Revista: “PERGUNTE E
RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb
Nº 491 – Ano 2003 – p.
193
O texto de Ap 12, 1-17
apresenta uma mulher misteriosa, pois tem muitas faces: é gloriosa e dolorida,
é Mãe do Messias e Mãe de muitos filhos; perseguida é abrigada por Deus durante
mil duzentos e sessenta dias (…)
Quem será tal mulher?
– A melhor exegese responde
que não é uma determinada mulher, mas é a Mulher como tal, enquanto lhe toca
participar do plano de salvação da humanidade. Com efeito, ela perpassa toda a
história da salvação na qualidade de Mãe. Assim a mulher de Ap 12, 1-17 é
– antes do mais, a primeira
mulher, chamada profeticamente EVA; ou seja, Mãe dos vivos; cf. Gn 3, 20. Ela
enfrentará a Serpente maligna e seu descendente esmagará a cabeça desta (cf. Gn
3, 15).
– É, logo a seguir, a FILHA
DE SION ou a Matriz do Messias; o povo de Israel trazia em seu bojo o próprio
Messias; cf. Sf 3, 14. O povo-mãe do Messias é também dito “esposa de Javé”;
cf. Is 54, 4-9,… esposa amada com amor eterno (ver Jr 31, 3; Sf 3, 17).
– A Mulher chega ao auge da
sua grandeza na figura de MARIA SANTÍSSIMA; que é, por excelência, a Mãe do
Vivo e a mais bendita entre todas as mulheres, aquela que todas as gerações
chamam “bem aventurada” (cf. Lc 1, 48).
– A mulher continua a
exercer seu papel maternal na SANTA MÃE IGREJA, da qual nascem pelo Batismo os
cristãos. Todo fiel católico vê na Igreja mais do que uma instituição burocrática;
ele a ama como filho, ele sente com a Igreja, participando das suas dores e
alegrias; as grandes intenções da Igreja são também as suas intenções.
– Finalmente o desempenho da
mulher do Apocalipse se consuma na JESURALÉM CELESTE, apresentada como Esposa
do Cordeiro; cf. Ap 21, 2.
Este breve percurso da
história da salvação evidencia que a Mulher está presente a cada fase da história
na sua função mais típica e bela, que é a de Mãe. Deus que se fez homem, quis
recorrer à mulher como colaboradora (não dizemos “Co-redentora”) muito próxima
do Salvador. O nome “Eva” é um nome que faz parte de cada etapa do plano de
Deus. Esboçado na primeira mulher, ele é plenamente realizado na segunda Eva ou
na Virgem-Mãe, a mais digna das criaturas depois da santíssima humanidade de
Cristo.
A ela o mês de maio é
dedicado pela piedade católica, em 2003 com a intenção especial de pedir-lhe
obtenha paz e harmonia para seus filhos na terra. Continue Ela a interpelar seu
Divino Filho como outrora em Caná da Galileia dizendo-Lhe: “Eles não têm amor
fraterno, eles não se sentem família”.