Verbum Domini – 16/12/2010

Objetivo: “Desejo assim
indicar algumas linhas fundamentais para uma redescoberta, na vida da Igreja,
da Palavra divina, fonte de constante renovação, com a esperança de que a mesma
se torne cada vez mais o coração de toda a atividade eclesial.” (n. 1)

Religião da Palavra, não do livro: “A fé cristã não
é uma ‘religião do Livro’: o cristianismo é a ‘religião da Palavra de Deus’,
não de ‘uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo’.” (7)

Tradição e Escritura: “É a Tradição
viva da Igreja que nos faz compreender adequadamente a Sagrada Escritura como
Palavra de Deus.” (17)

Sagrada Escritura, inspiração e verdade: “A Sagrada
Escritura é ‘Palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito de
Deus’. Deste modo se reconhece toda a importância do autor humano que escreveu
os textos inspirados e, ao mesmo tempo, do próprio Deus como verdadeiro
autor.” (19)

Deus escuta o homem: “É decisivo, do
ponto de vista pastoral, apresentar a Palavra de Deus na sua capacidade de
dialogar com os problemas que o homem deve enfrentar na vida diária. (…) A
pastoral da Igreja deve ilustrar claramente como Deus ouve a necessidade do
homem e o seu apelo.” (23)

Exegese: “No seu trabalho de interpretação,
os exegetas católicos jamais devem esquecer que interpretam a Palavra de Deus.
A sua tarefa não termina depois que distinguiram as fontes, definiram as formas
ou explicaram os processos literários. O objectivo do seu trabalho só está
alcançado quando tiverem esclarecido o significado do texto bíblico como
Palavra atual de Deus.” (33)

Antigo Testamento e judaísmo: “A compreensão
judaica da Bíblia pode ajudar a inteligência e o estudo das Escrituras por
parte dos cristãos. (…) O Novo Testamento está oculto no Antigo e o Antigo
está patente no Novo. (…) Desejo afirmar uma vez mais quão precioso é para a
Igreja o diálogo com os judeus.” (41/43)

Bíblia e ecumenismo: “Na certeza de
que a Igreja tem o seu fundamento em Cristo, Verbo de Deus feito carne, o
Sínodo quis sublinhar a centralidade dos estudos bíblicos no diálogo ecumênico,
que visa a plena expressão da unidade de todos os crentes em Cristo.” (46)

Traduções, serviço ao ecumenismo: “A promoção das
traduções comuns da Bíblia faz parte do trabalho ecumênico. Desejo aqui
agradecer a todos os que estão comprometidos nesta importante tarefa e
encorajá-los a continuarem na sua obra.” (46)

Escritura e Liturgia: “Exorto os
Pastores da Igreja e os agentes pastorais a fazer com que todos os fiéis sejam
educados para saborear o sentido profundo da Palavra de Deus que está
distribuída ao longo do ano na liturgia, mostrando os mistérios fundamentais da
nossa fé.” (52)

A homilia: “É preciso que os
pregadores tenham familiaridade e contato assíduo com o texto sagrado;
preparem-se para a homilia na meditação e na oração, a fim de pregarem com
convicção e paixão.” (59)

Celebrações da Palavra de Deus: “Os Padres
sinodais exortaram todos os Pastores a difundir, nas comunidades a eles
confiadas, os momentos de celebração da Palavra. (…) Tal prática não pode
deixar de trazer grande proveito aos fiéis, e deve considerar-se um elemento
importante da pastoral litúrgica.” (65)

Acústica: “Para favorecer a
escuta da Palavra de Deus, não se devem menosprezar os meios que possam ajudar
os fiéis a prestar maior atenção. Neste sentido, é necessário que, nos
edifícios sagrados, nunca se descuide a acústica, no respeito das normas
litúrgicas e arquitetônicas.” (68)

Canto litúrgico: “No âmbito da
valorização da Palavra de Deus durante a celebração litúrgica, tenha-se
presente também o canto nos momentos previstos pelo próprio rito, favorecendo o
canto de clara inspiração bíblica capaz de exprimir a beleza da Palavra divina
por meio de um harmonioso acordo entre as palavras e a música. Neste sentido, é
bom valorizar aqueles cânticos que a tradição da Igreja nos legou e que
respeitam este critério; penso particularmente na importância do canto
gregoriano.” (70)

Atenção aos portadores de deficiência: “O Sínodo
recomendou uma atenção particular àqueles que, por causa da própria condição,
sentem dificuldade em participar ativamente na liturgia, como por exemplo os
cegos e os surdos.” (71)

A animação bíblica da pastoral: “O Sínodo
convidou a um esforço pastoral particular para que a Palavra de Deus apareça em
lugar central na vida da Igreja, recomendando que ‘se incremente a pastoral
bíblica, não em justaposição com outras formas da pastoral mas como
animação bíblica da pastoral inteira’.” (73)

Dimensão bíblica da catequese: “A atividade
catequética implica sempre abeirar-se das Escrituras na fé e na Tradição da
Igreja, de modo que aquelas palavras sejam sentidas vivas, como Cristo está
vivo hoje onde duas ou três pessoas se reúnem em seu nome.” (74).

Lectio Divina: “Nos documentos
que prepararam e acompanharam o Sínodo, falou-se dos vários métodos para se
abeirar, com fruto e na fé, das Sagradas Escrituras. Todavia prestou-se maior
atenção à lectio divina, que ‘é verdadeiramente capaz não só de
desvendar ao fiel o tesouro da Palavra de Deus, mas também de criar o encontro
com Cristo, Palavra divina viva’.” (87)

Palavra de Deus e Terra Santa: “Os Padres
sinodais lembraram a expressão feliz dada à Terra Santa: ‘o quinto Evangelho’.
Como é importante a existência de comunidades cristãs naqueles lugares, apesar
das inúmeras dificuldades! O Sínodo dos Bispos exprime profunda solidariedade a
todos os cristãos que vivem na Terra de Jesus, dando testemunho da fé no
Ressuscitado.” (89)

Anúncio e nova evangelização: “Há muitos irmãos
que são ‘batizados mas não suficientemente evangelizados’. É frequente ver
nações, outrora ricas de fé e de vocações, que vão perdendo a própria
identidade, sob a influência de uma cultura secularizada. A exigência de uma
nova evangelização, tão sentida pelo meu venerado Predecessor, deve-se
reafirmar sem medo, na certeza da eficácia da Palavra divina.” (96)

Testemunho: “A Palavra de
Deus alcança os homens através do encontro com testemunhas que a tornam
presente e viva.” (97)

Compromisso pela justiça: “A Palavra de
Deus impele o homem para relações animadas pela rectidão e pela justiça,
confirma o valor precioso aos olhos de Deus de todas as fadigas do homem para
tornar o mundo mais justo e mais habitável.” (100)

Direitos humanos: “Quero chamar a
atenção geral para a importância de defender e promover os direitos humanos de
toda a pessoa (…). A difusão da Palavra de Deus não pode deixar de reforçar a
consolidação e o respeito dos direitos humanos de cada pessoa.” (101)

Palavra de Deus e paz: “No contexto
atual, é grande a necessidade de descobrir a Palavra de Deus como fonte de
reconciliação e de paz, porque nela Deus reconcilia em Si todas as coisas (cf. 2
Cor 5, 18-20; Ef 1, 10): Cristo ‘é a nossa paz’ (Ef 2, 14),
Aquele que derruba os muros de divisão.” (102)

Palavra de Deus e proteção da criação: “O compromisso no
mundo requerido pela Palavra divina impele-nos a ver com olhos novos todo o
universo criado por Deus e que traz já em si os vestígios do Verbo, por Quem
tudo foi feito (…). A arrogância do homem que vive como se Deus não
existisse, leva a explorar e deturpar a natureza, não a reconhecendo como uma
obra da Palavra criadora.” (108)

Internet: “No mundo da internet,
que permite que bilhões de imagens apareçam sobre milhões de monitores em todo
o mundo, deverá sobressair o rosto de Cristo e ouvir-se a sua voz, porque,
‘se não há espaço para Cristo, não há espaço para o homem’.” (113)

Diálogo inter-religioso: “A Igreja
reconhece como parte essencial do anúncio da Palavra o encontro, o diálogo e a
colaboração com todos os homens de boa vontade, particularmente com as pessoas
pertencentes às diversas tradições religiosas da humanidade, evitando formas de
sincretismo e de relativismo.” (117)

Diálogo e liberdade religiosa: “O respeito e o
diálogo exigem a reciprocidade em todos os campos, sobretudo no que diz
respeito às liberdades fundamentais e, de modo muito particular, à liberdade
religiosa. Tal respeito e diálogo favorecem a paz e a harmonia entre os
povos.” (120)

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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