O biólogo americano Edward Wilson, ateu, professor da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e fundador da sociobiologia, defende que a criação aconteceu sem a ação de Deus, mas apenas pela força da “seleção natural” de Darwin; posição que a Igreja católica rejeita.
Wilson afirma que a ciência não explica a criação: “A motivação dos cientistas é justamente a de descobrir a verdade sobre o que ainda não se consegue explicar” (Revista “Veja”, 17 maio 2006 n. 1956).
A Igreja rejeita o criacionismo fundamentalista, segundo o qual a Criação teria sido feita em seis dias. O papa Bento XVI e seu ex-aluno, o cardeal Christoph Schoenborn, de Viena, disseram que “os seres humanos fazem parte de um projeto inteligente feito por Deus”.
Schoenborn deixou claro que a Igreja aceita o evolucionismo como uma ciência sólida, mas fez objeções ao modo como alguns darwinistas concluem que ela comprova a não-existência de Deus e que é capaz de “explicar tudo, desde o Big Bang até a Nona Sinfonia de Beethoven”. Ele disse que se manifestou porque compartilha da preocupação de Bento XVI, de que “uma ditadura do relativismo” está tentando negar a existência de Deus.
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A evolução na Física e na Astrofísica
A evolução na Química e na Geologia
Para a Igreja não há oposição entre criacionismo e evolucionismo para explicar a origem do mundo e do homem. Os capítulos de Gênesis 1-3 apenas indicam que as criaturas foram criadas por Deus, a partir do nada e são boas. Deus confiou-as ao casal humano, para que leve a termo a obra divina, fazendo que todas as criaturas contribuam para a glória do Criador mediante o sacerdócio do homem.
Não é um relato científico ou geográfico, mas religioso. No início houve um ato criador de Deus, que pode ter partido da matéria caótica e sem forma (o pó das estrelas, o Big Bang), e que através da evolução querida e guiada por Deus, pode ter produzido os seres minerais, vegetais, animais irracionais, até chegar ao ponto em que Deus criou a alma espiritual e imortal e a infundiu no primata desenvolvido, dando origem ao homem e a mulher.
O Papa Pio XII em sua encíclica Humani Generis, de 12/08/1950, deixou o assunto em aberto:
“O Magistério da Igreja não proíbe que, em conformidade com o atual estado das ciências e da teologia, seja objeto de pesquisas e de discussões, por parte dos competentes em ambos os campos, a doutrina do evolucionismo, enquanto ela investiga a origem do corpo humano, que proviria de matéria orgânica preexistente (a fé católica nos obriga a professar que as almas são criadas imediatamente por Deus). Alguns, porém, ultrapassam temerariamente esta liberdade de discussão, procedendo como se estivesse já demonstrado com certeza plena que o corpo humano se tenha originado de matéria orgânica preexistente, argumentando com certos indícios encontrados até agora e com raciocínios baseados sobre tais indícios; e isto como se nas fontes da Revelação não existisse nada que exija neste assunto a maior moderação e cautela”.
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A Igreja aceita a Teoria da Evolução?
São João Paulo II em mensagem dirigida à Pontifícia Academia das Ciências, em 22/10/1996, escrevia:
“…as teorias da evolução que, em função das filosofias que as inspiram, consideram o espírito como emergente das forças da matéria viva ou como um simples epifenômeno desta matéria, são incompatíveis com a verdade sobre o homem”.
O Papa retomou a questão, levando-a um pouco mais adiante, e afirmou que “a teoria da evolução é mais do que uma hipótese”; visto o grande número de dados empíricos (fósseis, testemunhos da Genética e da Biologia); o Papa admitiu a grande probabilidade da evolução.
Falando para a Academia Pontifícia de Ciências, em 25/10/1996, ele disse que a teoria da evolução foi corroborada pelos estudos científicos… “É realmente impressionante que essa teoria tenha progressivamente enraizando-se nas mentes dos pesquisadores seguindo uma série de descobertas feitas em diferentes esferas do conhecimento”.
Portanto, a Igreja aceita a teoria da evolução para a criação do homem e do mundo como o temos hoje, se a ciência assim o comprovar, mas desde que se observe duas premissas básicas: 1 – a evolução, se houve, foi conduzida por Deus, que teria dado à matéria inicial leis que a fizeram chegar até aqui; 2 – a alma humana não é fruto a evolução da matéria, mas criado por Deus.
Prof. Felipe Aquino
