O presidente do Pontifício Conselho para a Família, Ennio Antonelli, negou que o Vaticano esteja estudando a possibilidade de mudar sua posição sobre os divorciados que voltaram a casar, que estão impedidos de receber a comunhão.
A reportagem é de José Manuel Vidal, publicada no sítio Religión Digital, 28-09-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em declarações a um grupo de jornalistas, Antonelli lembrou que os separados não mantêm um vínculo pleno com a Igreja Católica por causa de sua situação, mas esclareceu que isso não os marginaliza definitivamente da comunidade cristã, na qual podem participar de diversos modos.
“Os divorciados que voltaram a casar não estão em plena comunhão com a Igreja enquanto permanecerem em sua situação. É a situação objetiva que lhes coloca em contraste com o evangelho, com a palavra de Jesus, e a Igreja é fiel a essa palavra”indicou.
“Isso não quer dizer – acrescentou – que eles percam totalmente a comunhão com a Igreja. Não estão em plena comunhão, mas estão nela, podem participar da missa sem receber a eucaristia, podem fazer parte da vida da comunidade cristã e de suas muitas iniciativas”.
Segundo o cardeal, deve-se animar os divorciados a fazer o bem com o sacrifício que são capazes de fazer, seja em sua família, seja no ambiente no qual se encontrem, e devem ser orientados a um caminho para Deus, confiando em sua misericórdia.
Ele explicou que, como disse João Paulo II, a Igreja “não pode descer a montanha”, porque “a montanha (da verdade sobre o matrimônio e a família) é como é”, mas nós “devemos acompanhar cada um a subir a montanha a seu passo, e o passo é diferente”, indicou.
“A verdade é igual para todos, mas a responsabilidade é de cada pessoa. Por isso, a Igreja é consciente de que as pessoas devem ser ajudadas a fazer o bem que podem fazer”, acrescentou.
A questão da ruptura familiar e da preparação ao matrimônio são temas que preocupam o Vaticano. Por isso, o Pontifício Conselho para a Família trabalha na redação de um vademecum com orientações práticas sobre os cursos de noivos e futuros esposos.
Antonelli indicou que o documento irá trata, do ponto de vista do ensino católico, de vários temas da vida de casal – diálogo, oração, uso do dinheiro e outros – mas não estará diretamente destinado aos casais jovens, mas sim aos bispos.
Eles deverão traduzir as sugestões em indicações concretas a serem oferecidas aos conselhos diocesanos para a pastoral familiar e dali às paróquias.
Segundo o purpurado, o vademecum pretende ser uma das várias estratégias para evitar que os católicos cheguem ao divórcio, embora esclareceu que o texto só dará sugestões gerais.
“De uma estatística recém recebida dos Estados Unidos, sabe-se que os casais de noivos que se prepararam seriamente para o casamento têm 30% menos chance de se separarem, o que é algo significativo”, apontou.
O manual deverá estar pronto em maio de 2010, porque será apresentado durante o Encontro Mundial das Famílias, previsto para os dias 30 de maio a 3 de junho em Milão, norte da Itália.
“O congresso tocará fundamentalmente a questão da família, do trabalho e da festa, isto é, a influência dessas duas realidades sobre a vida das famílias”, antecipou.
“Pode ser que, no âmbito do encontro, seja realizada uma mesa redonda sobre os católicos divorciados e que se casaram novamente, mas gostaria de dizer que a indicação da Igreja sobre isso já está consolidada, e não existe nenhuma vontade de colocá-la em discussão”, insistiu.
Fonte:
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=36763