Quem deve interpretar a Bíblia?

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A importantíssima Constituição Dogmática do Concílio Vaticano II “Dei Verbum” (A Palavra de Deus), que explica como Deus se revelou a nós pela Bíblia e pela Tradição Apostólica (“Bíblia não escrita”), diz o seguinte:

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“O ofício de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou transmitida [Tradição] foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo… Fica, portanto, claro que segundo o sapientíssimo plano divino a Sagrada Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja estão de tal maneira entrelaçados e unidos que um perde sua consistência sem os outros e que, juntos, cada qual a seu modo, sob a ação do Espírito Santo, contribuem eficazmente para a salvação das almas” (n.10).

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A Infalibilidade da Igreja e do Papa

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Interpretar a Bíblia ao pé da letra? 

Como ler e entender a Bíblia?

Que é o Magistério da Igreja?

Portanto, para nós católicos, ninguém pode dar uma interpretação diferente do Sagrado Magistério da Igreja às palavras da Bíblia, sob pena de se enganar perigosamente. São Pedro nos diz algo muito importante; falando das Cartas de São Paulo, diz: “É o que ele faz em todas as suas cartas, nas quais fala nestes assuntos. Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras” (2Pedro 3,16).

Algumas vezes noto que alguns católicos interpretam a seu bel prazer a Escritura Sagrada em desacordo com o que ensina o Magistério da Igreja; isso até em pregações e programas católicos de rádio, tv e internet. Ora, se é perigoso, para nós próprios, ter um entendimento errado da Palavra de Deus, mais grave ainda é ensinar errado aos outros. Portanto, precisamos conhecer o que a Igreja ensina; e isso é fácil, basta estudar o Catecismo da Igreja, que nada mais é que a interpretação da doutrina revelada por Deus a Igreja.

O Catecismo nos lembra que o Magistério recebeu o “carisma da infalibilidade” em assuntos de doutrina, fazendo a Igreja participar “da mesma infalibilidade de Cristo”, veja:

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“Para manter a Igreja na pureza da fé transmitida pelos apóstolos, Cristo quis conferir à sua Igreja uma participação em sua própria infalibilidade, ele que é a Verdade” (§889).

“O ofício pastoral do Magistério está, assim, ordenado ao cuidado para que o Povo de Deus permaneça na verdade que liberta. Para executar este serviço, Cristo dotou os pastores do carisma de infalibilidade em matéria de fé e de costumes” (§891).

Especialmente em assuntos de moral (aborto, homossexualidade, inseminação artificial, eutanásia, etc.) é preciso cuidado para não se ensinar conceitos errados para o povo, que não estejam em sintonia com o que ensina o Magistério. Infelizmente sabemos que há pessoas ousadas que correm esse risco; é um desserviço que prestam à Igreja e ao Reino de Deus.

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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