“A fé em Jesus, o vínculo com ele, não aprisiona a nossa liberdade”, diz o papa em visita a Veneza

Segundo o ACI Digital (28/04/2024), o papa Francisco teve no domingo (28) uma agenda lotada durante a sua visita de um dia a Veneza, na Itália, em uma viagem que uniu uma mensagem de unidade e fraternidade ao patrimônio artístico da cidade ao longo dos séculos.

“A fé em Jesus, o vínculo com ele, não aprisiona a nossa liberdade. Pelo contrário, abre-nos para receber a seiva do amor de Deus, que multiplica a nossa alegria, cuida de nós como um hábil vinicultor e dá frutos mesmo quando o solo da nossa vida se torna árido”, disse o papa a mais de 10 mil peregrinos reunidos na praça de São Marcos.

Ao focar sua homilia no tema da unidade, um dos pontos centrais articulados nas diversas audiências feitas pela manhã, o papa Francisco lembrou aos cristãos que “permanecendo unidos a Cristo, podemos trazer os frutos do Evangelho para a realidade em que habitamos”.

“Frutos de justiça e paz, frutos de solidariedade e cuidado mútuo, escolhas cuidadosamente feitas para preservar o nosso patrimônio ambiental e humano”, continuou o papa, sentado no centro do palco numa cadeira de veludo vermelho e vestido com uma capa branca.

O papa Francisco chegou a Veneza na manhã de domingo (28) para uma visita de um dia à prestigiada exposição de arte da Bienal – que celebra o seu 60º aniversário – onde o pavilhão da Santa Sé, intitulado “Com os meus olhos”, se enquadra no tema mais amplo deste ano: “Estrangeiros em toda parte”.

A visita do papa também tem um significado profundo, já que Francisco é o primeiro papa a visitar a bienal – onde a Santa Sé mantém um pavilhão desde 2013.

Em sua homilia, o papa Francisco destacou que a nossa relação com Cristo não é “estática”, mas um convite a “crescer na relação com ele, a conversar com ele, a abraçar a sua palavra, a segui-lo no caminho do reino de Deus”.

Francisco baseou-se neste ponto para encorajar “comunidades, bairros e cidades cristãs a tornarem-se lugares acolhedores, inclusivos e hospitaleiros”, um ponto que ele ligou à imagem da cidade de Veneza como um “lugar de encontro e intercâmbio cultural”.

O papa Francisco disse que Veneza “é chamada a ser um sinal de beleza disponível para todos, começando por ser um sinal de fraternidade e cuidado com a nossa casa comum”, continuou o papa, ao destacar a situação frágil de Veneza, que é patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). A cidade enfrenta vários problemas que vão desde o turismo excessivo até desafios ambientais, como o aumento do nível do mar e a erosão.

Depois de rezar o Regina Coeli, o papa entrou na basílica de São Marcos para venerar as relíquias do apóstolo e evangelista antes de partir de helicóptero para voltar ao Vaticano enquanto peregrinos e turistas se despediam dele.

No início da manhã, o papa encontrou-se com detentas, funcionários e voluntárias na Presídio Feminino da Ilha de Giudecca, onde falou sobre o tema da dignidade humana, sugerindo que a prisão pode “marcar o início de algo novo, através da redescoberta da beleza insuspeita em nós e nos outros”.

A visita profundamente simbólica foi seguida de um breve encontro com os artistas responsáveis ​​pelo pavilhão da Santa Sé na Bienal, onde o papa encorajou os artistas a usarem o seu ofício “para livrar o mundo das oposições sem sentido e agora vazias que buscam terreno no racismo, na xenofobia, na desigualdade, no desequilíbrio ecológico e na aporofobia, esse neologismo terrível que significa ‘medo dos pobres’”.

O papa viajou num vaporetto particular, ou ônibus aquático, com a bandeira do Vaticano, até a basílica de Nossa Senhora da Saúde, construída no século XVI, onde se encontrou com um grande grupo de jovens.

Ao refletir sobre a visita como um “belo momento de encontro”, o papa encorajou os jovens a “levantarem-se da tristeza para elevar o olhar”.

“Levantem-se para ficar diante da vida, não para sentar no sofá. Levantem-se para dizer: ‘Aqui estou!’ ao Senhor, que crê em nós”. O papa enfatizou que basear-se nesta mensagem de esperança, baseia-se na perseverança, dizendo-lhes “não se isolem”, mas “procurem os outros, experimentem Deus juntos, encontrem um grupo com quem caminhar para não se cansarem”.

O papa foi à praça de São Marcos em um carrinho de golfe branco aberto com o selo papal, onde encerrou sua visita ao celebrar uma missa. Ao final da missa, o patriarca de Veneza, dom Francesco Moraglia, agradeceu ao papa por sua visita.

“Veneza é uma cidade estupenda, frágil e única e sempre foi uma ponte entre o oriente e o ocidente, uma encruzilhada de povos, culturas e diferentes religiões”, disse Moraglia.

“Por isso, em Veneza, os grandes temas das suas encíclicas – Fratelli tutti e Laudato si’ – são prontamente refletidos no respeito e no cuidado da criação e da pessoa, a começar pelo bom ápice da vida que deve ser sempre respeitado e amado, especialmente quando é frágil e pede para ser acolhido”, continuou o patriarca no discurso de despedida.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/57949/a-fe-em-jesus-o-vinculo-com-ele-nao-aprisiona-a-nossa-liberdade-diz-o-papa-em-visita-a-veneza

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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