Como cristãos todos lamentamos a atual doença do ex-presidente da República Luis Inácio Lula da Silva e lhe desejamos completa cura da mesma.
Entretanto, como ele se tornou um cidadão do mundo, dado que tem o dom de se adaptar a todos os auditórios, tem havido uma repercussão na mídia internacional e nacional esta moléstia.
Aqui no Brasil os cientistas sociais têm feito os mais diversos comentários sobre o fato, sendo que, um pouco ironicamente, muitos tenham pedido que ele se tratasse pelo SUS, como o comum dos brasileiros.
Esquece-se muitas vezes que o ditado é verdadeiro: “Na prática a teoria é outra” e muitos políticos já repetiram: “Esqueçam o que eu disse”. Que FHC tenha defendido o tratamento de Lula num dos principais hospitais do Brasil não é de se admirar, porque ele faz parte também da elite, um dos mandarins da República.
O que, contudo, merece atenção é ter vindo a público novamente a precariedade do sistema de saúde deste país, que até se dispõe a emprestar verbas para a poderosa ou ex-poderosa Europa. Isto, sim, é que merece reflexão, dado que o brasileiro paga ao governo um dos maiores impostos do mundo, mas tem pouco retorno na assistência social em geral.
A desigualdade na distribuição da renda neste país vem inclusive do desestímulo para um trabalho eficiente e com renda suficiente para o sustento de uma família. Poucas são as oportunidades de inclusão econômica e social do que resulta que o cidadão que nasceu pobre, vai morrer na penúria. Donde a necessidade da promoção do investimento social dirigido não só à educação em todos os níveis, mas também à nutrição, à saúde, à habitação, ao abastecimento d’água potável e ao saneamento, assim como a projetos de desenvolvimento de infra-estrutura com uso intensivo de mão-de-obra, a fim de reduzir a pobreza. É triste o que se observa nas favelas das grandes Metrópoles brasileiras e na periferia das demais cidades e vilarejos. Mecanismos financeiros inovadores de caráter multilateral são instrumentos essenciais para alcançar a erradicação da pobreza. O dispêndio não adequado dos gastos públicos, se dirigidos aos setores sociais, à infra-estrutura básica, sem dúvida, contribuem eficazmente para melhorar a situação dos que se acham mergulhados numa inditosa situação. O caos que se instala tantas vezes nos hospitais, nas escolas, em tantas outras repartições públicas mostra que o acesso aos serviços sociais, além de outras ações que beneficiem os grupos pobres e marginalizados, são de uma urgência capital. É preciso, de fato, que se promovam políticas econômicas que estimulem o investimento e a melhor distribuição de renda a fim de reduzir a desigualdade e a injustiça atuais, de tal forma que as conquistas macroeconômicas beneficiem os grupos populacionais em situação de desigualdade, pobreza e exclusão, fortalecendo assim a governabilidade democrática. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
por Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho