Quaresma e Primavera no cristianismo

Lisboa, 21 Mar (Ecclesia) – O padre e poeta madeirense Tolentino Mendonça afirma que a relação entre o tempo da Quaresma, que a Igreja se encontra a celebrar, e a Primavera, que hoje se inicia deve levar a um “florescimento” pessoal.

“O Homem não está condenado ao peso da sua sombra ou a um crepúsculo de cinismo e desistência. A história, atravessada pelo dinamismo do Reino de Deus, não se reduz a um monte de implacáveis cinzas. Estamos, sim, prometidos à Primavera”, assinala, no editorial do semanário Agência ECCLESIA.

Num momento em que os cristãos de todo o mundo iniciam o seu caminho de preparação para a Páscoa, maior festa do seu calendário, esta edição procurou olhares e opiniões sobre a relação do cristianismo com a natureza, as propostas da sua espiritualidade e a pertinência deste tema na sociedade contemporânea.

A irmã Marta Silva assina um texto intitulado «Quaresma na Primavera», gracejando com “a magnífica oportunidade que as alergias” oferecem “para praticar a penitência” e deixando uma reflexão sobre a beleza da natureza e o mal da humanidade.

Para a religiosa, “a mais mínima flor do campo supera e cobre todos os horrores que se queiram enumerar”.

“Não digo que uma flor equivale a dez bombas nucleares. Digo que qualquer pequeno traço de beleza é infinitamente mais poderoso que qualquer monstruosidade”, assinala.

Já o biblista Lopes Morgado, religioso capuchinho, apresenta um «Roteiro de Primavera», convidando a “simplificar hábitos de vida” perante as actuais dificuldades económicas

“A vida não permite viajar para destinos exóticos, nem ter as férias sonhadas? Podemos passear no campo, num bosque ou na montanha; contemplar o céu com nuvens e aves, da janela; sentar-nos diante do mar imenso; cultivar plantas ou flores na varanda e admirar as nervuras e a coloração das folhas, a diversidade, ordem e unidade das pétalas e flores”, escreve.

O especialista em Sagrada Escritura sublinha que “a Terra e a Natureza estão no ADN (onde está contida toda a  informação genética, ndr) do homem bíblico”.

Em entrevista, o padre José Antunes da Silva, missionário do Verbo Divino, dá-se a conhecer como um apaixonado pelas peregrinações e profundo conhecedor do Caminho de Santiago de Compostela, no noroeste da Espanha.

“Através da peregrinação, das etapas que fazem, podemos encontrar Deus de alguma forma. Esse encontro faz-se ao longo do caminho, vai-se descobrindo porque não se dá num único momento, Deus vai-se revelando no próprio caminho, etapa a etapa”, afirma.

O religioso católico fala numa “terapia do silêncio”, para “ouvir muitas coisas”: “A nossa consciência, o nosso coração e especialmente os mais variados sons da natureza. E depois a voz de Deus”.

“Silêncio poderia ser a melhor palavra para definir a peregrinação, o atravessar os campos, as montanhas, os bosques”, conclui.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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