Saber partilhar

A palavra “partilha” tem uma dimensão de esperança, de realidade nova e de mundo novo. Ela desafia o sistema de acúmulo que causa tantas consequências que ameaçam a vida das pessoas. Onde acontece de verdade a partilha, não existe necessitados.

Apesar do espírito de partilha e de fraternidade de muitas pessoas, a estrutura da sociedade hodierna reflete sintoma de pessimismo, de fechamento e de concentração de bens. Com isto, a esperança de um mundo mais fraterno e humano é, também, de forma pessimista.

Mesmo assim, devemos sonhar com um “novo tempo”. Isto faz parte do contexto da fé, assentado nas promessas divinas de um mundo melhor, no saber partilhar os bens da criação. Tudo que existe do Criador foi destinado para dar qualidade de vida para todos.

As comunidades têm muitos sonhos. Eles alimentam a esperança e os projetos de futuro. Já nos povos antigos esta consciência estava muito evidente nas pessoas. É a expectativa e a confiança na luta pela conquista de uma vida melhor e de fraternidade.
Na realidade, muita gente vive condição de fome, de carência das condições mínimas para sobreviver e viver dignamente. Acontece que isto ameaça a vida. Por outro lado, temos muito desperdício e pouco zelo pelos bens da natureza.

Sabemos que onde há partilha, a multiplicação é certa e evidente. Aí acontece a salvação dos pobres e famintos, e ninguém passa necessidade. Deus não quer que as pessoas vivam na miséria. “Pobres sempre tereis” (Jo 12, 8), mas na igualdade social.
É atitude desumana o desejo incontrolável do ter para guardar e ostentar o poder da posse. A verdadeira felicidade está no ser da pessoa e na sua capacidade de relacionamento. Não no ter de forma desequilibrada, egoísta, no comer e no beber!

O milagre da multiplicação e da partilha é diferente da teologia da prosperidade econômica em nome de Deus. Só pode haver verdadeira prosperidade existindo real solidariedade para com os mais pobres. Isto só é capaz de acontecer numa sociedade organizada social e comunitariamente.

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Dom Paulo Mendes Peixoto
Bispo de São José do Rio Preto (SP)

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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