Ainda sobre a Teologia da Libertação (Parte 2)

Quando se tenta fazer um julgamento geral, deve-se dizer que, quando alguém procura compreender as opções fundamentais da teologia da libertação não pode negar que o conjunto contém uma lógica quase incontestável. Comi as premissas da critica bíblica e da hermenêutica fundada na experiência, de um lado, e da análise marxista da história, de outro, conseguiu-se criar uma visão de conjunto do cristianismo que parece responder plenamente tanto às exigências da ciência, quanto aos desafios morais dos nossos tempos. E, portanto, impõe-se aos homens de modo imediato o tarefa de fazer do Cristianismo um instrumento datransformação concreta do mundo, o que pareceria uni-lo a todas as forças progressistas da nossa época. Pode-se, pois, compreender como esta nova interpretação do Cristianismo atraia sempre mais teólogos, sacerdotes e religiosos, especialmente no contexto dos problemas do terceiro mundo.Subtrair-se a ela deve necessariamente aparecer aos olhos deles como uma evasão da realidade, como uma renúncia à razão e à moral. Porém, de outra parte, quando se pensa o quanto seja radical a interpretação do Cristianismo que dela deriva, torna-se ainda mais urgente o problema do que se possa e se deva fazer frente a ela.

À guisa de comentário, parece oportuno salientar os seguintes pontos:

A Teologia da Libertação não é um novo tratado teológico ao lado de outros já existentes, mas é uma nova interpretação do Cristianismo, que revira radicalmente as verdades da fé, a constituição da Igreja, a Liturgia, a catequética e as opções morais.

Todos os valores e toda a realidade são considerados do ponto de vista político. Uma teologia que não seja essencialmente política, é encarada como fator de conservação dos apressares no poder.

A dificuldade de se perceber esse caráter subversiva da Teologia da Libertação está, em grande parte, no fato de que os seus arautos continuam a usar a linguagem ascética e dogmática da Igreja, embora em chave nova. Isto dá aosobservadores a impressão de que estão diante do patrimônio da fé acrescido de algumas afirmações religiosas que não podem ser perigosas.

A gravidade da Teologia da Libertação não é suficientemente avaliada; não entra em nenhum esquema de heresia até hoje existente.

O cristão não pode ser, de forma alguma, insensível à miséria dos povos do Terceiro Mundo. Todavia, para acudir cristãmente a tal situação, não lhe é necessário adotar um sistema de pensamento que é anticristão como a Teologia da Libertação; existe a doutrina social da Igreja, desenvolvida pelos Papas desde Leão XIII até João Paulo II de maneira  cada vez mais incisiva e penetrante. Se fosse posta em prática, eliminaria graves males de que sofrem os homens, sem disseminar o ódio e a luta de classes.

(Continuação da página 402)

“Eis os testemunhos de dois sacerdotes que trabalharam de perto com João Paulo I.

Monsenhor Giulio Nicolini, membro da Congregação Vaticana para os Bispos e biógrafo de João Paulo I declarou ao “Corriere della Sera” que dois dias após sua eleição a 26 de agosto de 1978, o novo papa renomeou todos os altos funcionários pelo prazo de cinco anos. Incluiram-se ai o Cardeal Jean Villot como Secretário de Estado e o Arcebispo Paul Marcinkus, chefe do Banco Vaticano. Estes dois prelados, segundo Yallop, seriam suspeitos do crime de “envenenamento” do Pontífice, porque estariam sob o cutelo da demissão. A noticia da confirmação nos postos, observa Nicolini, foi publicada no “Observatore” poucos dias antes da morre do Papa. Nada plausível portanto houvesse qualquer intenção de demissões e conseqüente violência (. . .).

Por sua vez o Padre Mario Senigaglia, de Veneza, secretário particular durante sete anos, do cardeal Albino Lucilani, Patriarca de Veneza, depois João Paulo I, classificou o livro como “romance que falsifica a história”. Em artigo no semanário diocesano “Gente Veneta” (25/06/85) afirma que o Papa morreu de causas naturais acrescentando; “Não é verdade que tivesse saúde de ferro; ele vivia cuidadosamente com seus mil problemas”. Morreu, (disse, “sob o peso do trabalho e da solidão”.

“Foi um trabalho pesado demais para seus frágeis ombros”, insistiu. E na edição do dia 22 do mesmo semanário, Pe. Senigaglia escreve que o patriarca de Veneza fora hospitalizado em oito dias com um espasmo da retina logo que chagou do sua visita ao Brasil. Os médicos, na ocasião, diagnosticaram que o espasmo devia estar relacionado com problemas circulatórios (…)”. Alice Gérin lsnard Tavoral, Rio.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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