A Igreja deve ficar na defensiva

Essas são palavras de um dos cardeais mais importantes da Igreja. O Cardeal Gerhard Ludwig Müller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, da Santa Sé, disse aos católicos alemães que a Igreja deve assumir uma posição diferente diante do avanço do ateísmo e do laicismo na política europeia. “Aos poucos deixamos espaço a outros grupos ideológicos e logo nos surpreendemos de repente com a Igreja marginalizada em todas as partes”, ele disse que seguir este caminho de exclusão da fé representa um grave perigo para as nações. “O ateísmo e o secularismo são as principais ameaças para a Europa”.

O Cardeal lembrou que todo o continente europeu construiu sua cultura e sua sociedade sobre raízes cristãs. “Se perdemos estas raízes, no final nos encontraremos não em um ambiente neutro, mas no abismo”.

Por este motivo, exortou aos fiéis a tomarem parte na atividade política de seus países. “Não devemos ficar na defensiva”, com um testemunho de fé “limitado a assistência à Eucaristia dominical”. Diante de uma cultura e uma política cada vez mais contrárias à fé, “necessitamos mais católicos participando na sociedade”, afirmou ao informativo Mittelbayerischen Zeitung.

A Igreja construiu a Civilização Ocidental, em um trabalho de pelo menos oito longos séculos, do IV ao XI, desde que os bárbaros começaram a dominar o Império Romano, porque os Papas, bispos e monges souberam evangelizar os reis, príncipes, imperadores, senhores feudais e reis de origem bárbara como Clóvis, Boris, Recaredo, etc. E a Igreja atuou fortemente na vida política em todos os tempos para que a Civilização fosse cristã. Mas hoje os cristãos estão afastados da política; por isso, certamente temos visto tantas leis anti-católicas, tanta corrupção e tanta imoralidade pública.

“Existem católicos convencidos, trabalhando em todos os níveis da vida política”, expôs o Arcebispo, como exemplo de que é possível e necessário harmonizar a Fé com o serviço ao bem comum do Estado. O Cardeal convidou os fiéis a se candidatarem para os cargos públicos e a participarem ativamente das eleições.

Sobre o mesmo assunto já tem falado o Papa Bento XVI: “Reitero a necessidade e urgência de formação evangélica e acompanhamento pastoral de uma nova geração de católicos envolvidos na política, que sejam coerentes com a fé professada, que tenham firmeza moral, capacidade de julgar, competência profissional e paixão pelo serviço ao bem comum.”(Discurso ao CPL, Vaticano, 15 de novembro de 2008)

O Papa pediu aos bispos que estimulem os fiéis leigos a “vencer todo espírito de fechamento, distração e indiferença, e a participar em primeira pessoa na vida pública”, para construir uma sociedade que respeite plenamente a dignidade humana. Bento XVI insistiu na importância das “iniciativas de formação inspiradas na doutrina social da Igreja, para que quem esteja chamado a responsabilidades políticas e administrativas não seja vítima da tentação de explorar sua posição por interesses pessoais ou por sede de poder”. (ROMA, 26 de maio de 2011 ZENIT.org)

O Concílio Vaticano II, há 50 anos, já tinha dito que: “A Igreja considera digno de louvor e consideração o trabalho daqueles que se dedicam ao bem da coisa pública a serviço dos homens e assumem os trabalhos deste cargo.” (Gaudium et Spes, 75).

Para resgatar os valores cristãos da Civilização Ocidental, a Igreja precisa vencer o medo, sair da defensiva, e levar os seus filhos a retomarem o papel sagrado na política.

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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