VATICANO,
18 Nov. 10 / 05:43 pm (ACI).- Em seu discurso de hoje aos participantes da
assembléia plenária do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos
Cristãos que cumpre 50 anos de criação, que esteve dedicada ao tema: “Para
uma nova etapa do diálogo ecumênico”, o Papa Bento XVI
assinalou que “a unidade dos cristãos é e segue sendo a oração, vive da oração”.
Em seu discurso e depois de recordar a criação deste dicastério por parte do
Papa João XXIII, Bento
XVI assinalou que “nestes cinqüenta anos se chegou a um conhecimento
mais verdadeiro e a uma estima maior das Igrejas e as Comunidades
eclesiásticas”.
Este processo, disse, deu-se “superando preconceitos sedimentados pela
história; cresceu-se no diálogo teológico, mas também no da caridade;
desenvolveram-se várias formas de colaboração entre as quais, além da defesa da
vida, a da proteção da
criação e a luta contra a injustiça; também foi importante e frutífera a
relativa às traduções ecumênicas das Sagradas Escrituras”.
O Papa falou depois do Harvest Project, uma iniciativa deste dicastério para
traçar um primeiro balanço dos resultados conseguidos e que “pôs que
relevo tanto os âmbitos de convergência, como aqueles nos quais é necessário
continuar aprofundando a reflexão”.
Neste contexto, o Papa convidou os membros do Pontifício Conselho a continuar
sua tarefa “para promover uma recepção adequada dos resultados alcançados
e divulgar com exatidão qual é a situação atual da investigação teológica ao
serviço do caminho para a unidade”.
“Hoje alguns pensam que esse caminho, sobre tudo no Ocidente, perdeu seu
impulso; adverte-se, portanto, a necessidade de reavivar o interesse ecumênico
e fazer mais incisivo o diálogo”, confrontando provocações como “as
novas interpretações antropológicas e éticas, a formação ecumênica das novas
gerações e a ulterior fragmentação do cenário ecumênico”.
Bento XVI afirmou que “com as Igrejas ortodoxas e as antigas Igrejas
orientais, com as que existem ‘vínculos muito estreitos’, a Igreja Católica continua
o diálogo com paixão, buscando aprofundar de uma maneira séria e rigorosa no
patrimônio comum teológico, litúrgico, e espiritual, e de enfrentar com
serenidade e empenho os elementos que ainda nos separam”.
“Com os ortodoxos, chegou-se a tocar um ponto chave de discussão e
reflexão: o papel do Bispo de Roma na comunhão da Igreja. E a questão
eclesiológica é também o centro do diálogo com as antigas Igrejas orientais:
apesar de muitos séculos de incompreensão e de distância, constatou-se com
alegria que se conserva um precioso patrimônio comum”, prosseguiu.
“Apesar da existência de novas situações problemáticas ou de pontos
difíceis para o diálogo, a meta do caminho ecumênico não mudou, assim como o
firme compromisso em sua consecução. Entretanto, não se trata de um compromisso
segundo categorias, por dizer assim, políticas, nas que entram em jogo a
habilidade para negociar ou a maior capacidade de chegar a compromissos, de
modo que se poderia esperar, como bons mediadores, que depois de um certo
tempo, chegue-se a acordos aceitáveis para todos”.
O Papa Bento XVI ressaltou que “a atividade ecumênica tem um duplo
movimento. Por um lado, a investigação convencida, apaixonada e tenaz para
encontrar toda a unidade na verdade, para desenhar modelos de unidade, para
iluminar oposições e pontos escuros com o fim de obter a unidade. E isto no
necessário diálogo teológico, mas sobre tudo na oração e na penitência, naquele
ecumenismo espiritual que é o coração de todo o caminho: a unidade dos cristãos
é e segue sendo a oração, vive da oração”.
Por outra parte, continuou o Santo Padre, “outro movimento operativo, que
surge da firme conscientização de que não sabemos a hora da realização da
unidade entre todos os discípulos de Cristo e não a podemos conhecer, porque a
unidade não a ‘fazemos nós’ mas Deus: vem do alto; é participar da unidade
divina. E isto não deve fazer diminuir nosso compromisso, mas devemos nos
preparar cada vez melhor para perceber os sinais e os tempos do Senhor, sabendo
reconhecer com gratidão o que já nos une e trabalhando para que se consolide e
cresça”.
“Ao final, também no caminho ecumênico, trata-se de deixar a Deus o que é
unicamente dele, e de explorar com seriedade, perseverança e dedicação o que é
nossa tarefa, tendo em conta que ao nosso compromisso pertencem os binômios
atuar e sofrer, atividade e paciência, trabalho duro e alegria”, concluiu
Bento XVI.