A amarga revolta de um teólogo

Confesso, que até hoje já li muitos artigos de Leonardo Boff, vários deles com enorme desagrado, ofendendo o Papa e ensinando heresias; mas agora, acabo de ler um que superou as minhas expectativas.

Trata-se do artigo que publicou no Jornal do Brasil pela internet com o título “O colapso de sua teologia: razão maior da renúncia de Bento XVI?”

A pergunta de Boff é maliciosa e maldosa. Neste artigo, ele simplesmente considera que a renúncia de Bento XVI se deu por conta do “fracasso de sua teologia”, quando estamos falando de Joseph Ratzinger, teólogo que é considerado hoje um dos maiores da Igreja.

Na arrogância de sua conclusão Boff revela leviandade, desrespeito, dor de cotovelo, frustração, revolta, pequenez de alma, soberba, orgulho, vaidade e arrogância de um triste teólogo vencido; o que me faz lembrar o comportamento de Ário, Nestório, Sérigo, Êutiques, Pedro de Bruis, João Huss, Jerônimo de Praga, João Wiclef, Lutero, Melanchton, entre outros hereges impenitentes que se fizeram presentes na história da Igreja e que perturbaram sua caminhada.

Que maldade de sua parte! Esperou Bento XVI deixar de ser Papa titular para atirar contra ele toda a sua bílis amarga e incontida. Por que não fez isso quando ele ainda era Papa?

Que maldade! Transformar o gesto heroico, belo, coerente, honesto, legítimo, necessário, oportuno e aplaudido de nosso Bento XVI – reconhecido por toda a Igreja e até pelo mundo não católico – num gesto de “arrependimento teológico!”. Não acredita nas palavras sinceras de Bento XVI. O que dizer de um teólogo que não acredita nas palavras e na intenção do Papa?

Será que Boff quis mandar um recado ao Papa emérito antes dele morrer?; Mas, isto seria maldade e revanchismo sádico que não podemos aceitar calados. A gratidão a Bento XVI exige que nos expressemos!

A bílis de Boff extravasou porque Bento XVI, sempre apoiado por João Paulo II, pelos Padres da Igreja e por sua sagrada Tradição, apontou seus erros e heresias desde 1970, com seu livro “Jesus Cristo Libertador” e “Igreja, Carisma e Poder”. Por isso, ele investe agora contra o ancião sábio, douto e santo, nos seus 85 anos, como se este tivesse agido sozinho na Igreja durante os 25 anos que foi Prefeito da Congregação da Fé, e depois Papa. Ele analisa tudo como se o Papa João Paulo II fosse um zero em teologia, e um capacho de Ratzinger, que dele tudo aceitasse impassível. Ora, convenhamos…

Boff questiona a legitimidade e a oportunidade da eleição de Bento XVI: “É sempre arriscado nomear um teólogo para a função de papa… Tal fato não goza de legitimidade e se transforma em fonte de condenações injustas”.

Será que Boff quer que os Cardeais escolham um seminarista para Papa? Se o Papa não for um teólogo, quem o será? Além do mais sabemos que a teologia do Papa não vem só dos seus estudos, mas sobretudo da inspiração do Espírito Santo. Mas, Boff de fato não acredita que o Espírito Santo age na Igreja, e pensa que no Colégio Cardinalício que elegeu Bento XVI só havia “vaquinhas de presépio”. Não demorará para que comece “atirar” em Francisco.

Boff acrescenta: “Por detrás desta formulação, estimo que se oculta a razão mais profunda de sua renúncia: a percepção do colapso de sua teologia e do fracasso do modelo de Igreja que quis implementar”.

Ora, Bento XVI não quis implementar nenhum modelo novo de Igreja, mas apenas manter o que já existe há 2000 anos, o “Projeto nascido no coração do Pai” como disse o nosso Catecismo (§759), para salvar o mundo e destruir o pecado; e que foi implantado na Terra por Jesus, manifestada e assistida pelo Espírito Santo.

Boff não poupa palavras para menosprezar o Papa emérito que o colocou no seu lugar. Ele diz, com uma arrogância inimaginável de alguém que se acha o melhor teólogo de todos os tempos: “Esta compreensão estreita de uma inteligência aguda, mas refém de si mesma não tinha a força intrínseca suficiente e a adesão para ser implementada. Bento XVI teria reconhecido o colapso e coerentemente renunciado?”

Acontece que Boff – como outros teólogos modernos – quis mudar alguns dogmas da Igreja, o próprio conceito de Igreja, sua missão e identidade, o conceito de pecado original, e quis revirar o cristianismo no avesso, mas foi barrado por Ratzinger e pela Congregação da Fé, cuja missão sagrada é preservar a “sã doutrina da salvação” (Tt 2,1) e defender o Rebanho que custou o Sangue do Senhor (cf. At 20,28).

E mais, ele não perdoa o Papa emérito por ter condenado, sem meias palavras a subversiva Teologia da Libertação marxista, que destrói o cristianismo na raiz. Ele não pode suportar, como seus seguidores da TL, também a indispensável “Dominus Iesus” (2000), que colocou a teologia sobre a Igreja no devido lugar.
Quem Boff pensa que é? Alguém que pode julgar e condenar o Papa?

Prof. Felipe Aquino

Referência bibliográfica: http://www.jb.com.br/leonardo-boff/noticias/2013/03/11/o-colapso-de-sua-teologia-razao-maior-da-renuncia-de-bento-xvi/

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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