A dimensão interior do Apostolado

Tem o desejo de levar as pessoas para Deus? Este é um caminho…

O apostolado significa tudo que nós podemos fazer, em união com Cristo, para levar as pessoas a uma vida de intimidade com Deus; é uma colaboração com Jesus para fazer crescer a graça de Deus nas almas.

A Igreja nos ensina que esta colaboração com Cristo, deve ser feita em primeiro lugar pela oração e pelo sacrifício oferecido a Deus; é o apostolado interior.

O Papa Pio XII, na Encíclica “Mystici Corporis Christi” recomenda primeiro as “orações e mortificações voluntárias”, e depois a atividade externa dos pastores e dos fiéis. Foram estes os dois meios principais com que Jesus salvou o mundo. Não só Ele nos salvou com a pregação, o ensino e a instituição da Igreja e dos Sacramentos, mas também com a Sua obediência e silêncio numa vida oculta, e com a oração nas muitas noites. Sobretudo, Jesus nos redimiu com o sacrifício da cruz, no qual culminou toda a Sua obra redentora. S. João da Cruz disse que “foi esta a Sua maior obra, mas do que tinha feito com milagres e obras” (Subida II 7, 11).

São Paulo deixou isto claro aos colossenses: “Completo na minha carne o que falta á paixão de Cristo no seu corpo que é a Igreja” (Col 1,24).

Portanto, é sobre o apostolado interior, da oração e da imolação, que se funda e se torna fértil o apostolado exterior da ação, tirando dele a sua força e eficácia. É assim que podemos “tomar parte” na obra de Jesus, abraçando o sacrifício com generosidade e constância, pela salvação das almas, em união com o Seu sacrifício. É por isso que a Igreja insiste na importância na forma de vida contemplativa, almas que se imolam a Deus na oração e no sacrifício pela salvação das almas.

Na Missa, uma das Orações Eucarísticas, nos leva a pedir a Deus que “faça de nós uma perfeita oferenda”. Esta é a disposição que devemos ter na Santa Missa.

Santa Teresa insistia com suas irmãs sobre este ponto: “Quando as vossas orações, desejos, disciplinas e jejuns não se empregarem nisto que digo [a salvação das almas], pensai que não fazeis nem cumpris o fim para que vos juntou aqui o Senhor” (Caminho 3, 10).

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A responsabilidade dos pregadores

O Concílio Vaticano II disse que:

“Os Institutos que se ordenam exclusivamente à contemplação, de tal modo que os seus membros se ocupam só de Deus no silêncio e na solidão, em oração contínua e alegre penitência, dentro do Corpo Místico de Cristo, em que todos os membros… não têm a mesma função (Rom. 12, 4) embora seja urgente a necessidade do apostolado, conservam sempre a parte mais excelente”(Decreto Perfectae Caritatis).

Portanto, quem deseja viver o ideal apostólico deve desejar, abraçar com generosidade, uma vida de contínua imolação escondida, que será um meio poderoso de salvação para os irmãos, e também de santificação para si mesmo. Esta é uma vida digna de alcançar de Deus as graças que deseja para a Igreja. E quanto mais santa é uma alma tanto maior é a influência que exerce na Igreja.

Assim rezava Santa Teresinha:

“Ser Vossa esposa, ó Jesus… ser, pela união convosco a mãe das almas, já me devia bastar… Contudo sinto em mim outras vocações, sinto a vocação de guerreiro, de sacerdote, de apóstolo, de doutor, de mártir; enfim, sinto a necessidade, o desejo de realizar por Vós, Jesus, todas as obras mais heroicas… Sinto na alma a coragem de um Cruzado, quereria morrer num campo de batalha em defesa da Igreja… Quereria iluminar as almas como os Profetas, os Doutores… Quereria percorrer a terra, pregar o Vosso nome e plantar no solo infiel a Vossa cruz gloriosa… Mas acima de tudo quereria, ó meu Bem Amado Salvador, quereria derramar o sangue por Vós até à última gota… O martírio, eis o sonho da minha juventude! Mais uma vez, sinto que o sonho é irrealizável, pois não poderia limitar-me a desejar um só gênero de martírio… Para me satisfazer precisaria de todos… Ó meu Jesus! que respondereis a todas as minhas loucuras?… Existirá acaso alma mais pequenina, mais impotente do que a minha?! Contudo exatamente por causa da minha fraqueza, tivestes por bem, Senhor, satisfazer as minhas aspiraçõezinhas infantis, e quereis agora, satisfazer outras aspirações mais vastas do que o universo… Compreendo que só Amor fazia agir os membros da Igreja, que se o amor viesse a extinguir-se, os Apóstolos deixariam de anunciar o Evangelho, os Mártires se recusariam a derramar o sangue… Compreendi que o Amor englobava todas as vocações, que o Amor era tudo, que se estendia a todos os tempos e a todos os lugares… numa palavra, que era Eterno!… Ó Jesus, meu Amor… a minha Vocação… encontrei-a finalmente, a minha vocação é o Amor! Sim, encontrei o meu lugar na Igreja e este lugar, ó meu Deus, fostes Vós quem mo deu… no coração da Igreja, minha mãe, serei o Amor… Assim serei tudo, assim será realizado o meu sonho”.

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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