Vida e Dignidade humana – parte 2

Segue abaixo a segunda parte da entrevista que republicamos ontem:

ZENIT: Um embrião humano é pessoa humana?

DR. IVANALDO: Graças ao projeto genoma e a decifração do DNA humano é possível afirmar que, a partir da primeira célula do novo ser, ou seja, do embrião, formado no ventre da mãe, temos um ser humano completo. O motivo disso é que durante os 9 meses de gestação e mais durante toda a vida pós-nascimento até a morte, nenhum material genético é acrescentado ao indivíduo. Além disso, um feto contém todas as características humanas (respira, sente dor, tem braços, pernas e outras). Vale lembrar que existem espécies na natureza que durante o período de gestação tem um formato e depois do nascimento desenvolvem outra forma. No entanto, não vemos na atual sociedade campanhas para exterminar, por meio do aborto, essas espécies. Em sua maioria são espécies protegidas por lei. Não há, até o presente momento, uma explicação filosófica aceitável para dizer que o embrião humano não é pessoa humana. Geralmente quem defende essa tese são grupos e lobbys pró-aborto e pró-cultura da morte. No entanto, é um argumento que não encontra fundamento nem na filosofia e nem na moderna biologia genética. Se realmente é ético e politicamente correto defender as espécies da natureza, também é ético e moralmente correto proteger o embrião humano.

ZENIT: Racionalmente falando, como provamos que um ser humano é espiritual e tem uma alma imortal?

DR. IVANALDO: Esse é um tema especifico da teologia, da mística e das religiões. A filosofia pode discutir sobre a alma e outras questões metafísica, mas não tem condições de efetivamente provar sua existência. É preciso esclarecer que nem tudo na vida pode e deve ser provado. A vida é a vida. É preciso aceitar que a vida humana, o grande logos, é cheia de mistérios que nem a filosofia e nem qualquer outro ramo das ciências humanas jamais poderão provar totalmente. No entanto, é preciso ter consciência que quando se trata de temas éticos, como, por exemplo, a vida embrionária, a maternidade e a proteção dos mais frágeis e inocentes, as religiões tem todo o direito de orientar seus fiéis e a sociedade. Vivemos oficialmente em uma sociedade democrática. E por isso não se pode negar o direito que as religiões possuem de cobrarem das autoridades e do Estado uma política e uma legislação que defenda a dignidade da vida humana. Não podemos voltar aos tempos antigos, da barbárie, onde a vida humana não tinha valor. Onde qualquer imperador ou funcionário público poderia condenar a morte qualquer indivíduo. O Ocidente evoluiu muito no campo técnico-científico. Agora precisamos evoluir no campo da ética e da proteção da dignidade da pessoa humana. Nesse processo as religiões e especialmente o Cristianismo tem um papel central, pois podem e devem conduzir um debate e ações com vistas à reforma do Estado e das estruturas de morte da sociedade, como, por exemplo, o aborto, o infanticídio e a escravidão. E a partir dessa reforma garantir que todas as formas de manifestação da vida humana sejam protegidas. Se isso acontecer finalmente a dignidade da pessoa humana estará assegurada e resguardada.

Para mais informações: Ivanaldo Santos, doutor em filosofia

E-mail: ivanaldosantos@yahoo.com.br.
Fonte: http://www.zenit.org/article-30919?l=portuguese

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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