SÃO PAULO, 25 Nov. 10 / 05:17 pm (ACI).-
Ontem, 24,pela manhã, o cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro
Scherer, afirmou em entrevista coletiva concedida na Cúria Metropolitana que
“não houve mudança da posição do Papa ou da Igreja em relação à
questão do uso do preservativo“.
Dom Odilo ressaltou que o Papa não disse nada de novo, mas apenas retomou
aquilo que por vezes estava esquecido em relação ao uso do preservativo. “O
problema não é usar ou não o preservativo, mas a questão verdadeiramente é a
humanização da sexualidade e a atitude correta em relação à sexualidade”,
afirmou o cardeal.
Em nota publicada na página oficial da Arquidiocese da capital paulista, o
purpurado explicou que quando o Papa se refere ao caso de pessoas prostituídas
usarem o preservativo para evitar que outras pessoas possam ser contaminadas
pelo vírus que elas têm, significa que essas pessoas estão dando “um
primeiro passo de responsabilidade moral em relação a outras”.
“Mas com isso, não fica nem aprovado, nem aconselhado o uso do
preservativo”, pontuou.
O cardeal mostrou o livro aos jornalistas e leu o trecho em que o entrevistador
faz uma questão ao pontífice referente à sua visita à África, em 2009, em que
ele afirmou que, nesse continente, a doutrina tradicional da Igreja se revelou
o único modo seguro para frear a difusão do vírus HIV. Ao responder, Bento XVI ressaltou
que, do ponto de vista jornalístico, a visita “ficou obscurecida” por causa de
uma única afirmação. Ele também destacou que “a Igreja é a única instituição
que atua concretamente, na prevenção, na ajuda, no aconselhamento e no fato de
estar ao lado das pessoas doentes”.
No livro, o Papa também destacou que, no âmbito secular, se desenvolveu a
chamada “teoria ABC” (traduzindo: abstinência, fidelidade e preservativo), em
que o profilático (meio de impedir o contágio) é considerado somente como uma
alternativa, quando faltam os outros dois elementos. Sobre isso, Dom Odilo
explicou que quando o Papa cita a “teoria ABC”, não a assume como parte da
moral católica, “mas chama a atenção para o fato de que até no mundo laico já
não se fala simplesmente do uso do preservativo”.
O cardeal Scherer também destacou que, desde o surgimento da epidemia de AIDS, a Igreja sempre se
manifestou e, sobretudo, pela sua ação concreta. “A Igreja Católica convida
a todos para um comportamento sexual responsável e para a humanização da
sexualidade. Se colocarmos muito destaque no preservativo, esquecemos o que é
muito mais grave”, completou.