiosa e a sua vocação nasceu no colo da mãe Josefina. Gaetano era o caçula de sete filhos. À noite, a família rezava junto as orações de boa-noite, depois em seguida, o pai lia para os filhos e para a mulher um bom livro ou as cartas dos missionários relatadas pelos “Anais da Propagação da Fé”. A vocação do futuro arcebispo da China nasce quando ainda  era uma criança, a partir da leitura de revistas missionárias feita pelo seu pai José. Quando ele viaja à China, os pais se ajoelham diante dele para pedir sua bênção.

Escrevi a biografia do padre Leopoldo Pastori di Lodi (1939-1996), missionário na Guiné-Bissau e morto em odor de santidade. Leopoldo, o quinto de cinco filhos, sempre se lembrava de sua mãe, viúva ainda jovem, que tinha mantido os filhos com seu trabalho como lavadeira. Leopoldo era o predileto que se torna padre e depois missionário. Sua mãe incentivou-o neste caminho e quando ele sai para a Guiné em 1974, diz para ele: “. Vá e nunca mais volte”. Sua mãe Francisca foi uma grande mulher de fé e de intensa vida cristã, tem educado os filhos na oração e na vida da igreja. Será para Leopoldo uma referência emocional e espiritual. Morreu no dia 02 de novembro de 1986, tinha 83 anos.

Desculpe-me se falo dos meus pais servos de Deus: Mãe Rosetta morreu quando eu tinha cinco anos de idade e Papai João foi enviado para a guerra na Rússia quando eu tinha doze anos e não voltou mais. Tornei-me um sacerdote em 1953 e celebrei a primeira Missa em Tronzano (Vercelli). Na homilia, o meu velho pároco deu-me uma notícia que ainda não sabia: “Hoje o Senhor ouviu a oração que o teu pai e tua mãe fizeram quando se casaram em 1928. Eles pediram para ter muitos filhos e que pelo menos um de seus filhos ou filhas se tornasse um sacerdote ou uma freira”. Fiquei sabendo então que mamãe e papai tinham orado por minha vocação sacerdotal, fiquei comovido e comecei a chorar: a felicidade que senti ao me tornar um padre foi pedida pelos meus pais, que me tinham oferecido a Deus antes mesmo de eu ter sido concebido!

Na missa de sufrágio rezamos para que o Senhor conceda muitos pais segundo o seu coração, que orem para que Deus possa escolher um dos seus filhos ou filhas. Eis aqui, queridos irmãos e irmãs, a nossa Missa de hoje: rezamos por todos os pais e familiares dos missionários falecidos e também para que o Senhor dê, também hoje, para a sociedade e à Igreja cônjuges e famílias autenticamente cristãs, das quais possam nascer numerosas vocações sacerdotais e missionárias.

Por Piero Gheddo

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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