Sejamos filhos obedientes!

bibliaorandohomem“Foi a obediência que vos abriu o céu na virtude do Sangue de Cristo” Santa Catarina de Sena.

A humanidade foi mergulhada no pecado e no sofrimento, na dor e na morte, por causa da desobediência de Adão e Eva; e foi salva porque Jesus cumpriu perfeitamente a vontade do Pai, obedecendo-o perfeitamente. Ele, como “novo Adão”, fez o caminho inverso de Adão. Ele disse aos Apóstolos: “Meu alimento é fazer a vontade de meu Pai que está nos céus” (Jo 4,34).

Para Jesus não havia outra razão para viver neste mundo a não ser “cumprir perfeitamente a vontade do Pai”, em perfeita obediência. Disse São Paulo: “Assim como pela desobediência de um só homem foram todos constituídos pecadores, assim pela obediência de um só todos se tornarão justos” (Rm 5,19). A carta aos hebreus diz: “Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve” (Hb 5,8).

Jesus foi ao ponto mais profundo que um homem possa sofrer e se aniquilar para destruir o nó da desobediência de Adão: “Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,6-8).

Em muitas ocasiões Jesus deixou claro aos discípulos a necessidade de cumprir a vontade de Deus, e isso deve ser para nós uma orientação determinante. O seu alimento era fazer a vontade de Deus (cf. Jo 4,4). Isso Lhe dava força, ânimo, coragem para enfrentar tudo que Ele sabia que ia acontecer com Ele até o Calvário. Já desde menino, no Templo, Ele mostra que o que lhe importa é “estar na Casa do Pai”, fazer a sua vontade, realizar o seu plano de salvar os homens. “O mundo, porém, deve saber que amo o Pai e procedo como o Pai me ordenou” (Jo 14,31).

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Santificados na vontade de Deus

E, quando ensina aos Apóstolos a Oração perfeita, manda pedir que a vontade do Pai seja cumprida perfeitamente: No Sermão da Montanha, onde Ele colocou a “Constituição do Reino de Deus” (Mt 5,6 e 7), deixou claro que se salvam aqueles que fazem a vontade de Deus:

“Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus!” (Mt 7,21).

E na cruz Jesus levou à plenitude o cumprimento da vontade do Pai, obediência perfeita à Sua vontade; e assim, salvou o mundo.

Aos romanos, o Apóstolo explicava que todo cristão é convidado a responder à ordem-programa do Pai pela “obediência da fé” (Rm 1,5). A determinação do Pai foi clara: “Este é o meu Filho bem-amado, escutai-O” (Lc 9,35; Mc 9,6; 2 Pd 1,17). O acatamento a tudo que Jesus falou abre a existência de seu discípulo para a liberdade verdadeira e dá acesso à vida filial. Trata-se da aceitação das doutrinas da crença cristã que são detalhadas pelo Magistério da Igreja, bem como a adesão a Deus pela fé. Interessante notar, quando lá no Tabor os apóstolos ouviram a voz do Pai, eles “caíram de bruços e tiveram grande medo” (Mt 17, 6). Isso é fato, em nossa miséria, também nos apresentamos “medrosos” diante de Deus e da verdade. Outras tantas vezes não conseguimos compreender ou aceitar a vontade de Deus para as nossas vidas. E justamente, neste ponto, o Magistério da Igreja, nos auxilia a não “errarmos o caminho”, sobretudo ao que se trata de nossa fé. Jesus quis que fosse assim. Não me esqueço desse forte ensinamento: “É preferível errar com a Igreja, do que errar sozinho”. Mas para estar em comunhão com Cristo e a Igreja, precisamos ser obedientes. Foi o que Ele nos ensinou.

Muitos ainda dizem ser obedientes a Deus e não veem a necessidade de obedecer a Igreja. Ora, isso não pode ser assim! É preciso entender que quem não concorda com o que a Igreja ensina, não conhece bem o que Jesus ensinou, fez e mandou que fizéssemos. Ele fundou a Igreja sobre São Pedro e os Apóstolos para ser sua “porta voz” na terra e extensão de Sua Presença entre nós, já que ela é o “Corpo de Cristo”. Jesus disse aos Apóstolos: “Quem vos ouve, a Mim ouve; quem vos rejeita, a Mim rejeita, e quem Me rejeita, rejeita Aquele que me enviou” (Lc 10,16). Quer dizer, quem não ouve a Igreja, não Me ouve! Quem não obedece a Igreja, não obedece Jesus.

Jesus ainda disse a eles: “Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino” (Lc 12, 32). E foi à Igreja que Jesus mandou: “Ide pelo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Como, então, não concordar com a palavra da Igreja? E mais: “A quem vocês perdoarem os pecados, os pecados estarão perdoados…” (Jo 20,22). O Pai mandou o Filho para salvar o mundo; e o Filho enviou a Igreja. Ela é o “Sacramento universal da Salvação” (LG, 4), a Arca de Noé que salva do dilúvio do pecado. Na Santa Ceia, na despedida dos Apóstolos, Jesus fez várias promessas à Igreja, ali formada por seus discípulos. Entre muitas coisas que São João narrou, em cinco capítulos do seu Evangelho (13 a 17), Jesus prometeu à Igreja:

“Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós”. “Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito” (Jo 14,15.25). Ora, como a Igreja poderia ensinar algo errado se o Espírito Santo permanece sempre com ela e lhe “ensina todas as coisas”?

Além disso, o próprio Jesus está na Igreja; pois Ele prometeu, antes de subir ao céu: “Eis que Eu estou convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28,20). Foi a última palavra Dele aos discípulos. Ora, como a Igreja poderia errar se Jesus está com ela todo tempo? É impossível! É por isso que São Paulo disse a São Timóteo: “A Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3,15). Então, a Igreja detém a verdade que Jesus disse que nos liberta.

É por causa de tudo isso que o nosso Credo tem 2000 anos, e nunca mudou e nem vai mudar; porque é a expressão da “verdade que salva” (cf. Cat. n.851). A mesma coisa os Sacramentos, os Mandamentos, a Liturgia. A Igreja já teve 266 Papas e nunca um deles cancelou um ensinamento doutrinário que um antecessor tenha ensinado. Já realizou 21 Concílios universais, e nunca um deles cancelou um ensinamento anterior. A verdade não muda, e está na Igreja. O Espírito Santo não se contradiz.

Logo, como não concordar com o que a Igreja ensina? Isso seria por causa da ignorância de tudo o que foi relatado acima; ou, então, seria um ato de orgulho espiritual da pessoa, que acha que sabe mais do que a Igreja, assistida por Jesus Cristo e pelo Espírito Santo. Longe de nós isso!

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O livro do Deuteronômio ensina que é possível viver e obedecer o que Deus manda, certamente contando com a Sua graça: “O mandamento que hoje te dou não está acima de tuas forças, nem fora de teu alcance. Ele não está nos céus, para que digas: quem subirá ao céu para no-lo buscar e no-lo fazer ouvir para que o observemos? Não está tampouco do outro lado do mar, para que digas: quem atravessará o mar para no-lo buscar e no-lo fazer ouvir para que o observemos? Mas essa palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração: e tu a podes cumprir.Olha que hoje ponho diante de ti a vida com o bem, e a morte com o mal” (Dt 30,11-16).

Podemos até não conseguir viver o que a Igreja ensina e manda viver – isso é compreensível por causa de nossa fraqueza – mas, jamais poderemos dizer que a Igreja está errada ou que eu não concordo com o que ela ensina. Ela não ensina o que quer, mas o que o Seu Senhor lhe confiou.

Peçamos ao Espírito Santo que nos assista em nossas necessidades e faça de nosso coração ainda mais manso, humilde e obediente para agradar a Deus.

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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