A intuição do divino

“Querido Deus Pai, tu que és tão bom, perdoa e faz que logo possa receber a vosso filho Jesus. Querido Jesus, os quero tanto, tanto, querido Jesus, tu quando nascestes na gruta em Belém sofrestes tanto também e tivestes tanto frio. Querido Jesus, eu quero remediar estas vossas dores. Querido Espírito Santo, tu que é es o amor do Pai e do Filho, ilumina meu coração e minha alma e abençoa-me.

Essas frases não saíram da pensa de um renomado teólogo, nem de uma venerável religiosa, mas sim das mãos de uma criança de seis anos.

Na cidade eterna, próxima à Basílica de Santa Cruz de Jerusalém, no ano de 1936, a pequena Antonieta Meo, apelidada de Nennolina, teve sua perna amputada devido ao diagnóstico de osteosarcoma, um tumor maligno. A criança, então, começou a escrever uma série de cartas até o dia de sua morte. Os destinatário destas missivas não eram pobres mortais, mas a Virgem Santíssima, o Menino Jesus, o Espírito Santo e Santíssima Trindade. Com simplicidade e tão ardente amor penetrava nestes altos mistérios de nossa fé.

“Eu te bendigo, Pai, Senhor do céi e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos” (MT 11, 25).

Deus muitas vezes não atua conforme os critérios humanos. “Pois meus pensamentos não são os vossos e vosso modo de atuar não é meu, disse o Senhor; mas tanto quanto o céu domina a terra, tanto é superior à vossa minha conduta e meus pensamento sobrepassam os vossos” (Is 55, 8-9). O Altíssimo obra maravilhas através de pessoas que aos olhos do mundo não têm nenhuma importância. Ele escolhe os que são considerados débeis para assim confundir os fortes, e os que são considerados bobos para confundir os entendidos (I Cor 1, 27). A Estes ele pode dar a conhecer verdades que cientistas e filósofos abandonados a seus próprios esforços não atinam.

Em cima da natureza humana criada por Deus está outra criatura, a graça, que aperfeiçoa a natureza e é distribuída a todos na medida determinada unicamente por Ele. Essa vida da graça infundida em nossa alma pelo batismo, se desenvolve através das virtudes e dons do Espírito Santo. Entre eles destacamos o dom da inteligência, que nos dá penetrante intuição das coisas reveladas e naturais em ordem ao fim último sobrenatural.

O Espírito Santo punha em movimento este dom, de maneira particular, na alma de Nennolina, como ela mesma o pedia frequentemente. “Querido Jesus, diga ao Espírito Santo que me ilumine de amor e me encha de seus sete dons”. Possuía um amor tão ardente a Jesus Cristo que inclusive antes de fazer a primeira comunhão, lhe escrevia inúmeras cartas, obtendo a graça de recebê-lo na noite de Natal de 1936, quando permaneceu quase quase uma hora de joelhos em ação de graças, apesar dos graves incômodos que esta posição lhe resultava pelo uso da perna ortopédica. Durante os último dias de sua existência a Eucaristia lhe era levada todos os dias, sendo a última recebida no dia 2 de julho de 1937, um dia antes de sua morte.

Assim, Antonieta, que teve uma curta existência terrena, deixo testemunho de uma denasa e penetrante intuição sobrenatural adquirida através do dom de inteligência, instrumento direto e imediato do Divino Paráclito.

Por María Teresa Ribeiro Matos

 

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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