“Quando o homem se põe contra Deus, põe-se contra a sua própria verdade”, observou o Papa

Roma (Segunda-feira, 09-04-2012, Gaudium Press) Na Missa da Santa Ceia do Senhor, que inicia a celebração da Semana Santa, o Santo Padre apresentou o significado e o valor da oração de Jesus antes do sofrimento e da morte na cruz. Em recordação ao gesto de Jesus, em que lava os pés dos discípulos, o Papa Bento XVI, durante a Missa, lavou os pés de 12 sacerdotes da Diocese de Roma. A cerimônia aconteceu, seguindo a tradição, na Basílica de São João de Latrão.

“Faz parte da Quinta-feira Santa também a noite escura do Monte das Oliveiras, nela Se embrenhando Jesus com os seus discípulos; faz parte dela a solidão e o abandono vivido por Jesus, que, rezando, vai ao encontro da escuridão da morte; faz parte dela a traição de Judas e a prisão de Jesus, bem como a negação de Pedro; e ainda a acusação diante do Sinédrio e a entrega aos pagãos, a Pilatos”, iniciou sua homilia o Santo Padre.

Conforme o pontífice, esta oração de Jesus tem uma simbologia e significado particulares, pois acontece na noite que falta comunicação, uma situação em que não nos vemos um ao outro. “É um símbolo da não compreensão, do obscurecimento da verdade. Jesus entra na noite para a superar, inaugurando o novo dia de Deus na história da humanidade”, explicou o pontífice.

Para Bento XVI, momento da oração demonstra a dupla natureza do Senhor, a humana e a divina. “Pede aos discípulos, Pedro, Tiago e João, para que o acompanhem e para serem testemunhas do primeiro trecho de tal êxodo – a humilhação extrema -, mas que era o passo essencial da saída para a liberdade e a vida nova. Por outro lado, apresenta a sua relação com Deus e a sua íntima comunhão com o Pai que lhe permite chamá-lo com palavras afetuosas”, disse o Santo Padre.

“Sua confiança em nós é o ensinamento da bondade, do poder e da onipotência de Deus, mas também da atitude de total submissão. O elemento é conservado na liturgia romana da Sexta-feira Santa no momento em que nos ajoelhamos”, declarou.

Ainda sobre o episódio do Monte das Oliveiras, o pontífice destacou que nele se desenrola a angústia diante do poder da morte, sendo também no monte, onde Jesus “vê a maré torpe de toda a mentira e infâmia que vem ao seu encontro naquele cálice que deve beber”.

Por fim, o Santo Padre afirmou que “na luta da oração no Monte das Oliveiras, Jesus desfez a falsa contradição entre obediência e liberdade. “Pensamos que só poderemos ser livres e verdadeiramente nós mesmos, se seguirmos exclusivamente a nossa vontade, mas quando o homem se põe contra Deus, põe-se contra a sua própria verdade e, por conseguinte, não fica livre mas alienado de si mesmo. Só somos livres, se permanecermos na nossa verdade, se estivermos unidos a Deus”, concluiu a homilia o Papa.

Durante a Missa foi coletada a tradicional oferta, este ano para a assistência humanitária para os prófugos sírios. A coleta da oferta foi depois apresentada ao Santo Padre no momento dos presentes.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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