A droga que sorri

A morte, às vezes, mostra um rosto simpático. Aprendamos a desmascará-la!

Roma, terça-feira, 6 de novembro de 2012 (ZENIT) – O que está acontecendo com a nova geração? Por que alguns jovens rejeitam a ideia de se divertir com tranquilidade, sem cair em excessos? Drogas e álcool acham cada vez mais espaço em locais de lazer e diversão.

É claro que não devemos cair na armadilha de generalizar, porque nem todas as baladas têm armadilhas. Há muitas pessoas que se esforçam para criar espaços seguros de diversão, onde os jovens estão protegidos. É um erro atacar todo o universo dos clubes noturnos: temos que respeitar quem procura fazer o seu trabalho a sério.

Porém, não podemos fechar os olhos para um fenômeno que precisa ser cuidadosamente vigiado.

O ambiente das baladas não é nenhum lugar satânico a ser visto sempre com um pé atrás. Ele dá uma resposta a um desejo compreensível dos jovens, de se reunir para “agitar” e encontrar os amigos. O problema é que, às vezes, ambientes que deveriam relaxar e divertir escondem sérias ameaças.

Particularmente perigosos são os excessos das raves, imensos encontros musicais em locais isolados, longe dos centros, com alto consumo de drogas e álcool. Nesse tipo de contexto, o principal instrumento de autodestruição é o ecstasy, uma pílula colorida vendida nas raves e também em diversas baladas e casas noturnas. Entre os fatores que têm incentivado a sua expansão, merece atenção a sua aparência sedutora.

Poderíamos chamá-lo de “droga que sorri”, por causa do seu visual engraçado, divertido. Não surpreendentemente, ele é muitas vezes fornecido na forma de pastilhas que retratam personagens de desenhos animados (reproduzidos ilegalmente). São figuras enganadoras, destinadas a esconder a natureza perigosa do que é de fato consumido.

A armadilha do ecstasy consiste em dar aos jovens a ilusão de assumir “superpoderes” como os de alguns heróis do mundo dos quadrinhos. Ele é ingerido com facilidade e não levanta preocupações de outros tipos de drogas, como, por exemplo, o risco de contrair aids. Produz um estado de excitação anormal e uma perda de consciência das reações do próprio corpo.

Às vezes, no delírio das raves, o ritmo da música é tão martelado que o ecstasy se torna um combustível necessário para se manter no ritmo. Música e droga se tornam um: se alimentam e se apoiam mutuamente. Cada um, para existir, precisa do outro.

O risco mortal do ecstasy está ligado ao calor, causado pela atividade física excessiva e por um aumento crítico na temperatura do corpo. O usuário se ilude, por um momento, achando que se tornou um super-homem. Mas, depois, os efeitos podem ser devastadores.

O ecstasy é uma droga erroneamente considerada “possível”: muitos adolescentes se enganam pensando que podem conviver com ela. Quem consome o ecstasy rejeita a ideia de ser um drogado. Pensa apenas em viver um instante de transgressão, para depois retornar à vida normal. Mas isto não passa de um engano.

O paradoxo é que a balada nasce como um meio de diversão e de entretenimento. Uma forma como qualquer outra de relaxar depois de uma semana de estudo ou trabalho. Deveria ser um interlúdio de descanso.

Mas o oposto acontece com muita frequência. Os jovens, depois de uma noite de balada, estão cansados. Exaustos. Literalmente sacudidos. Tudo menos descansados.

Passar uma noite relaxante com os amigos não exige varar a noite, ficar bêbado nem se drogar. Basta aprender a se controlar e a gerenciar inteligentemente a própria liberdade.

A cultura do limite deveria ser a base de toda verdadeira civilização. Infelizmente, porém, hoje em dia, muitos jovens são quase encorajados a viver sem regras.

São muitas vezes os próprios pais que os empurram para a beira do barranco. Quando eles falam sobre os filhos, é comum ouvirmos frases como “Eu os deixo livres. Eles é que vão decidir quando forem maiores de idade. Eu não quero condicioná-los. Eles têm que ser livres para escolher”.

O risco é que os jovens permaneçam eternos bebês que não crescem nunca nem assumem as suas responsabilidades. Com o pretexto de “deixá-los livres para escolher”, os jovens acabam não sabendo o que escolher. E a liberdade se transforma em escravidão.

A palavra “liberdade” é interpretada muitas vezes como a possibilidade de fazer qualquer coisa. Esquece-se que, para ser verdadeiramente livre, é preciso definir limites morais para as próprias ações. Sem isso, tudo acaba permitido. O mau uso da liberdade pode fazer mal a nós mesmos e aos outros seres humanos.

A verdadeira educação dos jovens propõe limites, propõe regras, propõe nãos. Ela pode até parecer desagradável, mas, sem dúvida, trará ótimos resultados. Esta é a solução certa para iluminar o futuro das novas gerações: um amanhã onde se possa dançar e se divertir sem pastilhas coloridas que sorriem vendendo a morte.

Carlo Climati

Fonte: http://www.zenit.org/article-31705?l=portuguese

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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