Alguns temas fundamentais do pontificado de São João Paulo II

Alguns temas fundamentais de seu pontificado

Karol Józef Wojtyla nasceu em 18 de maio de 1920 em Wadowice, Cracóvia, Polônia. Doutorou-se em teologia e filosofia. Teve a experiência pessoal com dois dos totalitarismos do século XX, o nazismo e o comunismo. No dia 16 de outubro de 1978, foi eleito papa e adotou o lema Totus Tuus, Todo teu, para expressar a sua consagração total a Maria, a Mãe do Senhor e da Igreja.

São João Paulo II faleceu em 2 de abril de 2005. O Papa Bento XVI o proclamou beato em 1º. de maio de 2011 e foi canonizado no dia 27 de abril de 2014.

Expõem-se, em seguida, alguns temas fundamentais do pontificado de São João Paulo II.

A realidade primeira e fundamental é o Deus uno e trino, três pessoas em um só Deus. O Pai das misericórdias está próximo do homem, principalmente, no sofrimento. O Verbo divino é Jesus Cristo e torna o Pai de misericórdia presente entre os homens. O Evangelho de Cristo é a verdade sobre Deus, o homem e o sentido da vida. O Espírito Santo dá a vida e convence quanto ao pecado, à justiça e ao juízo.

Cristo é a Cabeça da Igreja que é o seu Corpo Místico. A Igreja é apostólica, petrina e mariana. Maria é Mãe de Deus e da Igreja e seu modelo (Cf. Dives in Misericordia, 2). A Igreja nasce em Pentecostes. A realidade da Igreja abrange os Sacramentos, com especial atenção para a Eucaristia, a catequese, a ser ministrada em diversas situações e ambientes. Encontram-se dificuldades internas do Povo de Deus, a descristianização e o indiferentismo. O Evangelho desenvolve o que é bem, Verdade e beleza em todos os povos (Cf. Slavorum Apostoli, 18).

A antropologia cristã confirma que só o mistério do Verbo Encarnado esclarece o mistério do homem. Cristo revela quem é Deus e o homem a si mesmo. A pessoa é sagrada. O valor e a dignidade da pessoa humana e a igualdade dos homens entre si se fundamentam na sua criação à imagem e semelhança de Deus. A imagem e a semelhança de Deus no ser humano foram ofuscadas e diminuídas pelo pecado, mas, não destruídas. Processa-se a corrupção da civilização humana, a cultura da morte e do direito do homem à vida. A ideologia da morte de Deus resulta na ideologia da morte do homem. O consumismo é uma forma de materialismo.

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A mulher tem em si sua eminente dignidade de pessoa. A igualdade entre o homem e a mulher não anula a diversidade entre ambos. Cristo promove a dignidade da mulher. A dignidade da mulher é medida pelo amor que é uma exigência ontológica e ética da pessoa. O valor da mulher como pessoa humana está em todas as culturas. Encontra-se, entretanto, em um processo de masculinização da mulher. Maria, a mãe de Jesus Cristo, é o novo princípio da dignidade e da vocação da mulher (Cf. Redemptoris Mater, 46).

A moral orienta a ação da pessoa humana, em vista do seu fim último. O agir humano deve seguir o ser-pessoa. A moral implica na visão filosófica correta da natureza humana, unidade de alma e corpo, e da sociedade. A consciência não cria os valores e as normas morais. Praticam-se, entretanto, crimes com a pretensão de direitos e constata-se o “eclipse” da consciência do valor da vida (Cf. Evangelium Vitae, 11). Desenvolvem-se, por outro lado, movimentos a favor da vida, da civilização do amor e põem-se os desafios da bioética.

A Doutrina social da Igreja é a expressão moral em vista do bem comum e integral da pessoa humana. O homem, imagem e semelhança de Deus, participa da obra do Criador. A Doutrina social da Igreja visa o progresso integral em vista das misérias espiritual, moral e material da pessoa humana. Expõem-se a avaliação do socialismo e do liberalismo, o princípio da solidariedade, a civilização do amor e os limites do Estado. O erro fundamental do socialismo é o desaparecimento do conceito de pessoa cuja primeira causa é o ateísmo. O totalitarismo procura destruir a Igreja e absorver a Nação, a sociedade, a família, as comunidades religiosas e as pessoas. A propriedade privada não é um valor absoluto. São abordadas as questões dos sindicatos, do bem comum, dos partidos políticos, da greve, do trabalho, dos deficientes e emigrantes. “A doutrina social da Igreja não é uma “terceira via” entre capitalismo liberalista e coletivismo marxista”. Ela não é uma ideologia (Cf. Sollicitudo Rei Socialis, 41).

A família é o santuário da vida e a Igreja doméstica. Deus criou o matrimônio e a família. Existem forças que procuram destruir e deformar a família. O homem e a mulher são chamados à comunhão, reflexo da comunhão de amor própria de Deus. A família é o valor único e insubstituível para o progresso da sociedade e da Igreja. Cristo revela a verdade originária do matrimônio e o Espírito Santo capacita o homem e a mulher a se amarem. O matrimônio é o fundamento da família e os esposos cooperam com Deus no dom da vida à nova pessoa humana. A virgindade e o celibato pressupõem e confirmam o matrimônio. Os pais são os primeiros e os principais educadores dos seus filhos. O matrimônio é um meio de santificação dos cônjuges. Os cônjuges, no seu caminhar, devem buscar a graça de Cristo (Cf. Familiaris Consortio, 34).

Deus fala ao ser humano, também, pela linguagem de todo o universo. Constatam-se a grandeza e a beleza das criaturas e pode-se ter o conhecimento indireto e imperfeito de Deus por meio delas. Na exploração do planeta, devem-se respeitar as leis biológicas e morais. Constata-se a destruição do ambiente humano. O domínio do ser humano sobre o planeta é ministerial, não absoluto.

A fé e a razão são como “as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade” (Cf. Fides e ratio, Preâmbulo). Desvincular a liberdade humana da verdade leva ao desprezo de Deus e do próximo. A ideologia é a perversão da autêntica filosofia (Cf. Centesimus Annus, 17, 18). A filosofia moderna manifesta a falsa modéstia quanto à verdade sobre o homem, o ser e Deus. Constata-se uma crise de sentido. A pessoa humana tem a obrigação moral de procurar a verdade e aderir a ela. Chama-se a atenção para a síntese entre a fé e a razão realizada por Sto. Tomás de Aquino. Deve-se afirmar a filosofia capaz de passar do fenômeno ao fundamento metafísico do real. Constatam-se os erros e os perigos do ecletismo, do historicismo, do cientificismo e do pragmatismo.

As escolas são instituições da Igreja que devem contribuir para a formação integral da pessoa humana. A Universidade Católica promove o diálogo entre a fé e a razão. As diretrizes do Magistério nem sempre são observadas em escolas católicas e por teólogos. A Universidade Católica, uma comunidade acadêmica, procura, na ciência e na investigação, a verdade e a comunica, após descobri-la. Ela dialoga com os homens de todas as culturas e presta serviço “às comunidades locais, nacionais e internacionais” (Cf. Ex Corde Ecclesiae, 12). A Doutrina social da Igreja deve fazer parte do ensino da Universidade Católica. A Instituição procure a colaboração com as universidades públicas e privadas. Promovam-se, na Universidade Católica, a reflexão entre o pensamento cristão e as ciências modernas, o diálogo inter-religioso e com os membros não católicos e não crentes.

São João Paulo II legou, realmente, à Igreja e ao mundo um grande testemunho e ministrou-lhes um inestimável serviço quanto à verdade, ao bem e à esperança.

Prof. Dr. Paulo Cesar da Silva

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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