Vocação

sacerdoteAlguém já disse que “a primeira vitória de um homem foi ter nascido”.

De fato, esta é a maior graça; como disse São Paulo, “Deus nos desejou em Cristo antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos” (Ef 1, 4). Logo, esta é a nossa primeira e fundamental vocação. Vivermos a vida para Deus, sermos santos aos seus olhos.  O mesmo São Paulo completava exortando os efésios a que levassem “uma vida digna da vocação à qual fostes chamados” (Ef 4,1).

O nosso Catecismo diz que  “o homem é,  por natureza e por vocação, um ser religioso” (§ 44).

O nosso querido Papa disse certa vez:

“Não tenhais medo da santidade, porque nela consiste a plena realização de toda a autêntica aspiração do coração humano” (L’Osservatore Romano, 7/4/96).

“A santidade é a plenitude da vida” (LR, N.20,18/5/96).

Os santos foram os mais felizes e os que atingiram a plenitude da vocação humana segundo os desígnios de Deus.

Mas a busca da santidade não está desatrelada da vida cotidiana, muito ao contrário,  é  inserida nela que se realiza. É no mundo do trabalho, da família, da ciência, da política, etc., que a vocação à santidade deve se realizar, de modo especial para nós leigos. Jesus foi claro na sua Oração Sacerdotal:  “Pai, não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal…” (Jo 17,15).

É através do trabalho – qualquer que seja – que o homem é chamado a cooperar com o Criador na obra da criação. Deus nos deu esta honra: ajudá-lo a criar o mundo, até que este seja divinizado. Mesmo tendo  se tornado penoso após o pecado original, o trabalho continua uma bênção. Através dele o homem se santifica e santifica o mundo. A sua importância ficou evidente quando o Filho do Homem assumiu na terra, por longos anos, a profissão de carpinteiro. Jesus quis nos mostrar a importância salvífica do trabalho.

O nosso Catecismo ensina que: “o trabalho não é uma penalidade, mas sim a colaboração do homem e da mulher com Deus no aperfeiçoamento da criação visível” (CIC, nº 378).

Quando Paulo VI, em 1964, visitou Israel, diante da carpintaria de Nazaré,  falando da vida oculta de Jesus, na família de Nazaré, o Papa dizia: “… Uma lição de trabalho. Nazaré, ó casa do “Filho do Carpinteiro”, é aqui que gostaríamos de compreender e celebrar a lei severa e redentora do trabalho humano…”  (05/01/1964).

Portanto, é necessário que cada um, com os talentos que Deus lhe deu, escolha e viva bem a sua profissão, e realize a sua vocação. A primeira maneira de amar  bem é trabalhar bem, pois assim estaremos servindo bem os outros. O Papa Paulo VI disse que “o amor é a vocação fundamental do ser humano” (Persona humana, 7).

Sabemos o quanto Jesus enfatizou a importância de não enterrar os talentos que Deus nos deu. Ele nos pedirá contas do que fizemos com eles.

Deus e a Igreja precisam que cada um de nós encontre o seu lugar, tanto na sociedade quanto na Igreja, sem desperdiçar a vida, pois isto seria um crime.

Ninguém pode se sentir inútil ou desnecessário neste mundo, pois para todos Deus tem uma missão, seja solteiro ou casado. Como disse Michel Quoist: “solteiro ou casado, só o egoísta desperdiça a vida” .

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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