Seletos manjares

A bíblia nos fala da vida eterna cheia de felicidade, comparando-a a um monte onde haverá alegria e deliciosos manjares, como fosse uma festa grandiosa e contínua (Cf. Isaías 25,6-10). Aliás, todo ser humano procura a felicidade ilimitada. Muitas vezes erra em colocar o objetivo mais elevado no imediato e de delícia efêmera. Prazeres, acúmulo de riquezas materiais e intelectuais, projeção pessoal e orgulho, quando buscados como finalidade de vida, desviam-no da finalidade última. Aliás, muita propaganda comercial e até instrucional têm levado a isso, provocando um verdadeiro consumismo insaciável. Uma vida mais comedida tem feito muitas pessoas a se perceberem instrumento de estímulo para ajuda ao semelhante na busca de valores mais perenes e condutores à altivez ética. Compreendem a preciosidade da existência para a promoção da vida e da dignidade humana, com a relatividade da caminhada terrestre e a colocação da finalidade última da vida no transcendente e na vida eterna. Mas não se furtam de valorizar a caminhada terrestre para uma convivência na justiça, na inclusão social dos mais frágeis e na luta pelo direito e o bem comum, além do cuidado com o planeta terra.

Compreendemos a vida humana na sua totalidade e perenidade. A fase terrena é como alicerce para a celeste. Esta depende de como vivenciamos o tempo presente. Muitos se afinam com o modelo de Cristo, que veio nos mostrar o caminho novo para a humanidade. O ser humano não basta a si mesmo, apesar de sua inteligência e sua ciência. É preciso pautar-se pela utilização de meios e modalidades aptos à sua relação com o Transcendente. Ensina-nos, de modo humano, como lidar com o semelhante. Aliás, a pedra de toque para a consecução do objetivo altamente feliz de sua caminhada terrena passa pela convivência na justiça e no amor em relação ao outro. Mais: o emprego do que é material, intelectual e sensível, é instrumento a ser empregado dentro de coordenadas éticas. A potencialização do humano com o amor divino faz o ser humano ser cada vez mais veloz na caminhada para a conquista salutar de seu objetivo último da vida.

Jesus fala do Reino de Deus e sua justiça, composto por quem dá de si pelo bem do outro. As bem aventuranças são o legado primoroso de seu ensinamento sobre a maneira de se colocar dentro desse Reino, que terá desfecho na felicidade imorredoura, no lugar definitivo dos seletos manjares. A prática do amor ao próximo dá o carimbo para a entrada nele. “Tive fome e me destes de comer…” . Não basta a tradução literal desse ensinamento. É preciso lutar pela superação das diversas fomes. A material é uma delas. Nesse ponto vale matar a fome com a promoção da política como real promoção da cidadania. A corrupção deve ser banida para haver essa possibilidade. A eleição de pessoas probas é fundamental para termos possibilidade de promover real justiça social. Ainda: A evangelização deve ser formadora de verdadeiros agentes de promoção da vida, com a consciência do seguimento da pessoa do Mestre e de seu ensinamento para todos. Com tudo isso, teremos a real possibilidade de ingresso naquele monte de eterna alegria, já degustada na terra como sua prévia!

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D. José Alberto Moura, CS
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros – MG

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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