A Família: Dom e Compromisso, Esperança da Humanidade – Parte 4

No amplo fenômeno de uma
violência injusta que gera morte, às desigualdades e desequilíbrios de
oportunidades que cobrem milhões e milhões de vítimas inocentes (sem contar a
abominável matança que é o aborto), poderia-se dar uma resposta histórica com
uma eficaz mobilização que está no alcance das nossas mãos,: “Se, fosse
colocado a disposição dos principais objetivos da política para o
desenvolvimento uma décima parte dos meios que nestes dez anos têm sido utilizados
no mundo para armamentos, hoje viveríamos com pouca ou nenhuma desnutrição, com
um número muito menor de enfermidades e invalidez, com um nível de
alfabetização e de instrução muito mais alto, com rendas mais elevadas”68.
Esta conclusão fundamenta-se em dados do Comitê Alemão para a UNICEF sobre a
situação das crianças no mundo de 199569. O documento ao qual me refiro, por
outros aspectos, abre uma porta à esperança: “As condições sanitárias
melhoraram no mundo no decorrer dos últimos 40 anos. Mais do que durante toda a
precedente história da humanidade70”. “Na última década o aparecer da
infância como argumento de interesse público e político foi realmente
impressionante.A atenção atualmente orientada às crianças não se consuma no
princípio que são “as crianças os cidadãos mais vulneráveis” da
sociedade ou o “recurso mais precioso da humanidade”. O século XXI
pertence às crianças”71. Abramos portanto o coração à esperança!

Existem outras formas de
“pobreza” que atingem vítimas na infância, como se tivessem passado
um pente sobre as suas costas e que não limitam-se só à questões econômicas ou
de saúde física e que são hoje, objeto de estudo e análises, por exemplo, nos
Estados Unidos, como diz um artigo, “De que modo a família, nos
E.E.U.U.tornou-se um “tema” liberal”. No campo político,
“os liberais interessam-se, (é um subtítulo), pelas questões morais.

São apresentados aqui alguns
testemunhos dramáticos: “As provas da crescente pobreza das mães sós e do
deteriorar-se físico e mental das crianças, representam o fator mais importante
desta troca de mentalidade. O crescimento do número de divórcios e nascimentos
fora do matrimônio é hoje considerado a causa próxima que está por trás destas
tendências. Se olhamos o divórcio: Nos anos 70 e 80, houve um enorme
crescimento do percentual de divórcios nos Estados Unidos, atualmente
calcula-se 50%”72. É enorme a incidência na queda das condições
econômica73. E o que dizer dos nascimentos fora do casamento!

Aumentam os estudos sérios
sobre o impacto inclemente da ausência do sentido da família na infância e na
juventude. Como não sentir-se gravemente interpelados os dirigentes de um país,
além das denominações políticas? Estabelece-se sem rodeios: “A correlação
entre o crime na idade da adolescência e a desagregação da família é clara.
Louis Sullivan, ex-secretário do Departamento de saúde.diz que mais de setenta
por cento dos jovens homens que encontram-se nas penitenciárias, provêm de
famílias nas quais faltava o pai”74. Em troca, “as crianças obtêm resultados
melhores, quando esperiemtam o compromisso pessoal e o apoio material de um pai
e uma mãe, e quando ambos os pais cumprem com responsabilidade a própria missão
com amor. Índices crescentes de divórcio, de traições, e falta dos pais, não
são simplesmente manifestações de estilos de vida alternativos, mas de esquemas
de comportamento adulto que aumentam o risco de conseqüências negativas para a
criança”75.

Estas informações apenas
somárias, extraídas de fontes de maior credibilidade, nos mostram a gravidade
do problema e a necessidade de fortalecer e ajudar a família no cumprimento das
suas mediações sociais, sem as quais, (e não é retórica apocalíptica), as
civilizações se desmoronam. Ao centro do problema está uma questão de valores,
estilos de vida, comportamentos que incidem na sociedade através da família
existente ou ausente. Convém, de todas as formas, ao Estado, ajudar a família,
a ter “uma vigorosa ética familiar” . Galston76 crê que, uma
democracia justa requer cidadãos virtuosos e que a religião é essencial para a
criação da ética das motivações77 que se nutrem na família.

5. ESPERANÇA DA HUMANIDADE

O tema do Encontro mundial
do Santo Padre com as famílias abre o coração à esperança.

Mira-se ao futuro com total
confiança, não obstante as dificuldades e a hostilidade encontradas, que
enfraquece a instituição matrimonial.

A esperança nos situa na
perspectiva do terceiro milênio, que oferece uma ocasião para olhar ao passado,
fazer balanços, recolher tantas lições da história na peregrinação da Igreja
sobre o olhar de Deus em caminho com a humanidade, e sobretudo para celebrar a
fé com firmes compromissos, tomando nas mãos o futuro, que pertence a Deus, e
diante do qual temos que assumir a nossa responsabilidade. Não podemos desertar
nas batalhas decisivas da humanidade.

A família “vincula-se
diretamente com o mistério da Encarnação e com a própria história do
homem”, observa o Santo Padre na Carta Apostólica Tertio Millenio
Adveniente (cf. n. 28), pela ocasião do Ano da Família. Desde Nazaré, onde
“o Verbo se fez carne” (Jo 1, 14), liga a mensagem sublime da Sagrada
Família, modelo das famílias, fonte inesgotável de espiritualidade e das novas
energias que vêem desde o Ressuscitado, que atua, com uma dinâmica
transformadora, no próprio coração da história, nessa especial revelação do
mistério, na plenitude dos tempos, que identifica-se com o mistério da
Encarnação (cf. Tertio Millenio Adveniente, n. 1).

Em Cristo, no qual,
“revela plenamente o homem ao próprio homem e faz descobrir a sua
altíssima vocação” (G.S. 22), decifra-se também o mistério desta célula
primordial da sociedade, comunidade de toda vida e de amor, na qual, como nas
bodas de Caná, o Senhor está presente.

O senhor segue em direção às
famílias, iluminando-as, fortalecendo e redimindo o seu amor, caminhando junto
a elas, num diálogo de premorosa solicitude, que precisa descobrir na fé, na
oração. Não em poucas circunstâncias, é uma peregrinação difícil, onde
percebe-se a amargura do não obtido, talvez combates perdidos, e da erosão de
muitos lares, porém aonde graças ao contato com os peregrinos de Emaús, em uma
causa que parecia deixar em pedaços, renasce a esperança.

O amor redimido conserva
energias maravilhosas para responder aos desafios e assumir as necessárias
responsabilidades, que o Senhor confia à família e sem as quais a humanidade e
a própria Igreja estariam condenadas ao fracasso. Se o futuro da humanidade
passa pela família, faz-se necessário ponderar as vastas oportunidades que o
futuro prepara e pensar que em boa parte, respondendo ao Senhor da história, a
família é arquiteta do seu próprio destino. O Papa indica: “É por isto
necessário que a preparação ao Grande Jubileu, passe de certa forma, através da
Família”. Por acaso não foi através de uma família, a de Nazaré, que o
filho de Deus entrou na história do homem? (Tertio Millenio Adveniente, n. 28).

O Senhor, que habitou entre
nós (Jo 1,14), que montou, por assim dizer, como sugere a linguagem bíblica,
sua tenda, no nosso meio, assim fez, neste lugar concreto de Nazaré, onde Jesus
recebeu as primeiras lições, na obediente procura de seus pais.

A celebração do Encontro
mundial do Rio requer essa atitude aberta, alegre e contemplativa, na qual o
mistério da família descobre e se aprofunda no Senhor. Esta é a razão pela qual
queremos que a preparação de tal evento, assuma a forma de uma
“catequese”,no qual milhares de familias em diversas partes do mundo
estão refeletindo, guiadas pela doutrina da Igreja, em clima de oração, com a
certeza que o Senhor as acompanha.

Esperar é algo que está
inscrito no dinamismo humano. Faz parte da índole essencial do homem e é fator
determinante, escreve um filósofo, o esperar e o modo como se espera78. A
existência humana é determinada só pela assunção do presente, mas também pela
memória do passado e pela expectativa do futuro, no sentido da esperança ativa,
que nos abre para um bem, o conjunto de bens que desejamos. É pois, próprio do
homem, esperar, ter esperança. Para o cristão esta esperança se projeta em Deus. Isto gera uma
atitude de confiança sem limites na proteção e ajuda de Deus, de tal forma que
quando a confiança não se põe em Deus, comenta um autor, a confiança torna-se
certeza irresponsável, destinada a ser destruída79.

Se bem, por outra parte,
como notava um escritor espanhol, Eugenio D’ors, a esperança era “a
virtude que é a pior fama” , e Chamfort, atrevia-se a dizer que “é um
charlatão que nos engana sem cessar”, vivemos um momento da história em
que é preciso recompor as coordenadas dessa esperança, daquela verdadeira, que
como a verdade e o e amor autêntico, não enganam, porque por último não são
construções feitas pela mão humana, e em tal sentido, não é “certeza
irresponsável”, frágil e enganadora, mas, dimensão necessária que se
cimenta no Absoluto de Deus.

Em virtude da grande certeza
do triunfo de Cristo, Salvador dos homens, triunfo que é nosso porque nos faz
partecipantes, a esperança nos oferece o modelo, a aparênciae e a garantia da
confiança. Dá vigor e orientação ao caminhar, como comportamento moral. São
João da Cruz falava de um “revestimento de cor verde”80. Esta firme
esperança e confiança são absolutas porque se apoiam nas promessas divinas81.

Ensina o Catecismo da Igreja
Católica : “A virtude da esperança corresponde a aspiração da felicidade
colocado por Deus no coração de todo homem ; esta assume-se na inspiração às
atividades dos homens; purifica para ordená-las aos Reino dos céus ; protege
contra o desânimo, sustenta em todos os momentos de abandono; dilata o coração
na espera da bem-aventurança eterna. O impulso da esperança preserva do egoísmo
e conduz à alegria da caridade” (n. 1818).

Com a esperança lançamos
para os céus nossa âncora, ali onde o Senhor já uniu. Jesus, que já penetrou na
eternidade, é quem volta para este encontro definitivo com a humanidade, que é a
parusia. Por isso a esperança nos situa no terreno da história e da
escatologia.

Como elevar os nossos
corações à esperança, enquanto um conjunto de sinais levam a dúvidas, algumas
fundadas, sobre sua sobrevivência, pelo menos segundo os esquemas atuais?
Existem sintomas evidentes de erosões, especialmente em alguns países, e
anunciam-se fissuras preocupantes nas estruturas familiares em espaços mais
amplos. Recordamos como a dúvida sobre a continuidade da família no futuro era
alimentada nos foros internacionais, durante o Ano Internacional da Família, na
corrente de “A família incerta” segundo as posições de L. Roussell82.

Todavia, pode ocorrer que as
projeções representem uma ampliação indevida num plano universal de fenômenos
que revestem características preocupantes em determinados países. Também
naqueles mais atingidos pela sistemática destruição da família com “a
conspiração” do Estado, é necessário perguntar-se se não surgirá no futuro
novas tendências e reações firmes que impõem forças políticas, começando com os
mais comprometidos esforços pastorais dos cristão, em direção a novos rumos e
modificações. Dão-se sinais esperançosos que revelam uma nova dinâmica.

Em todo caso, será possível
que povos que receberam abundantes lições da história, caminhem para uma
aventura com trágico final ?

Vimos como certas conclusões
derrotistas dão pouca consideração, em relação a preocupação fundamental da
continuidade da família e com os muitos dados existentes nas pesquisas
sociológicas, sobretudo nas respostas dos jovens, que aspiram na grande
maioria, formar um lar estável. Outro aspecto seria ver, se de fato a conduta é
adequada ao que expressam como ideal83. As amargas experiências de um insucesso
social sugerem já a alguns políticos, conseqüentes políticas financeiras e
atitudes de apoio e proteção à família.

Nas etapas finais do Ano
Internacional da Família respirava-se uma atmosfera mais positiva do que
rarefeita, com a qual se deram os primeiros passos e maior tranqüilidade no
trabalho em relação aquele início frenético.

Havia falado do novo modo de
tratar a família, por exemplo, nos Estados Unidos, já que a família tenta
recuperar um interesse político84.

Não podemos deixarmos levar
por uma espécie de “determinismo” de sabor fatalista, de tal forma
que haja um rendimento sem luta diante do que pareceria ser uma tendência
inevitável de eclipse da família. Tratando-se de uma instituição, desejada
expressamente pelo Criador, não se deveria manifestar no coração dos povos e
das pessoas uma busca do bem necessário para os esposos, os filhos e a
sociedade?

Vimos que a família pode ser
o centro das mediações sociais, e que existem mediações essenciais prontas a
reconhecer e preservar á família como espaço privilegiado da humanidade e
salvá-la da mesma. Revela-se, com a ajuda das ciências, uma nova imagem da
“cidadania da família”, inseparável da sua missão educadora ao
serviço da identidade da pessoa humana. É aqui aonde seguramente temos que
procurar as mais ricas possibilidades da família, sem nos apegarmos a outras
formas de presença e mediações da mesma, sujeitas a outros momentos da história
e modalidades culturais.

Esta mediação necessária nos
conduz a privilegiar a dimensão do filho, como caminho real para o resgate da
instituição familiar e para seu fortalecimento, precisamente porque os filhos
são aqueles em revelam o perfil o modo de ser, e de viver em casa.

Permitam-me um parêntese. Em um Congresso mundial
das famílias em Malta, novembro de 1993, promovido pelas Nações Unidas, o
principal (e era sintomático) relator convidado foi o sociólogo francês L.
Rousell. As previsões para o futuro da família eram carregadas de sombras.
Diria-se que morria a esperança. O interroguei no final, como se me movesse a
“spes contra spem”, pelo qual Abraão mereceu o elogio. O perguntei
se, de verdade não via nenhuma saída, porque assim, a humanidade caminharia
para o vazio. Refletiu um momento. Ofereceu-me seu livro, que já havia lido com
interesse. E me respondeu: “Começo a pensar em uma luz no final do túnel e
é o filho. Sim, nos filhos existe uma luz e uma saída. Mesmo se, essa
“saída” não percebe-se na sua obra, confesso que esta é uma pista
fundamental.

É o serviço aos filhos, a
atenção amorosa a eles, o que pode liberar dos tentáculos do egoísmo, que
fecham tantos casais em um “egoísmo entre dois”, e a sociedade os
asfixia com valores que provocam as crises da humanidade. Os filhos, frutos do
amor, evangelizam e liberam aos próprios autores, unidos em Deus, na sua vida.
A missão central do casal, não se opõe, mas dá plenitude ao amor conjugal, e é
preservada pelos filhos de reduzir-se ao pensamento de solucionar “seus
problemas”, sem deixar espaço a eles, com seus direitos e sofrimentos.

Em muitos lugares a
sociedades corre o risco do envelhecimento, sobretudo no espírito, (não tazendo
muitas considerações referido ao “inverno demografico”), a luz vem do
alto, na nova vida que vem de Deus, vem “do alto” o Senhor, Salvador
do mundo.

Seja-me permitido uma
observação de caráter artístico. Um prestigioso escultor espanhol, Luis Antonio
Sanguino, presenteou generosamente sua obra “Sanctuarium vitae”. É um
belíssima escultura, como um canto à vida. Das mãos de Cristo, traspassadas por
pregos- mãos de Deus, paneleiro do homem, em forma de berço, surge a vida no
recinto luminoso de uma mulher, a mãe: é o ventre do qual o
“nasciturus” dorme. Surge como uma árvore, que dá vida, com a
família: são crianças de todas as raças. Com rostos sorridentes, em sinal de
vitória, levantam seus braços para o céu, para a luz. A luz que no ventre bendito
das mães, ilumina o amor dos esposos, das famílias, do mundo, com maior poesia
e realismo que só a luz que se percebe no final do túnel. É a luz de quem,
desde Nazaré e Belém, ilumina todo homem que vem a este mundo (cf. Jo, 1,9).

Quero concluir esta dissertação
artística com outra recordação e reconhecimento ao dom que recebemos.

O célebre artista religioso
italiano Enrico Manfrini deu de presente para o encontro mundial um belíssimo
baixo relevo da Sagrada Família de Nazaré. O escultor, que enriqueceu o
patrimônio artístico cristão com numerosas obras, tem 83 anos e trabalha com
entusiasmo juvenil no seu atelier em Milão, ao lado de sua esposa. É um vivo
testemunho de um lar realizado na serena felicidade de um casal, que como conta
o livro de Tobias, envelhece sobre os olhos de Deus (Tob. 14, 2). Perguntava a
mim mesmo: Como a essa idade podem as mãos serem tão dóceis à inspiração que as
move, laboriosas e minuciosas como as de um jovem, basta tocar o rosto
admirável de José, Maria e Jesus, que enchem de luz a humilde casa, de Nazaré?

Parece-me que o segredo do
frescor deste artista está no amor conjugal e dos filhos, com que o Senhor os
abençoou. Nazaré, Belém, Caná nos falam da família e da poderosa presença do
Senhor que se prolonga na história. Na Carta às Famílias Gratissimam sane o
Sucessor de Pedro apontava o “esposo”, que está dentro da família. É
Ele quem une os esposos no mistério da sua Aliança; Ele quem renova o amor
desta recíproca entrega na comunhão familiar, dom-compromisso, que funda suas
raízes em Deus; Ele quem transforma água em vinho e acode e ajuda o novo lar,
nessa cadeia de novidades que continua no decorrer dos anos; Ele que contagia
com a esperança, porque é Ele a esperança.

1 O II Encontro Mundial do
Santo Padre com as Famílias, se realizará no Rio de Janeiro, nos dias 4 e 5 de
outubro de 1997 e será precedido do Congresso Teológico – Pastoral, que se
realizará nos dias 1, 2, 3 do mesmo mês, e que reunirá 2500 participantes
delegados das Conferências Episcopais, teólogos, pastores e representantes de
movimentos apostólicos da família e da vida, de grupos, associações empenhadas
na importante causa da Igreja doméstica, santuário da vida.

2 cf. p. ex., Exortação
Apostólica Familiaris Consortio, nn. 11-16: Carta aos chefes de Estado de todo
mundo de 14 de março de 1994: Carta às Famílias, Gratissimam sane, nn. 6-12.

3 Alguns traduzem “um
único ser”, tornando mais profundo o significado da expressão bíblica.

4 cf. H. Schlier, A Carta
aos Efésios, Paideia, Brescia 1973, pág. 414 – 415

5 cf. Rituale Romanum, Ordo
celebrandi matrimonium, n. 74.

6 Ritual de celebração do
matrimônio, citado em Gratissimam sane, carta às familias, n. 11.

7 M. Thurian, Mariage et Celibat. Dons et appels, Taizé,
1977, pág. 27 -28.

8 C. Rocchetta, Il sacramento della coppia, EDB,
Bolognia, 1996, pág. 42.

9 Joachim Gnilka, O
Evangelho de Mateus, I-II parte Ed. Paideia, Brescia, 1990, pág. 229.

10 João Paulo II, Uomo e
donna lo creò – catechesi sull’amore umano, Città Nuova Editrice – Libreria
Editrice Vaticana, 1985, pág. 97.

11 Ibid., pág. 468, n. 4.

12 Ibid., pág. 59.

13 Cf. M. Yourcenar,
Mèmories d’Hadrien, Gallimard, Paris 1974, pág. 21-22.

14 Ibid., pág. 34.

15 Francisco Gil Hellín,
“El matrimonio: amor e instituiciòn”, em Aa.Vv., Cuestiones
fundamentales sobre matrimonio y famiglia, Universidad de Navarra, Pamplona,
1980, pág. 239.

16 A. Quilici, Le fiançailles. Paris, Le Sarment/Fayard,
1993, pág. 135.

17 J. Ratzinger, Le mariage
et la famille., pág. 311.

18 “O amor que fala-se
é o “amor coniugalis”, isto é, não o simples sentimento e impulso
cego e irresistível exposto à instabilidade da paixão, mas aquele afeto
“eminentemente humano” que , assim como procede da vontade e assume
todas as manifestações da tendência natural. Parte do que é mais nobre da pessoa,
afeto da vontade; e dirige-se ao seu fim, abraçando todo o bem da pessoa
amada” (Francisco Gil Hellín, o. c., pág. 236-237)

19 Francisco Gil Hellín,
ibid., pág. 240.

20 Antonio Miralles, Il
matrimonio, Ed. S. Paolo, Milano, 1996 pág. 82.

21 S. Joannes Chrisostomus,
Homilia in Eph., 20, 8.

22 Cf. A. Miralles, o. c.,
pág. 81.

23 Cf. H. Schlier, o. c.,
pág. 415.

24 M. Zerwick, Carta aos Efésios, Herder, pág. 166.

25 C. Rocchetta, o. c., pág. 42.

26 Santo Agostinho, De bono
coniugali, 24, 32.

27 Francisco Gil Hellín, Il
matrimonio e la vita coniugali, Libreria Editrice Vaticana, 1996, pág. 237 e
244s.

28 João Paulo II, Uomo e
donna lo creò, pág. 468.

29 C. Rocchetta, o. c., pág. 101.

30 Cf. Antonio Miralles, o.
c., pág. 74-75.

31 O Santo Ofício de então,
no decreto de 1° de abril de 1944, já tinha recusado a posição representada por
Doms e Krempel (Dz-Sch., n. 3838) e Pio XII havia indicado o fim primário e
íntimo da procriação, no discurso aos Obstétricas de 29 de outubro de 1951, e
havia sublinhado que “tudo o que tem de mais espiritual e profundo no amor
conjugal como tal, foi posto, por vontade da natureza e do Criador, ao serviço
da descendência” (Matrimonio e famiglia nel magistero della Chiesa, n.
264).

32 Assim, com o uso
escolástico do objeto formal, o Pontifício Conselho para a Pastoral para os
agentes sanitários refere-se a saúde na consideração da enfermidade, portanto
da saúde que deve ser curada cuidada e é enfocada a enfermidade e a dor humana.
(cf. Pastor Bônus, art. 152, 153).

33 Giuseppe Angelini, Il
figlio, una benedizione, un compito, Vita e Pensiero, Milano, 1991, pág. 164.

34 Hans Urs Von Balthasar,
Homo creatus est, Morcelliana, Brescia, 1991, pág. 186.

35 Giorgio Campanini, Realtà
e problemi della famiglia contemporanea, Ediz. Paoline, Torino, 1989, pág. 105.

36 Cf. ibid., cap VII. pág.
104-111.

37 O Pontifício Conselho
para a Família realizou os seguintes Encontros Pastorais relacionados ao tema
da criança:

. Os direitos das crianças,
em Roma, junho 18-19 de 1992.

. A exploração das crianças
na prostituição e pornografia, Bangkok (Tailândia), setembro 9-11 de 1992.

. O trabalho das crianças,
Manilha (Filipinas), julho 1-3 de 1993.

. A adoção infantil, Sevilha
(Espanha), fevereiro 25-27 de 1994.

. Os meninos de rua, Rio de
Janeiro (Brasil), julho 27-29 de 1994.

38 M. Zundel. Recherche de la personne, Desclée, Paris,
1990, pág. 54.

39 Cf. Pierre Grelot, Jesus
de Nazareth. Christe Le Segneiur, vol. I, Ed. du Cerf, Paris, 1997, pág. 298.

40 G. Angelini, o. c., pág. 172.

41 Ibid., . pág. 180.

42 Aristóteles, Etica
Nicomachea, VIII, 12.

43 G. Campanini, Famiglia, in Nuovo Dizionario di
Teologia Morale, San Paolo, Milano, 1990, pág. 410.

44 Ibid., pág. 410.

45 Pierpaolo Donati, La
nuova cittadinanza di famiglia, in Terzo rapporto sulla famiglia in Italia,
CISF, Edizioni Paoline, Cinisello Balsamo, 1993, pág. 26.

46 F. Chirpaz, Diffícile rencontre, Ed. du Cerf, Paris,
1982, pág. 70.

47 Paul Moreau, Les valeurs
familiares. Essai de critique philosophique, Ed.du Cerf, Paris, 1991, pág. 145.

48 Ibid., pág. 149.

49 G. Campanini, o. c., pág. 411.

50 N. Luhmann, quis dar voz
científica à hipóteses que os indivíduos não devem ser ligados da proveniência
da família. Seu papel é irrelevante (N. Luhmann, O sistema social família, em A
pesquisa social, 1989. n. 39, pág. 235-352). Menos ainda deve ser tomada como
um “subsistema social”. (Com isto fixa-se a negação concreta da
família como sujeito soberano, com direitos específicos). Não pode e nem deve
medir nada entre o indivíduo e a sociedade, nem sequer na relação entre os
sexos (cf. N. Luhmann, Mulheres, Homens, Iusea, Paris-Lecce, 1992, pág. 52-70).

51 P. Donati, o. c., pág.
28.

52 Ibid., pág. 31.

53 Ibid., pág. 59.

54 Cf. ibid., pág. 61.

55 Reconhece Donati a
dificuldade crescente de algumas mediações ou o seu caráter redutivo, por ex. a
escola, os serviços de saúde, o poder (economia)- com referência a questão
italiana. Em geral, mirando alguns países, poderia-se pensar que “parece
que a família não existe: existem “o casal”, “as mulheres”,
“as crianças”, “os anciãos”, quer dizer, somente categorias
genéricas” (o. c., pág. 61). Ressurge o interesse, todavia, em comprovar a
importância no campo econômico (na micro e macro economia) (cf. Família e Vida
, Revista do Pontifício Conselho para a Família, n. 2/1996).

56 cf. P. Donati, o. c.,
pág. 65.

57 Ocorreria aqui recorrer
as válidas apreciações feitas por Butiglione em tratar o tema da família como
comunhão de pessoas, e concretamente sobre a função da mãe e do pai (cf. R.
Buttiglione, L’uomo e la famiglia. Dino Editore, Roma 1991, pág. 121, 141).

58 Donati nota:
“Subjetividade da família significa, por último, que a família é um bem de
mediação e vem a ser um “novo bem ” que é o sentido, vivido e buscado
com intencionalidade do sentido próprio, não subordinado ou dependente de
outros conteúdos ou contatos variáveis” (o. c., pág. 70).

59 Carta dos Direitos da
Família, Edizi. vaticana, Cittá del Vaticano, 1983, Preâmbulo, E.

60 Comenta Donati que
“se a família não tivesse mais nenhuma referência de cidadania, serviriam
menos regras fundamentais de convivência inter-humana, e, com elas,
desapareceria a orientação feita da pessoa humana como sentido de pertencer e
identificar-se. (o. c., pág. 71).

61 Abre-se a um conjunto de
relações pessoais no interior da família e na relação com a sociedade. O
professor de Bolonha observa: “promover a cidadania da família, significa
optar por decisões que se movem na direção de um democracia mais completa: uma
democracia da solidariedade, participação e autonomia das pessoas individuais
como indivíduos na relação uns com os outros” (ibid., pág. 73). Algo desta
perspectiva estava inscrita no tema do Ano Internacional da Família pela ONU:
“Construir a menor das democracias”.

62 P. Donati, o. c., pág.
76.

63 Ibid., pág. 80.

64 Ibid., pág. 79.

65 Ibid., pág. 77.

66 Cf. Art. VIII. Carta dos
direitos da Família.

67 Cf. Concilium 2/1996.
Aborda-se a tragédia da pobreza como “catástrofe silenciosa” das
40.000 crianças que morrem cada dia pela desnutrição ou enfermidades. As 150
milhões de crianças que vivem com saúde e crescimento precários e as 100
milhões dos 6 a
10 anos que não vão à escola”. As injustiças seculares, a falta de
solidariedade e oportunidades, não obstante trocas favoráveis e novas
possibilidades (Concilium, 2/1996, pág. 22).

68 Ibid., pág. 20.

69 O parágrafo que recorro
continua: “E com mais baixa taxa de natalidade, com menores problemas
sociais e ambientais, com menos guerras civis e refugiados e menores conflitos
internacionais” (ibid.). Como tenho sérias dúvidas sobre o dado da taxa de
natalidade, que provêm de uma visão demográfica não tão correta, prefiro
posicionar aqui esta observação. Caberia observar que, se os enormes recursos
econômicos que hoje dedicam-se a um controle da natalidade sem contemplação, se
orientassem à formação da família, caminharia-se por melhores caminhos.

70 Concilium, o. c.

71 Ibid., pág. 22-23.

72 Cf. Don Browning, Em que
maneira nos Estatodo Unidos a família tornou-se um “tema liberal”,
Concilium, 2/1996, pág. 52-53.

73 Dez por cento das crianças
brancas e quatorze por cento das negras com pais separados, caíram na pobreza
no ano sucessivo (.) Quarenta e cinco por cento das famílias com filhos abaixo
de dezoito anos, cuja responsabilidade é sob uma mulher, são pobres, ao
contrário dos sete por cento das famílias cuja condição está confiada a um
casal” (ibid.).

74 Artigo citado, pág. 54.
Não podemos nos deter nos dados sobre suicídios, doentes mentais, que são
assustadores!. O mesmo no que refere-se ao aproveitamento acadêmico. Enormes
são os custos! A déclinio econômica, também, tem correlações evidentes, em
certas trocas culturais com a tendência “cada vez mais acentuada a
resolver o conflito de interesses entre os adultos e as crianças em favor dos
primeiros” (ibid., pág. 55).

75 Beyond Rhetoric, A New
American Agenda for children and families, U.S. Government Priting office,
Washington, D.C. 1991, XIX, em Concilium, 2/1996, pág. 59.

76 Galston é um famoso
filósofo moral, autor do livro Liberal Purposes (Cambridge University press,
Cambridge 1990) (e que inspiraria certos mudanças na política Clinton). Estuda
a democracia aristotélica que pressupõe que os cidadãos possuem um grau elevado
de virtude e de caráter moral.

77 Cf. Don Browning,
Concilium 2/1996, pág. 65.

78 Cf. H.G. Gadames, Plato
dialektische Ethik, 1931, 138.

79 Cf. R. Bultmann, Elpis,
em Grande lessico del N. T., Paideia, Brescia, II, pág. 518.

80 San Giovanni Della Croce,
Notte oscura, III, 21, 6.

81 A esperança não é algo marginal, nem muito menos no
mundo da filosofia. Kant recordava que toda filosofia se relacionava com quatro
interrogações fundamentais, das quais a terceira seria: “O que me é
permitido esperar?”. No fundo, comenta J.L. Bruges, toda religião nasce de
uma interrogação sobre o futuro (cf. Dictionnaire de la morale catholique, CLD,
1991, pág. 153). Dar também novas exclamações na teologia (ibid.).

82 Suas hipóteses tem sido
objeto de consideração em outras minhas relações. Enfoca especialmente a
situação da França e quem sabe de alguns outros países da Europa ocidental.

83 Outros estudos mostram
como cresce o número das relações pre-matrimoniais e do adiamento da data do
mesmo. Vários fatores os levam a não abandonar a casa. É novo e preocupante o
fenômeno da “adolescência prolongada”.

84 Se as políticas
demográficas e abortistas são lamentáveis, observa-se um esforço de
representar, da parte dos políticos liberais, como defensores da família (cf.
Concilium, 2/1996, pág. 48-65).

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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