Óscar Alzamora Revoredo
Religioso marianista. Foi bispo de Tacna e Mocquegua (Peru) e bispo auxiliar de Lima.
[Resumo]
Por trás do uso sempre mais difundido da expressão “gênero” no lugar da palavra “sexo”, esconde-se uma ideologia que procura eliminar a ideia de que os seres humanos se dividem em dois sexos. Esta ideologia quer afirmar que as diferenças entre homem e mulher, para além das óbvias diferenças anatômicas, não correspondem a uma natureza fixa, mas são produtos da cultura de um país e de uma época determinados. Segundo esta ideologia, a diferença entre os sexos é algo convencionalmente atribuído pela sociedade, e cada um pode “inventar-se” a si mesmo. Desaparece a diferença entre o que é permitido e o que é proibido neste campo.
O “feminismo do gênero”, ou feminismo radical, produtor de tal ideologia, nasceu no fim dos anos sessenta, a partir do precedente movimento feminista para a igualdade dos sexos. Baseia-se sobre uma análise da história com a luta de classe dos opressores contra os oprimidos, sendo o primeiro antagonismo aquele que existe entre o homem e a mulher no casamento monogâmico.
As “feministas do gênero” denunciam a urgência de “desconstruir” os “papéis socialmente construídos” do homem e da mulher porque esta socialização; dizem, atinge a mulher negativa e injustamente. Por isso, as “feministas do gênero” insistem na necessidade de “desconstruir” a família, não só porque, dizem, escraviza a esposa, mas porque condiciona socialmente os ‘filhos a aceitar a família, o matrimônio e a maternidade como algo natural.
Na mesma direção, as “feministas do gênero” consideram como parte essencial da sua agenda a promoção da “livre escolha” em assuntos relacionados à reprodução e ao estilo de vida. “Livre escolha na reprodução” é, para elas, a expressão chave para referir-se ao aborto provocado, enquanto “estilo de vida” visa promover a homossexualidade, o lesbianismo e todas as outras formas de sexualidade fora do matrimônio.
A ideologia do gênero é um sistema fechado, contra o qual não há como argumentar. Existem muitas pessoas que não estão ainda cientes dos perigos desta nova proposta. Considerando a posição central que esta perspectiva conseguiu atingir na cultura norte-americana, trata-se de um desafio que deve ser enfrentado com vigor para que sejam evitadas as graves consequências que já está produzindo nas sociedades dos países desenvolvidos e que agora, através da assim chamada “saúde reprodutiva”, quer produzir também nos países em vias de desenvolvimento.
(Direitos sexuais e reprodutivos; Discriminação da mulher e CEDAW; Escolha livre [“free choice”]; Gênero [“gender”]; Igualdade de direitos entre homens e mulheres; Maternidade e feminismo; Novas definições de gênero; Patriarcado e matriarcado)
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Leia o texto integral, entre outros, em Lexicon: termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas, Pontifício Conselho para a Família, Edições CNBB.
Conselho Pontifício para a Família: Ideologia de Gênero: Perigos e alcance
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