Trata-se de falta grave ou gravíssima?

No Código de Trânsito Brasileiro as punições são bastante claras: cometida certa falta, perdem-se tantos pontos na Carteira de Habilitação. Assim, ultrapassar o sinal vermelho é uma falta gravíssima. Não se pergunta se havia outros veículos prejudicados. Na nossa velha moral pré-conciliar, os pecados todos eram considerados de maneira objetiva. Cometida certa infração, era pecado grave. Hoje, antes de dizer se era grave, entra-se no aspecto subjetivo do pecador, isto é, se ele se sentia livre, se prejudicou alguém, se sabia que era errado… O nosso Código (CTB) possui uma moral pré-conciliar. A infração leva automaticamente à punição. Não existe espaço para explicações.

Agora, existem deficiências também nos sistemas sociais que, revelam fraquezas eventualmente insanáveis. A democracia carrega consigo a impossibilidade de obrigar os cidadãos a aderir à solidariedade, e à busca do bem comum. É uma falta grave. Mas dá para administrar e “segurar as pontas”. O socialismo, embora tenha nobilíssimos ideais, tem como defeito incurável, a incapacidade de respeitar a livre vontade dos cidadãos. É uma falta gravíssima, fonte permanente de injustiças ciclópicas. Mesmo na UTI, usando de todos os recursos humanos disponíveis, seu óbito é previsível. Mas eu tenho para mim que existe uma outra atitude, que o leitor classificará, se é uma falta grave, ou gravíssima.

Trata-se de um assunto quase doméstico. Hoje é useiro e vezeiro dizer que a cura para a desmotivação nos estudos, para os assaltantes de banco, para os sequestradores de crianças, para os pichadores de residências, para os que perturbam a tranquilidade dos cidadãos pelo ruído estrepitoso de sons, o remédio universal é a educação. O ser humano devidamente educado, seria outra coisa. Aqui estaria a chave de todas as soluções. Até certo ponto  posso concordar. Mas não corremos o risco de um novo pelagianismo, imaginando que para mudar os refolhos mais profundos da alma humana, basta colocar a sabedoria humana?  Eu penso que existem dobras do coração do “homo sapiens” que só o Criador conhece. Educação, sim. Mas sem esquecer a graça divina, humildemente suplicada na oração. “Nada tendes porque não pedis” (Tg 4,2).

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Dom Aloísio Roque Oppermann scj
Arcebispo de Uberaba – MG

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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