A Bíblia, Maria e os jovens

Ao iniciarmos o mês da Bíblia deste ano, quando somos chamados a contemplar a experiência do deserto do povo de Deus que caminhou da escravidão para a terra prometida, a Arquidiocese do Rio de Janeiro recebe a imagem peregrina da Virgem de Nazaré. Portanto, iniciaremos o mês da Bíblia com aquela que colocou em prática a Palavra de Deus em sua vida (“Faça-se em mim…”). Maria é o grande sinal que temos de alguém que acreditou no Senhor e deixou-se conduzir pela Sua vontade.  Como consequência gerou, para nossa salvação, Cristo, o Senhor.

Colocamos em suas mãos o pedido ao Senhor para que possamos viver intensamente a Palavra de Deus em nossa história. Pedimos também a Ela que interceda pelos jovens que estarão participando da Jornada Mundial da Juventude em 2013 em nossa cidade, e por todos os que começam a preparar o país, transportando a Cruz e o ícone mariano pelas cidades do Brasil.

O que traz tantas pessoas para essas comemorações e celebrações? Mesmo com a mudança de época e com a tendência laicista da sociedade ocidental, o apelo à fé é de tal forma abrangente que leva a pessoa a participar com todo o seu ser das manifestações que explicitam suas convicções e sua alegria. São momentos que só quem participa é que pode experimentar o entusiasmo que nos move.

Junto com essas celebrações populares, as reuniões em grupos nas pequenas comunidades e os círculos bíblicos devem conduzi-los, através da “leitura orante da Bíblia”, a um aprofundamento de fé que nos faça experimentar a presença de Deus nos “desertos” de nossas vidas. A reflexão em grupos é de suma importância para uma educação na fé, que aprofunde a vida e os caminhos de cada um de nós. As reflexões ajudam-nos a discernir a vontade de Deus em nossas vidas e nos aproximam da Palavra de Deus, que é luz em nosso caminhar. Todos nós necessitamos dessa luz para a nossa caminhada de fé e esperança.

As reuniões são oportunidades de conhecermos o Plano de Deus e sermos motivados para viver melhor a nossa vida cristã. Isso significa que grande parte de nossa cidade está refletindo sobre a importância de viver como discípulo de Jesus, tendo como consequência a missionariedade, através da leitura e reflexão da Palavra de Deus.

Eu acredito que esses passos não ficam sem uma resposta na vida das pessoas. Tanta movimentação, sacrifícios, louvores, reflexões, manifestações em torno de um sinal que ajuda a pessoa a elevar seu pensamento e sua vida a Deus deve, necessariamente, levar toda a população a atitudes novas.

Com tantos acontecimentos de reflexão e participação que agora começamos a viver com a preparação da Jornada Mundial da Juventude, além do que entra pelos nossos sentidos, há a graça de Deus que move as nossas vidas para que realizemos juntos a civilização do amor, tanto com nossa vida pessoal como através de atitudes comunitárias.

A beleza dos milhões de jovens em Madri que não precisaram nem de drogas e nem de álcool para se alegrarem, e muito menos de policiais para conservarem a ordem e viverem, mesmo com o desconforto do sol, calor, chuva e vento, em clima de fraternidade e de paz, deve nos fazer pensar no tipo de juventude que nós sonhamos. Manifestações pacíficas, procurando louvar a Deus junto com Maria, levando o povo às ruas para manifestar sua fé e sua devoção, trazidas por uma moção interior que perpassa os séculos, levam-nos a suplicar ao Senhor que nos ajude a viver como discípulos que procuram colocar em prática o Evangelho em cada dia de nossas vidas.

Que possamos ver os resultados nos corações transformados, capazes de amar até mesmo o inimigo! Que encontremos pessoas que, se reencontrando com a fé, retornem com vida nova ao seio de suas famílias e renovem sua opção pela vida! Que tantas pessoas escravas do pecado, das drogas, da vida de violência sintam-se tocadas no profundo de seus corações com o desejo de viver uma nova vida!

Que os sinais que vemos hoje ao nosso redor nos façam elevar o coração para Deus e nos coloque com alegria e generosidade no caminho de Cristo, conduzidos pelo Espírito Santo!

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Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro – RJ

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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