Ao encontro do Senhor

RIO DE JANEIRO, quarta-feira, 27 de julho de 2011 (ZENIT.org) – Pelo terceiro domingo consecutivo, a liturgia nos dá uma página de parábolas. Jesus usa as parábolas para facilitar a compreensão do mistério de Deus. Usando imagens conhecidas para aqueles que o escutam, o Senhor mostra sua capacidade comunicativa e a sua vontade. Necessitamos de estar sempre aprendendo a falar, com palavras simples e compreensíveis, os profundos mistérios da nossa salvação!

As parábolas nos remetem a uma opção fudamental de busca sincera do Senhor. Vamos ouvir falar de algo precioso, que muda a vida das pessoas. Um homem encontra um tesouro durante uma escavação, recobre tudo e compra o campo. Um colecionador de pérolas, o objeto mais precioso na antiguidade, encontra uma pérola extraodinária, e a compra. A ideia básica é a mesma: a vida é uma busca, e somente Deus conhece o que pode preencher os nossos corações. Somente Deus sabe o que faz o ser-humano autêntica, verdadeira e profundamente feliz. Às vezes, encontramos Deus sem procurá-lo, como aquele que encontra o tesouro escavando. Outras vezes, ao contrário, o encontro com Deus é o pouso depois de uma longa e laboriosa busca que pode durar toda a vida. O que estamos procurando? Estamos ainda procurando?

Neste final de semana, enviamos os jovens que irão para a Jornada Mundial da Juventude, em Madri, para uma experiência de busca do encontro com Cristo e peregrinação, juntamente com outros milhões de jovens. Eles o fazem justamente porque, de uma certa forma, já encontraram o grande tesouro ou pérola de suas vidas. Mas sabemos que, mesmo que tenhamos encontrado com Cristo, por isso mesmo, necessitamos de busca-lO ainda mais.

O Senhor propõe-se como aquele que preenche o nosso coração. Um fazendeiro e um comerciante encontram tesouros. Encontra o tesouro um que, por acaso, entre espinhos e pedras, em um campo não seu, foi surpreendido; encontra o tesouro um especialista que é apaixonado e sabe o que está procurando, pérolas: é possível a todos, encontrar ou ser encontrado. Encontrando o tesouro, o homem, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo. Interessante que o “vender tudo que tem” a pessoa o faz com “alegria”.

A alegria é o primeiro tesouro que o tesouro oferece. Deus nos seduz ainda porque fala a linguagem da alegria, que move, apressa, faz decidir: “todo homem segue a estrada em que seu coração lhe diz que ele vai encontrar a felicidade”. A alegria é um sintoma, é o sinal de que se está caminhando na estrada justa. Nós caminhamos apaixonadamente pela descoberta de tesouros (onde está o teu tesouro, para lá corre feliz o teu coração); avançamos porque estamos enamorados e é pela alegria que alcançamos aquilo que buscávamos. Vive, verdadeiramente, quem se move na direção daquilo que ama, por uma paixão, e a paixão brota de uma beleza, de ter visto a beleza de Cristo, a vida bem-aventurada do Evangelho.

Mas o dom deve ser acolhido à descoberta, deve responder o compromisso: o agricultor e o comerciante vendem tudo, mas para ganhar tudo. Deixam muito, mas para ter tudo. Não perdem nada, investem. É o apelo do Beato João Paulo II e do Papa Bento XVI, chamando-nos a acolher Cristo e a escancarar os nossos corações pra acolher aquele que não nos tira nada, mas nos dá tudo. Os cristãos possuem um tesouro de esperança, de luz, do céu, do coração, de Deus. Tesouro e pérola que devem ser Cristo para nós, e segui-lO é o que de melhor podemos empreender na vida.

Tesouro e pérolas são nomes que damos para nossos encontros com Deus. Com suas cargas de afeto e de alegria, com a energia avassaladora, com o futuro que abrem, se dirigem para nós, um pouco agricultores e um pouco comerciantes, e nos perguntam: mas Deus, para você, é um tesouro ou apenas um dever? É uma pérola ou uma obrigação?

É tesouro, porque o Evangelho não é simples mortificação, mas expansão de vida; o cristianismo não é somente sacrifício e renúncia, mas oferta de solidariedade que faz florescer incansavelmente a rosa no mundo, a rosa da alegria de viver, porque encontrou o verdadeiro tesouro a verdadeira pérola.

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por Dom Orani João Tempesta
arcebispo do Rio de Janeiro

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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