Templo Saudável

Jesus usou do chicote para expulsar os vendedores do templo (Cf. João 2,13-25). Ele quis dar a lição do uso do templo para a finalidade sagrada pela qual foi erguido. Em seguida falou do templo de sua pessoa, que não só era moradia, mas a realidade da própria divindade. Afinal seu corpo de natureza humana iria ressuscitar pela força da divindade de sua pessoa. Sua autoridade de Filho de Deus precisa ser aceita por quem quer realizar-se com a ajuda da implantação da nova ordem do amor por Ele vivida e ensinada.

O corpo humano, templo de Deus, precisa ser respeitado, protegido, promovido. Precisa ser saudável, sem o obstáculo do egoísmo. A saúde é um quesito importante para se ter condição de realizarmos o projeto de Deus, que deseja a felicidade para todos. A finalidade da vida é Deus, mas a vida saudável na terra é querida por Ele, dentro da capacidade humana de proteção da vida. O ingrediente maior da vida saudável é o amor,  vitalizador do convívio de qualidade entre os seres humanos. Quando se ama se faz o melhor para o outro, mesmo à custa da doação de si com sacrifício. Até na realidade da doença, quando não é possível saná-la, o amor faz a pessoa enfrentá-la com a oblação dos próprios limites e sofrimentos para testemunhar sua busca do objetivo maior na vida, que é a realização do projeto de Deus, como o próprio Jesus enfrentou o sacrifício.

Enquanto houver alguém sofrendo com algum tipo de doença ou problema, a solidariedade dos que têm o coração amoroso do amor vai atrás de ajudar a minorar esse sofrimento.  Este tempo da Quaresma nos leva à conversão de vida, com a mudança de atitude em relação a Deus e ao semelhante. Deus quer  a saúde se difundida sobre a terra (Cf. Eclo 38,8). Para isso, a união de esforços nos faz trabalhar por políticas públicas e para que os políticos olhem pela promoção da saúde dos que sofrem. Esses esperam  até meses e anos para o atendimento. Precisamos escolher, através do voto responsável, pessoas de grandeza moral, que realmente exerçam seus mandatos para servirem o povo e não se servirem do povo e, de modo especial, com atenção ao atendimento de qualidade das pessoas doentes. Não podemos nos vender, dando o voto a quem nos tenha favorecido em alguma coisa, mas não tem capacidade e moral para servirem o povo, a partir dos que mais sofrem. O dinheiro dos impostos deve ser aplicado para o serviço ao povo.

Hoje é forte a cultura da subjetividade exagerada e do relativismo, mesmo na vida religiosa. Não se quer obedecer a mandamentos vindos de autoridade e, menos ainda, de Deus. Prefere-se fazer da vontade pessoal a regra da verdade e do bem. Por isso, temos desmandos de toda a ordem, inclusive o da falta de cooperação com a promoção do bem comum. Sem o respeito ao templo de Deus, na pessoa humana, não se vive com boa saúde em todas as dimensões. Por isso, vale a pena e é de fundamental importância revermos nosso modo de ver, pensar e agir, para entrarmos no caminho indicado pelo próprio Cristo. Ele nos ensina e nos leva à vida plena.

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Dom José Alberto Moura

Arcebispo de Montes Claros (MG)

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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