Tempo de oração

Artigo de Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro

RIO DE JANEIRO, sexta-feira, 18 de março de 2011 (ZENIT.org) – Apresentamos artigo do arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, divulgado nessa quinta-feira à imprensa, intitulado ‘Tempo de oração’.

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Uma das práticas pedidas para realizarmos na Quaresma é a oração. Escutamos isso desde a Quarta-feira de Cinzas. Entramos neste tempo de deserto para o encontro com o Senhor, para aprender a não cair na tentação e buscar uma vida de verdadeira conversão. Somos convidados por Jesus a experimentar a delicadeza do silêncio, a buscá-Lo pela oração.

Necessitamos de orar sem cessar. Somos chamados a viver uma vida de oração. O tempo da Quaresma, portanto, quer nos ajudar a reavivar a nossa vida orante, retomando a nossa iniciação cristã, que supõe também a iniciação à oração. Como estamos neste tempo de reavivar o dom da vida cristã, da vida batismal, supõe-se também retomar com mais afinco a vida de oração.

Somente quem faz o salutar silêncio conseguirá ouvir a voz de Deus, ouvir o que o Senhor tem a falar a cada um de nós, buscando os dons do Santo Espírito para discernir sobre o que é fundamental na nossa intimidade com o Ressuscitado, que está presente no meio de nós.

Os quarenta dias dedicados à incessante oração, ao jejum, à penitência, à esmola, a uma boa confissão sacramental, a viver refletindo os acontecimentos da salvação na via-sacra e a nossa responsabilidade social com a Campanha da Fraternidade, conhecido como tempo quaresmal, é um tempo favorável de conversão, entendida principalmente como uma mudança de mente e coração, não se centrando nas coisas do mundo tal como se apresentam, mas na presença de Deus no mundo. Por isso, estar em retiro, rezar nestes dias quaresmais é se colocar no silêncio da presença do Senhor. Nesse sentido, não percamos o zelo, a alegria de ser chamados pelo Senhor. Deixemos que nossa juventude espiritual se renove para preservar a alegria de caminhar com Cristo até o fim, de chegar até o fim da corrida, sempre com o entusiasmo de ser chamados por Cristo para este grande serviço de viver e de anunciar o Evangelho da Salvação.

Neste tempo de deserto, de oração, de silêncio e de recolhimento devemos estar atentos à nossa vida espiritual, ao nosso ser com Cristo. Nesse sentido, somos convidados incessantemente a orar e meditar sobre a Palavra de Deus. Nessa época de utilitarismo, passar um tempo em silêncio e meditação não é tempo perdido, ao contrário, é um tempo de saborear a presença de Deus pela meditação da Palavra, que nos levará a aprofundar a nossa vida cristã, e com isso faremos uma inserção maior e mais proveitosa na vida em Cristo. Assim, estaremos ouvindo a voz da Igreja que nos chama à conversão e, consequentemente, à missão.

Estar com Cristo é tomar consciência da importância da oração na sua vida para aprender a dedicar-se com generosidade ao Serviço de Deus. Assim, para chegar à intimidade e ao Serviço do Senhor precisamos do silêncio de todo o próprio ser, o que requer zonas de silêncio efetivo e disciplina pessoal, que favoreçam o contato com Deus. No catecismo da Igreja, uma parte é dedicada justamente à iniciação à oração. Sabemos como necessitamos dessa respiração, que é rezar! Essa dimensão orante faz parte de nossa iniciação cristã!

Nossa vida, neste tempo favorável de penitência e de conversão, deve ser um oásis de oração e de recolhimento. Uma maneira de ouvir a voz de Deus é a recitação diária do Rosário, prece eficaz que propõe à nossa meditação os mistérios da vida do Senhor Jesus.

Mesmo que tenhamos que trabalhar nas mais variadas atividades, sempre devemos aproveitar neste tempo santo o silêncio de nosso labor, para que, fazendo um bom exame de consciência, trilhemos o itinerário da conversão e da mudança radical de vida.

Assim, nossa oração e nosso retiro quaresmal produzirão frutos abundantes, oferecendo os auxílios oportunos para realizarem tudo o que o Senhor espera de cada um de nós, para bem da inteira Comunidade cristã.

Rezemos, assim, por todos os que sofrem as privações dos desastres naturais, particularmente nas intenções do povo japonês que, além da nossa oração, necessita do nosso gesto concreto de solidariedade e de partilha.

Que, matriculados na escola de Jesus, aprendamos a vencer as tentações do ser, do poder, do orgulho, da autossuficiência. Eis o tempo favorável, eis o dia da Salvação! Aproximemo-nos do Senhor e, consequentemente, estaremos mais próximos de nossos irmãos.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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